O que os Colunistas NINJA estão lendo, vendo e escutando? #1
A Mídia NINJA inicia uma nova sessão com dicas de livros, filmes, séries e discos pra você aproveitar no final de semana!
A Mídia NINJA inicia uma nova sessão com dicas de livros, filmes, séries e discos pra você aproveitar nas horas vagas! A cada semana, 4 de nossos colunistas indicam o que tem chamado sua atenção, e o porque. Confira!
Israel do Vale
1930 – O Silêncio dos Vencidos – De Edgar de Decca, com prefácio de Marilena Chauí
Desdobramento rebatizado da tese de doutorado do autor (“Dimensões Históricas do Insucesso Político”, defendida em 1979 na USP), este livro ressurge atual como nunca, no MMA da luta de classe que se vive hoje no país. O questionamento da historiografia oficial, numa reflexão sobre a capacidade da elite [não só a brasileira] de subtrair e/ou enxertar elementos na construção de narrativas capazes de sustentar as coisas como elas sempre foram. Ou, de outra maneira, o apagamento (ou, como prefere o autor, a “dissolução”) da memória histórica. Qualquer semelhança com certa realidade não terá sido mera coincidência…
Dríade Aguiar
Dear White People – Justin Siemen
Caras pessoas Brancas, vocês deveriam assistir Dear White People. E não é nem porque para nós, pessoas negras, o primeiro episódio em si já nos inundou de diversos sentimentos, entre todos eles, a identificação, ou porque o quinto nos deixa em lágrimas… Mas porque vocês simplesmente precisam de um repertório/imaginário maior sobre nós, mais de 50% da população brasileira. E pode ficar sossegado – com roteiro de Justin Siemen e estrelado por um elenco talentoso, DWP não é apenas sobre denunciar o racismo, ou seja, você não vai ficar todo doidinho o tempo todo. Mas quem sabe se sob a logo da netflix e uma narrativa mais, erm, “leve”, você aprende um pouco sobre colorismo, solidão da mulher negra, militância, relacionamentos interraciais e bem, como nós somos mais complexos do que “mimimi” ou um punho cerrado no ar.
Ricardo Targino
Terra em Transe – Glauber Rocha
Um marco do cinema político mundial está completando 50 anos mais atual do que nunca: Terra em Transe, a profética ópera cinematográfica dirigida pelo jovem Glauber Rocha aos 28 anos de idade. “A política e a poesia são demais para um só homem”, nos adverte o poeta e jornalista Paulo Martins, atormentado em meio ao pesadelo de um golpe: avesso revés que por aqui se repete 50 anos depois. Já em sua estréia, o impacto do filme no mundo foi profundo. O cineasta Martin Scorsese diz ter sido fortemente influenciado pela humanidade e a paixão poderosas do filme, chamado de “ópera-metralhadora” pelo crítico francês Jean-Louis Bory no Le Nouvel Observateur, Terra em Transe foi ainda premiado nos festivais de Cannes, Havana e Locarno. No Brasil de 2017, revisitar o clássico é indispensável para a compreensão do país de ontem, hoje e amanhã. O calvário poético e político vivido na tela continua abrigando ainda hoje as tensões e tremores do processo histórico: Vieira, Jango, Lula, Dilma, Diaz, Temer confundem-se e se reinventam no Eldorado imaginário de Glauber, onde realidade e sonho performam um particular confronto justamente para reinventar a nós próprios, na exaustão das paixões políticas e estéticas que nos estilhaçam e transformam. Um filme radicalmente necessário!
Camila Lanes
Humanos – Yann Arthus-Bertrand
Um documentário que vai te fazer refletir um pouco sobre a vida. Humanos, dirigido por Yann Arthus-Bertrand, traz 110 entrevistas de pessoas de todo o planeta que são abordadas com temas como amor, migração, dinheiro, sonhos, violência doméstica, machismo e tantos outros temas que passam por nosso dia a dia. Com um tom sensível e em algumas partes descontraído, Humanos é um documentário que vai te fazer sair um pouco da bolha e pensar além, muito além. Bom doc 🙂