“Nós, atrizes negras, podemos ser muitas, e vivenciar todos os papéis”, afirma a atriz Larissa Nunes
Na coluna de hoje, Larissa Nunes fala sobre o seu mais recente trabalho, “Spider”, série da Paramount+ sobre um dos maiores atletas do MMA de todos os tempos, Anderson Silva. A atriz também fala sobre sua carreira como cantora e como está sentindo o avanço da pauta racial atualmente no Brasil
Honrando nomes como o de Léa Garcia, Maria do Nascimento, Ruth de Souza e tantas outras atrizes negras que marcaram a história do teatro e da teledramaturgia brasileira, a nova geração de atrizes negras também vem deixando o seu recado. É o caso de Larissa Nunes, atriz que com apenas 27 anos e 13 de carreira, já vem se tornando referência para inúmeras meninas pretas que um dia também sonham em seguir a carreira artística.
Na coluna de hoje, ela fala sobre o seu mais recente trabalho, “Spider”, série da Paramount+ sobre um dos maiores atletas do MMA de todos os tempos, Anderson Silva. Na trama, Larissa dá vida à esposa do lutador, Dayane Silva. A atriz também fala sobre sua carreira como cantora e como está sentindo o avanço da pauta racial atualmente no Brasil.
Leiam com muita atenção, a nova geração de atrizes negras estão aí, também, para fazer história:
André Menezes – Larissa, para começarmos, como foi ser selecionada para fazer um papel tão importante como é o da Dayane Silva, esposa de um dos maiores ícones do MMA mundial?
Larissa Nunes – Foi um sonho. Foi minha segunda parceria com Caito Ortiz (ele me dirigiu em Coisa Mais Linda) e receber esse convite me gerou muita alegria e responsabilidade. Eu descobri que Dayane pode ser muitas mulheres, que sempre se dedicaram à família e a incentivar o sonho de quem elas amam. Daí minha contribuição como atriz foi tentar achar: e o sonho dela, como é essa mulher? Fazer uma biografia não é fácil, mas foi uma história linda de fazer, com um elenco especial. A preparação de elenco foi divertida, como encontrar a família. Me apeguei ao boxe, fiz musculação, fui amadurecendo.
André Menezes – Como atriz, quais papéis ainda gostaria de fazer?
Larissa Nunes – Todos os papéis que excluíram garotas pretas de fazerem. Até descobrirem que eu sou uma mulher e que todas as personagens femininas me encantam, e que nós podemos fazer muitas, meu trabalho tá sendo lapidado com muito amor e força de vontade.
André Menezes – Como você consegue se dividir entre a carreira de cantora e atriz?
Larissa Nunes – Tem ficado mais natural para mim ser atriz e cantora. Ainda acho que, de modo geral, a galera tem mais dificuldade de associar um ator que é cantor e vice-versa. Aqui no Brasil tem essa coisa de “escolher”, e talvez para mim isso seja mais simples. Hoje eu sou uma atriz que canta e compõe. E que também é dramaturga. Um dia, ser um multiartista não vai nos trazer estranhamento, e sim mais diversidade de público – assim espero!
André Menezes – Você acha que a pauta racial avançou no Brasil?
Larissa Nunes – A pauta racial no Brasil é complexa. Ela estagna à medida que avança e vice-versa. Acho que avançamos em muitos lugares, a nossa discussão sobre o que é ser um preto brasileiro está ganhando mais dimensão. A gente tem representatividade na TV, mas um vendedor de balas ainda é confundido com bandido. O que mais me interessa responder é: o Brasil avançou respeitando nossas existências?
André Menezes – Quais projetos você tem mais orgulho de ter feito?
Larissa Nunes – Considero muito que meu corre já vem de alguns anos, mas ainda tem muito a percorrer. Cada projeto que entro, sinto a responsabilidade dele. Mas acho que todos os projetos que enxergam protagonismo no meu trabalho, me enchem de orgulho!
André Menezes – Qual legado você quer deixar?
Larissa Nunes – Uma pergunta que quero responder ao longo da minha caminhada. Mas com certeza tem a ver com inspirar pessoas pretas a serem elas mesmas, sempre.