#Conheça: Monica Benício – a luta pela democratização dos espaços no Rio
Do Complexo da Maré, Mônica Benício cresceu imersa num contexto de violência rotineira, que só foi entender na chegada ao Ensino Superior. Arquiteta com pesquisa em Direito à Cidade, militante de Direitos Humanos, lésbica e feminista, ela agora coloca seu nome à disposição do Rio de Janeiro como candidata a vereadora. Seguindo a trilha de Marielle Franco, com […]
Do Complexo da Maré, Mônica Benício cresceu imersa num contexto de violência rotineira, que só foi entender na chegada ao Ensino Superior. Arquiteta com pesquisa em Direito à Cidade, militante de Direitos Humanos, lésbica e feminista, ela agora coloca seu nome à disposição do Rio de Janeiro como candidata a vereadora. Seguindo a trilha de Marielle Franco, com quem esteve ao lado em todas as lutas, Mônica atende à urgência dos debates que pautam os direitos das mulheres e a melhoria das condições de vida nas favelas e comunidades.
Foi ao ingressar no pré-vestibular comunitário do Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (Ceasm) que modificou sua visão em relação à política, o que até então era algo distante e inacessível. Com o senso crítico aguçado e uma perspectiva social a partir dos territórios marginalizados, ingressa na PUC-Rio da Gávea. O impacto inicial entre as realidades econômicas despertou em Mônica o desejo de disputar a cidade e quebrar as restrições de qualidade de vida impostas aos 99% da população.
“Eu cresci numa comunidade onde a gente tava brincando no meio da rua e de repente tinha que se jogar no chão porque tava rolando tiro. Onde as vezes não conseguia chegar em casa, quase enfartava minha mãe, a gente entrava na casa de alguém ou na padaria pra esperar o tiroteio acabar. A minha vida inteira eu banalizei a violência. Eu achava que o que tinha dentro da favela era o normal e aí quando eu chego dentro da PUC que eu percebo que não.”
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Conhecer ambientes frequentados pelas elites e a classe média despertou em Mônica não uma raiva, mas a indignação de querer aquelas condições para todo mundo. A luta é para que o que é oferecido a uma pequena parcela privilegiada da sociedade vire política pública permanente. Disputando espaços na política institucional para renovar o atual cenário machista, branco, racista, hétero e fundamentalista que vivem por brigar pela manutenção de seus privilégios e da estrutura excludente que construíram.
“Existem muitas formas de fazer política, a institucional é uma delas e não era minha pretensão, a minha forma de fazer política era na academia. Depois da execução da Marielle, meu ativismo ganha um outro momento. E à medida que eu vou fazendo a luta de justiça por Marielle, fui também entendendo novos desafios e assumindo novas responsabilidades.”
O crime político que levou a vida de Marielle Franco foi como um recado, de que o corpo e as lutas que a vereadora fazia e travava no Rio não eram bem vindos no espaço da política institucional. A prisão de Lula e sua retirada do processo eleitoral endossa as investidas da direita fascista no Brasil, que culminaram no pior resultado possível das eleições de 2018. O susto final foi o exílio do então deputado Jean Willys ameaçado de morte por bolsonaristas.
“Essa política bolsonarista do ódio representa todo o retrocesso que durante anos os movimentos sociais vieram trabalhando pra ter garantia de direito. Hoje o que a gente vê é um avanço do conservadorismo, é preciso fazer um enfrentamento a essa política.”
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Para Mônica política se faz em todos os espaços, sendo o espaço institucional um lugar de foco na disputa e antes de mais nada na ocupação por corpos marginalizados. Estar em lugares de tomada de decisão, fazendo política para a maior parte da população brasileira que é composta por mulheres, o povo preto e a comunidade LGBTQIAP+ é urgente.