Texto da TransPoeta Yemanjá Velulma para a coluna do Movimento Artístico Poético Nacional TransPoetas

Como entramos no mês da consciência negra e da memória transgênera (TDoR), ambas as datas marcadas pelo dia 20 de novembro, e como ocupo esses dois lugares de fala, acho pertinente falar um pouco sobre como eu me sinto.

O primeiro de tudo é pensar que nossa formação de beleza e elogios feita pra nós mesmes é muito mais difícil, já que desde a infância somos bombardeados por ações que, ou fazem com que mudemos nossa aparência para sermos o menos negre possível, ou nos fazem crer que nunca seremos bonites ou bons o suficiente para recebermos afetos e bons comentários, o que nos faz crescer com uma possível série de problemas de autoestima, coisas com que pessoas brancas cisgêneras não foram afetadas em sua infância e adolescência. Contudo, buscamos força em nossos diversos coletivos, o que nos fortalece para encararmos as inúmeras e imprevisíveis provas que nos aparecem durante o dia a dia.

Por mais que seja um pensamento bem comum entre pessoas não-negras, nossa vivência não é só sobre racismo e transfobia, nós falamos de amor, desejos e sonhos, temos passado, presente e futuro, e cada dia que passa, nós ocupamos ainda mais os lugares que foram tão negados a nós, faculdades, escolas, palcos, tribunais, hospitais, todos esses e mais os outros estarão cada vez mais cheio dos nossos em suas maiores e melhores posições, pois quanto mais alto gritamos, mais alto nos ouvimos e respondemos.