Matar um leão por dia e eleger Lula Presidente
Há quarenta dias Lula foi tirado do estado de liberdade. Há dois anos o golpe contra Dilma dava seu passo definitivo. A nenhum de nós é dado o direito ao descanso.
Eis o grande desafio que vivemos: manter viva a chama de nossa indignação. Duas datas emblemáticas, ocorridas durante a semana passada, inspiram essa advertência.
Há quarenta dias Lula foi tirado do estado de liberdade. Há dois anos o golpe contra Dilma dava seu passo definitivo.
A nenhum de nós é dado o direito ao descanso. Não é tempo de um realismo supersticioso, que acredita que as coisas estão como estão, e nada resta a fazer senão trabalhar dentro do que “dá pra fazer”.
Vivemos, na verdade, dias de escolhas ousadas: eis o que separa meninos (e meninas) de lobos.
Mais uma vez, o guerreiro José Dirceu vem em nosso socorro. Às vésperas de mais uma vez se apresentar à Justiça, ele demonstra mais uma vez a força de seu espírito e a consciência dos verdadeiros dirigentes. Sua atitude não é a de quem se entrega à derrota, mas sim de quem faz de “um passo atrás” trincheira para dar “dois passos a frente”.
Outros acontecimentos de semana passada demonstram o quanto o jogo ainda está sendo jogado, que somos muito fortes e que nossa ação é mais do que nunca urgente.
Mesmo na mídia mais conservadora, houve uma profusão de notícias que confirmaram o desastre que é o governo Temer, em seus dois anos de tosquice. Novo aumento do índice de desemprego, confirmação de que o Brasil se torna cada vez mais o país de jovens sem emprego, novo aumento do preço dos combustíveis, revisão para baixo da expectativa de crescimento da economia, confirmação de que o país não vai conseguir cumprir as metas de extinção do analfabetismo.
Todo mundo percebe que a coligação golpista levou o país para o buraco. E todo mundo sabe como tirá-lo dali.
É o que prova a pesquisa CNT/MDA, divulgada quarta passada. Temer amarga os piores índices possíveis. As alternativas golpistas para a eleição para a Presidência são fracasso retumbante.
Apenas Lula segue firme como esperança de dias melhores.
Tamanha é sua força que se fez necessário feri-lo outras vezes. Entre quinta e sexta, uma juíza decide isoladamente que Lula não teria mais direito à estrutura (mínima) de que todos os ex-presidentes dispõem; sua principal porta-voz, a presidenta do PT Gleisi Hoffman, é covardemente atacada por uma reportagem de seis minutos no Jornal Nacional; ao cabo, José Dirceu recebe ordem para apresentar-se à Justiça novamente.
Tudo isso no intervalo de 24 horas.
Tem razão aquele que diz que o golpe não foi dado para que a elite pudesse passar um final de semana tranquilo no lago Paranoá. As engrenagens dos regimes de exceção seguem operando sem descanso no Brasil.
Nossa fortaleza, contudo, é a serenidade de saber que estamos do lado certo da História, circunstância que nos permite reverter qualquer adversidade. Algo que ficou claro no emocionante relato feito pelo monge beneditino Marcelo Barros, que visitou Lula segunda passada.
Disse ele: “Quando o policial que me foi buscar me levou para fora e a porta se fechou atrás de mim, me deu a sensação profunda de algo diferente. Senti como se eu tivesse saído de um espaço de liberdade e tivesse entrando na cela engradeada do mundo que queremos transformar”.
É isso. A liberdade está com Lula, nós é que seguimos privados de justiça, de igualdade, de democracia.
Em sua liberdade, Lula antevê o que o Brasil precisa: ousadia – como a que exigiu de Haddad, na elaboração do plano de governo cuja elaboração este coordena para a candidatura lulista à Presidência.
Ousadia essa que passa inclusive por desafiar aqueles que não acreditam na candidatura de Lula.
Ousadia que passa por enfrentar o mercado e seus tentáculos golpistas para revogar todas as maldades de Temer, mediante um plebiscito popular.
Ousadia que passa por enfrentar os fantasmas de nosso passado: democratizar as comunicações, reequilibrar a correlação de forças entre os três poderes da República, reformar o sistema político.
Um mês atrás, José Dirceu bem pontuava esse último aspecto. Sem esquecer o muito que fizemos nos governos Lula e Dilma, admitiu outros erros que cometemos, em particular quanto ao financiamento eleitoral – situação que só seria contornada com o financiamento popular.
Depois de intermináveis batalhas, a mais recente reforma eleitoral finalmente contemplou esse aspecto. Candidatos somente poderão receber recursos de seus apoiadores, e não mais de empresas, esse detalhe decidido pelo STF.
Que possamos aproveitar essa brecha para construir candidaturas fortes, mas fortes por sustentarem-se no apoio popular, em vez de se apoiarem em interesses outros.
De minha parte, gostaria de contar com o suporte de todos e todas aquelas que concordarem com nossa luta pela democracia, por igualdade e por respeito. Assim como outros companheiros e companheiras, também inaugurei ferramenta de financiamento coletivo (uma “vaquinha” virtual) para dar suporte a minha tentativa de renovar o mandato que exerço.
Nesse sentido, convido todos os leitores e leitoras a visitar o endereço da campanha – www.doacaolegal.com.br/pt/margarida – conhecer nossas propostas e colaborar com o que for possível.
Nosso compromisso segue o mesmo, apenas engrandecido pelo apoio de muitos e muitas que, tenho certeza, sustentarão a chama de nossa indignação acesa – assim como o sonho de dias melhores.
Lula livre!