#LiveOlímpica promove debate sobre diversidade, racismo e machismo no esporte
Debate reuniu a primeira mulher brasileira e skatista brasileira campeã mundial, Erika Coimbra, ex-atleta de vôlei e medalhista olímpica e Marcos Luca Valentim, jornalista esportivo. A mediação foi feita por Dani Nunes, colaboradora da NINJA Esportes e atleta do vôlei.
Por Douglas Schütz para cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube
Apesar das competições já terem iniciado, a abertura oficial dos Jogos Olímpicos de Tóquio está marcada para a próxima sexta-feira, às 8h, horário de Brasília. Para entrar no clima e trazer pautas relevantes para o meio do esporte, a #LiveOlímpica convidou três figuras importantes do cenário para uma conversa. Karen Jonz, a primeira mulher brasileira e skatista brasileira campeã mundial de Skate Vertical, Erika Coimbra, ex-atleta de vôlei e medalhista olímpica e Marcos Luca Valentim, jornalista esportivo e idealizador do Ubuntu Esporte Clube, debateram sobre as dificuldades do esporte e a importância de utilizar os espaços para promover a diversidade. A mediação foi feita por Dani Nunes, mulher trans, colaboradora da NINJA Esportes e atleta do vôlei.
Durante uma hora de conversa, os espectadores ouviram as histórias dos entrevistados e entenderam a importância de atletas que se posicionam e utilizam suas vozes para somar. Érika, que também é influenciadora, contou como sofreu por ser portadora da síndrome de Morris. “Eu tive minha história exposta na mídia, sem nenhum conhecimento. Ficava com vergonha de ir nos lugares, tinha vontade de sofrer sozinha. Só resolvi abrir a minha boca para ajudar outra menina a decidir sobre o próprio corpo. Afinal, meu corpo, minhas decisões”, enfatizou a medalhista olímpica.
Karen, uma pioneira no skate feminino, contou um pouco sobre a representatividade na modalidade. “Sempre precisamos ir atrás de campeonatos e de tentar igualar as premiações. Sou muito grata por quem passou ali, toda a construção foi importante para chegarmos hoje com meninas desse nível competindo. No final, as Olimpíadas precisam mais do skate do que o skate das Olimpíadas, para esse processo de renovação”, afirmou.
Grande ativista da causa negra, Marcos falou sobre o caso de Ângelo Assumpção, ginasta brasileiro vítima de racismo em 2015. “O ato aconteceu há seis anos e ainda hoje ele está desempregado, sem ter um time para treinar. As pessoas acham que racismo é só xingar de macaco ou jogar banana. Mas isso também é racismo, essa falta de oportunidade”, pontuou. O jornalista lembra que o ginasta está no Brasil sem perspectivas de voltar ao tablado.
Instigados por Dani Nunes, os convidados falaram sobre a importância dos atletas usarem suas vozes como forma de mudar o cenário do esporte. Karen contou que sempre tenta transmitir a mensagem de que todas as meninas podem andar de skate “Não havia muitas quando eu comecei, mas só de eu estar ali andando, já acabava inspirando outras. A gente, como esportista, tem como objetivo lutar por um ambiente onde um depende do outro”, disse. Ela também concluiu dizendo que cada vez mais, usa sua voz para transformar o cenário ao seu redor. “Ser uma inspiração vai mais do que só estar ali praticando e fazendo o que você já gosta. O esporte chega onde os investimentos não chegam”, enfatizou.
Érika desejou muitas medalhas para o Brasil e superação para todos que sofrem algum tipo de violência, seja ela racial, psicológica, de gênero, estética ou física. “Eu passei pela dor, duvidando de mim, sem estrutura emocional. Depois, eu transformei isso em força e poder. Competindo em Sydney, fui medalhista e eleita uma das melhores jogadoras. Eu aprendi a fazer isso, ver o bem. Então, sempre que você ver o colega com algo diferente de você, estenda a sua mão”, finalizou.
Marcos pediu por mais investimentos e que as pessoas entendam a importância dos esportes. Para ele, o esporte chega onde o Estado não está. “Nos faltam políticas de incentivo. O esporte pode sim ser uma profissão, um meio de sobrevivência e fazer com que pessoas se tornem ídolos e referências. A prática esportiva tem que ser vista não apenas como uma fornecedora de medalhas, mas como uma potente ferramenta de diálogo”, pontuou.
Ao encerrar a transmissão, Dani Nunes agradeceu ao time que faz parte da Cobertura Coletiva dos Jogos Olímpicos, por meio do NINJA Esporte Clube, e aos convidados. “Somos um time dos sonhos, quase 200 pessoas voluntárias cobrindo as Olimpíadas. Obrigado a cada um que faz parte dessa equipe. Também quero agradecer os nossos convidados, a gente anda sofrendo tanto com tanta coisa ruim, que queremos mais pessoas assim, que nos tragam um raio de esperança”, disse ao final da live.
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