Lindbergh Farias: Show de Boulos, um verdadeiro 7 a 1
Foi muito positivo ver que a esquerda tem muita unidade não só na denúncia do golpe, mas também no diagnóstico dos problemas vividos pelo povo brasileiro.
Guilherme Boulos fez barba, cabelo e bigode no Roda Viva. Durante todo o programa, centrou fogo no que é a questão mais importante para a esquerda: o abismo da desigualdade social. Defendeu uma reforma da previdência “por cima”: cobrança das dívidas das grandes empresas, combate aos privilégios… além disso, atacou uma questão que é muito importante pra mim e foi uma prioridade da minha atuação no Senado: a reforma tributária para garantir que os milionários paguem impostos no Brasil.
Apresentei a PEC 116/2011 para corrigir uma aberração citada por ele: hoje, jatinhos, iates, helicópteros e lanchas são ISENTOS de impostos. É um descalabro: um trabalhador que compra, com muito sacrifício, um carro popular usado, terá que pagar IPVA. Já o empresário que tem um jatinho não paga coisa alguma!
Boulos enfatizou também outra questão que eu tratei no Senado: a tributação de lucros e dividendos, que é o tema do PLS 588/2015. O exemplo utilizado por ele é excelente para ilustrar a questão: a alíquota mínima do Imposto de Renda é de 7,5% (quem ganha três salários mínimos, por exemplo, está nesta faixa). Joesley Batista, da JBS, recebeu, em um único ano, cem milhões de reais em lucros e dividendos, e pagou apenas 0,5% de imposto! Tributar lucros e dividendos pode gerar uma arrecadação superior à 100 bilhões de reais ao ano, o que fortalece a capacidade de investimento do Estado para gerar oportunidades e combater as desigualdades!
Por fim, Boulos defendeu a PEC 51 ao abordar o tema da segurança pública. A PEC 51/2013, que também apresentei, é um projeto global de reforma, mudando a arquitetura institucional da segurança pública, garantindo a carreira única nas polícias e o ciclo completo do trabalho policial: a ação preventiva, ostensiva e investigativa, além de estabelecer a desmilitarização (o fim do vínculo orgânico com o Exército e do espelhamento organizacional).
A entrevista, repito, foi um show. E foi muito positivo ver que a esquerda tem muita unidade não só na denúncia do golpe, mas também no diagnóstico dos problemas mais dramáticos vividos pelo povo brasileiro. Parabéns, Boulos!