Lideramos a luta para derrotar o racismo que nos mata
O carnaval exaltou a cultura afro-brasileira e abriu os 21 dias de ativismo contra o racismo, reforçando lutas históricas.
Acabou o Carnaval, no qual vimos escolas de samba desfilarem seus enredos que valorizam as expressões afro-brasileiras, seja no viés cultural, social ou religioso, trazendo para o conhecimento geral personagens fundamentais da história do Brasil, que desde sempre hastearam a bandeira do combate ao racismo, como Malunguinho e Xica Manicongo, a primeira travesti historiografada do Brasil. São ritos e gritos necessário em um país racista, que assassina cruelmente pessoas da comunidade LGBTQIPN+ e corpos negros. E, assim impactadas pelos desfiles e atropeladas pela realidade, entramos nos 21 dias de ativismo contra o racismo, iniciados no dia 7 de março.
Logo após começarmos os 21 dias, passamos pelo Dia Internacional de Lutas das Mulheres, o 8M, onde marchamos por dignidade, autonomia e autodeterminação. No Rio de Janeiro, o lilás coloriu a Avenida Rio Branco e extravasou a indignação pelas violações dos nossos corpos e contra o número cada vez mais gritante de feminicídios, que assombra a todas nós, mulheres. Foram mais de 20 milhões de mulheres alvo da violência perpetrada pelo simples fato de serem mulheres em 2024. É inaceitável!
Seguimos em marcha dioturnamente por nós e pelos nossos, o que torna o combate ao racismo, que traz em sua face mais cruel a violência infringida aos corpos negros, uma tarefa cotidiana e as mulheres são protagonistas em mais essa luta. Somos nós que a despeito de toda sobrecarga e dor colocamos nossos corpos e vozes à frente dessa batalha interminável, a exemplo de Luciene Lacerda, Marielle Franco, Lúcia Xavier, Jurema Werneck, Benedita da Silva, Dalva do Borel e tantas outras.
O Brasil é marcado pelo racismo, tendo início com a escravização de pessoas sequestrada em África, e essa crueldade é exercida contra os meninos e homens por meio do racismo estrutural entranhado nas forças policiais, nas mulheres e meninas negras vem como violência sexual, o feminicídio, as chacotas sobre as formas do corpo, dos cabelos, a maneira de vestir e as doenças impostas pelas violências do Estado.
Os dados não mentem e mostram que, segundo o Instituto de Segurança Pública, enquanto houve redução 2,8% de feminicídio contra mulheres brancas, entre as negras cresceu 0,5% no mesmo período. Os números gerais mostram que 63,6% das vítimas de feminicídio, 68,6% das demais mortes intencionais de mulheres e 52,5% das vítimas de estupro e estupro de vulnerável e 69% das assassinadas com arma de fogo, em 2023, eram mulheres pretas ou pardas.
Violência política de gênero, de Estado, feminicídios e racismo estão diretamente ligados e para combatê-los, para além das ações de Estado, como Feminicídio Zero, do Ministério das Mulheres, que propõe campanhas de combates diárias, é fundamental a adesão de toda a sociedade. Sigamos em marcha por nossas vidas!