Fizemos história em Uberlândia e viemos pra ficar!
A nossa votação, 86.755 votos (24,56% dos votos válidos) me honrou a posição da candidata a Prefeita mais votada da história da cidade, que nunca teve, em mais de 130 anos de história, uma Prefeita mulher
Nestas eleições municipais, a tradicional unidade da burguesia de Uberlândia, que historicamente domina o cenário político local, sofreu uma divisão clara entre duas candidaturas: Paulo Sérgio (PP) e Leonídio Bouças (PSDB), ambos expressando os interesses da burguesia urbana, do setor comercial e do agronegócio exportador. Essa cisão não deve ser vista como um fenômeno isolado, mas sim como reflexo das profundas mudanças no capitalismo global e nas dinâmicas de acumulação de capital. A crise econômica pós-pandemia, o esgotamento das políticas neoliberais e a crescente insatisfação dos trabalhadores/as com a concentração de renda nas mãos das elites econômicas contribuíram para uma fragmentação interna deste bloco. Essa divisão dentro da classe dominante criou um cenário favorável para que a nossa candidatura conseguisse ganhar força.
Foi nesse contexto de polarização entre duas frações da burguesia que a candidatura de uma mulher jovem e negra, que disputou pela primeira vez uma eleição majoritária, se consolidou como uma força política alternativa. Nossa campanha representou não apenas o PT, mas um projeto político de contestação ao modelo neoliberal vigente. A partir de uma plataforma focada na justiça social, redistribuição de renda e inclusão das classes populares, especialmente as minorias racializadas e de gênero, conseguimos galvanizar apoio entre os setores mais precarizados da sociedade uberlandense, como os trabalhadores da periferia, mulheres e jovens progressistas.
Se as candidaturas de Paulo Sérgio e Leonídio Bouças representavam, cada uma à sua maneira, diferentes expressões do capital — com seus interesses por vezes conflitantes, mas sempre enraizados na lógica de acumulação e exploração — nós nos apresentamos como a verdadeira alternativa, uma candidatura de confrontação direta com essas frações. A nossa votação, 86.755 votos (24,56% dos votos válidos) me honrou a posição da candidata a Prefeita mais votada da história da cidade, que nunca teve, em mais de 130 anos de história, uma Prefeita mulher. Isso expressa o avanço da representatividade feminina e a força de um projeto que propôs um novo ciclo de desenvolvimento para a cidade com democracia participativa e popular.
Fui a vereadora mais votada da cidade, em 2020, conquistei 35 mil votos na cidade de Uberlândia quando me elegi deputada federal por Minas Gerais, em 2022, e agora, na disputa pela Prefeitura, fui honrada com uma votação expressiva, com mais do que o dobro de votos da última eleição. Diante do avanço do centro e extrema direita e de uma eleição marcada por forte disseminação de fake news e com nível recorde de abstenção (mais de 140 mil uberlandenses não foram às urnas), posso afirmar que o nosso crescimento eleitoral reafirmou a força do nosso projeto de cidade. A ampliação da nossa base eleitoral na cidade em apenas quatro anos reflete mais do que apenas uma mudança quantitativa, simboliza também uma rearticulação de forças sociais até então desorganizadas ou marginalizadas do campo político de esquerda em Uberlândia.
Nosso avanço pode ser explicado, em parte, pelo fato do nosso projeto conectar múltiplas pautas – justiça racial, direitos das mulheres, defesa da educação pública, e demandas periféricas – a um contexto político historicamente dominado pelo agronegócio e pelas elites empresariais urbanas. Uberlândia, centro econômico do Triângulo Mineiro, e segunda maior cidade do estado de Minas Gerais, é um polo estratégico do agronegócio e do comércio, que reproduz intensas desigualdades sociais que refletem as tensões entre essas elites e os trabalhadores/as. A cidade combina uma classe empresarial rural consolidada, ligada à exportação de commodities, com uma elite urbana comercial e industrial, tornando-a um microcosmo das contradições sociais do Brasil contemporâneo.
A divisão da burguesia local nestas eleições ampliou o espaço para o crescimento da nossa candidatura como uma “segunda via progressista”, capturando o descontentamento das camadas populares diante de um modelo de desenvolvimento concentrador de renda e contra os privilégios econômicos. Tenho muito orgulho de ter cumprido essa tarefa histórica com a minha candidatura à Prefeita e ajudado a dobrar a bancada de vereadores em Uberlândia. Nosso crescimento eleitoral revela que há espaço para novas lideranças que não apenas questionam as estruturas de poder locais, mas que também propõem alternativas de desenvolvimento mais inclusivas e sustentáveis.
Voltarei ao trabalho como deputada federal, fortalecendo a nossa atuação em defesa dos direitos sociais e econômicos e sendo uma forte voz progressista do nosso povo uberlandense e mineiro. Minas Gerais é um estado estratégico para o Partido dos Trabalhadores e é também um dos estados onde o partido precisa reconstruir suas bases. Como disse a Presidente Gleisi Hoffmann, nosso partido está em reconstrução. Precisamos ampliar as conexões do partido com movimentos sociais, sindicatos e a juventude, construindo um projeto que vá além do calendário eleitoral e se enraíze nas lutas cotidianas da cidade.