Por Coletivo Preta Velha

Uma tragédia da magnitude como a que enfrentamos desde o início deste mês é amplificada quando compreendemos a incidência da insegurança alimentar dentro das nossas comunidades. Vimos a comida “sumir” das prateleiras de grandes redes de supermercados e ao mesmo tempo vimos profissionais autônomos e autônomas sem poder trabalhar e gerar renda, o que, por consequência, faz também que a comida suma da mesa do povo, e isso sem falar nas mesas que já estavam vazias… 

Desde os primeiros dias da enchente, mobilizamos uma rede de solidariedade no Coletivo Preta Velha para tentar minimamente sanar as necessidades vindas das comunidades afetadas. Começamos com pedidos de lonas, roupas, colchões e estamos há 23 dias atuando no recebimento de donativos, separação e triagem do que é enviado, e também efetuando as entregas nos locais que solicitam ajuda.

Entrega de alimentos no Coletivo Preta Velha. Foto: Júlia D’avila

Ao longo dos dias, as necessidades foram mudando e, em menos de duas semanas, as doações de alimentos não perecíveis começaram a encabeçar nossas demandas porque a fome, que já era a realidade de muitas e muitos, agora aumentou o número de famílias atingidas. Atuar em um dos territórios mais marcados pela desigualdade, como a Vila Cruzeiro, colocou diante de nós o desafio de atender não apenas atingidos e atingidos diretamente pelas chuvas, mas também nos reorganizarmos para atender à demanda de quem nos cerca e convive com a fome dia a dia antes das fortes chuvas chegarem ao RS.

Em apenas dois dias e com ajuda da nossa rede solidária, doamos mais de 600 cestas básicas para dentro e fora da Grande Cruzeiro, priorizando famílias chefiadas por mulheres e famílias que têm abrigado pessoas atingidas pela enchente porque entendemos a gravidade da mesa vazia. Mas também sabemos que o povo não sobreviverá se depender apenas da solidariedade! Precisamos de políticas públicas efetivas que cheguem de fato na ponta e deem conta desse que é o direito humano de se alimentar com dignidade. O Preta Velha, em seu cotidiano, pauta a segurança alimentar como um pilar de suas ações porque o abismo da desigualdade assola nossa comunidade historicamente, e temos visto essa realidade se alastrar dia após dia nos últimos tempos.

Coletivo Preta Velha, em Porto Alegre, mobiliza rede de solidariedade em favor das pessoas em vulnerabilidade social. Foto: Júlia D’avila

É urgente que o poder público dê uma resposta à altura das ONG’s, coletivos e instituições que agora têm absorvido as demandas que são obrigação objetiva do Estado e que, assim que a solidariedade chegar ao seu “teto”, precisará se responsabilizar. Precisamos de uma estrutura que proporcione uma vida digna para as pessoas mesmo em meio à maior tragédia anunciada dos últimos anos no Brasil!

SERVIÇO

O Coletivo Preta Velha segue recebendo e entregando doações, e contamos com a tua ajuda para seguir trabalhando nessa rede solidária!

Precisamos de:

  • Alimentos não perecíveis 
  • Produtos de limpeza 
  • Produtos de higiene 
  • Baldes, pás e rodos
  • Cobertores
  • Lonas
  • Fraldas

Doe também através do PIX: 47083953000124 (CNPJ Instituto Preta Velha)