DNA é uma das ferramentas que permitem nos conectar ao nosso passado
Você sabe o que é um teste de ancestralidade ou já teve curiosidade em saber quais são suas origens?
[et_pb_section admin_label=”section”]
[et_pb_row admin_label=”row”]
[et_pb_column type=”4_4″][et_pb_text admin_label=”Text”]
Você sabe o que é um teste de ancestralidade ou já teve curiosidade em saber quais são suas origens?
É fascinante o que o nosso material genético pode nos ajudar a desvendar.
Como ex-estudante de biologia, sou suspeita para falar, mas impossível não se encantar com o mundo da genética.
Além de ajudar a mapear doenças que temos pré disposição para desenvolver, vitaminas essenciais para o nosso metabolismo, podemos descobrir um pouco mais sobre nossa ancestralidade.
O teste de mapeamento genético está se tornando cada vez mais acessível, já é encontrado por pouco menos de R$ 200,00.
Podemos encontrar parentes próximos ou distantes, que compartilham segmentos de DNA herdados de um antepassado comum em alguns portais citados no final dessa matéria.
Passado apagado
O DNA, para muitos, pode ser uma das ferramentas para tentar resgatar informações que foram roubadas.
O que aprendemos na escola sobre a história do Brasil não condiz com realidade, é uma visão eurocêntrica que acaba refletindo culturalmente.
Pouco se fala, por exemplo, dos povos originários que foram exterminados e faltam dados precisos sobre a origem do enorme número de africanos escravizados.
No dia 13 de maio de 1891, ocorreu a queima dos arquivos da escravidão no Brasil por ordem do então ministro da Fazenda Rui Barbosa.
Isso explica porque não há quase nenhum documento sobre escravizados famosos da época como Zumbi dos Palmares.
“Houve apagamento, uma borracha nessa história, e agora a gente consegue escrever, entender, o que estava por trás desse passado apagado. Bateu na alma. Descobrir isso com 42 anos não é normal, pelo amor de Deus, é uma violência [pessoas de origem europeia têm] toda história contadinha, registrada, fotografada. uma árvore muito bem firme e forte.” disse Maju Coutinho ao Tilt no UOL que também realizou teste de ancestralidade.
“Sempre nos foi negado conhecer nossa origem, então vejo isso como uma reconexão, para mim e para os mais novos” Rincon Sapiência, na UOL, sobre teste de ancestralidade
Faltam dados de DNA indígena nos testes atuais
Uma das falhas desses testes é a falta de dados genéticos dos povos indígenas. Pode ocorrer uma leitura equivocada mesmo se houver um registro familiar que mostre ascendência nativa.
Segundo Tábita Hünemeier, professora do Departamento de Genética de Biologia Evolutiva da USP, a ancestralidade indígena é difícil de ser mapeada em testes convencionais.
“Há poucas informações de populações indígenas nos bancos públicos e isso torna mais difícil caracterizar a ancestralidade indígena. Por exemplo, alguns testes usam indígenas do México ou Peru como referência para o Brasil, e isso se dá pela falta de um estudo mais geral das populações indígenas”, diz Tabata para reportagem no UOL.
As populações nativas, em particular as brasileiras, têm passado por um processo de apagamento histórico decorrente da colonização e também das políticas atuais que pouco valorizam a memória e a História.
“A única maneira de resolver essa situação seria incluir mais indivíduos indígenas nos bancos de referências das análises. Mas isso traz consigo a questão do uso comercial de dados biológicos, que é uma questão complicada do ponto de vista ético” Relata Hünemeier.
No meuDNA, empresa brasileira de testes genéticos, o banco de dados de ancestralidade foi construído a partir de informações de bancos de dados públicos, como o Human Genome Diversity Project, HapMap, 1000 Genomes Project e o próprio banco da Mendelics, laboratório da empresa.
Prevalência genética materna indígena e africana na população, revela um passado marcado pela violência da colonização portuguesa
Os estudos do projeto “DNA do Brasil”, conduzidos pelo departamento de Genética de Biologia Evolutiva da USP, mostraram a prevalência da herança genética materna, (DNA Mitocondrial) tanto africana como indígena.
Somando as porcentagens femininas, 70% das mães que deram origem à população brasileira são africanas, 35% indígenas, enquanto 75% dos pais são europeus.
A colonização portuguesa deixou resquícios de um passado violento no Brasil. O estupro de mulheres negras e indígenas escravizadas era o padrão.
A exploração violenta e extermínio em massa também fizeram com que os homens indígenas quase não deixassem descendentes. Eles representam apenas 0,5% do genoma na população, segundo a pesquisa.
Traduzindo: homens europeus (cromossomo Y) contribuíram desproporcionalmente pra população brasileira fazendo filhos em mulheres (mitocôndrias) africanas e indígenas. Na base de muita violência, visto que homens africanos e indígenas foram apagados. https://t.co/5CMPr5V9gv
— Atila Imunizando *de licença-paternidade (@oatila) October 1, 2020
Pesquisadora Djamila Ribeiro fala sobre as origens da cultura do estupro. Fonte: YouTube TV Brasil
Como o teste de DNA ancestral é feito?
O laboratório envia um kit para coletar nosso DNA através da saliva com cotonete, é preciso estar em jejum por algumas horas, para não correr o risco de pegar o DNA do frango ou abóbora que você comeu no almoço =D
O DNA é extraído dessa amostra por meio de uma série de processos – que incluem a exposição dele a produtos químicos entre outros.
A partir dai, cada laboratório tem um prazo especifico para trazer os resultados obtidos.
Tipos de teste de DNA ancestral
Teste de DNA autossômico
É o mais comum, esse tipo de teste examina os marcadores genéticos encontrados nos 22 pares de cromossomos que contêm o DNA aleatoriamente misturado de ambos os pais.
Teste de DNA-Y
DNA genealógico masculino específico usado para explorar a linhagem paterna
Teste de DNA mitocondrial
DNA genealógico feminino específico usado para explorar a linhagem materna.
O teste pode mapear até 8 gerações passadas. Vou listar abaixo alguns laboratórios que realizam esse tipo de teste:
Genera
O Genera é um dos testes mais populares. O site deles possui uma ferramenta chamada busca parentes que permite encontrar pessoas com DNA semelhante ao seu pelo mundo! Você pode utilizar os dados brutos da sequência genética e utilizar em outros sites que também disponibilizam essa ferramenta, como My Heritage entre outros
Conta com perfis populacionais de 40 regiões diferentes e um banco de dados genéticos com mais de 6.400 indivíduos – com genótipos retirados de publicações científicas e bancos de dados públicos, representando mais de 290 populações.
O Genera mostra detalhes sobre DNA Mitocondrial, que é a linhagem materna e também detalhes da linhagem paterna.
Além disso fala um pouco da história de cada região.
Faltam algumas informações, eles não mostram a porcentagem por país.
Exemplo: Ao invés de dizer que você tem x por cento de material genético vindo de Uganda, ele informa que você tem descendência de x por cento da Africa.
Prazo: 2 semanas em média
Valor: 199,00
Meu DNA
O teste mostra com precisão a porcentagem de cada país, ele informa a história, costumes, cultura e culinária de cada lugar.
O meuDNA Origens analisa 600 mil marcadores genéticos (SNPs) de 88 populações do mundo.
Nessa plataforma não é possível criar uma árvore geneaológica. É possível baixar dados brutos do seu DNA para adicionar em outros sites, como My Heritage e realizar busca de pessoas com DNA semelhante ao seu, parentes distantes.
Prazo: 4 a seis semanas
Valor: R$ 399,00
My Heritage
A plataforma My Heritage permite encontrar pessoas com DNA semelhante ao seu. As árvores genealógicas podem ser facilmente construídas, possui mais de 13 milhões de pessoas.
Outra vantagem do My Heritage é que se você realizou teste de DNA em um outro laboratório, que te disponibilizou os dados brutos como o Genera por exemplo, você poderá utilizá-lo no portal deles.
Prazo: 3 a 4 semanas
Valor: 279,00
Meu teste
Sempre tive muita curiosidade de conhecer um pouco mais sobre história da minha família, sabemos muito pouco e foi muito surpreendente.
Realizei o teste pela empresa Meu DNA.
Nasci em SP, sou de família nordestina, baiana por parte de pai e paraibana por parte de mãe. Ficamos muito curiosos e surpresos com resultado.
Resultado
74,4% Europa: Portugal, Espanha, Irlanda e França
18,3% Africa: Uganda, Angola, e Norte da Africa ( Argélia, Marrocos e Tunísia)
7.2% América – Nativos Sul e Norte Americanos
O que mais gostei foi de saber da origem africana, que era muito esperado, mas não sabia ao certo os países. Sou apaixonada pelas culturas desse continente e fiquei encantada. O teste apresentou Angola e Uganda e África do norte. Conheço pouco sobre a cultura dos países do norte da Africa e não sabia sobre a predominância da população berbere e árabe nessa região.
O que mais me surpreendeu foi descobrir que também temos um pouco de origem irlandesa, fiquei curiosa, e isso pode explicar por que gosto tanto de cerveja preta =D
Confesso que esperava porcentagem maior presentes de DNA vindo dos povos nativos, sempre ouvi da família sobre ancestralidade indígena.
Achei interessante, e aumentou ainda mais minha curiosidade sobre o assunto.
[/et_pb_text][/et_pb_column]
[/et_pb_row]
[/et_pb_section]