O Instituto Fome Zero (IFZ) manifesta seu apoio à Declaração de Belém sobre Fome, Pobreza e Ação Climática Centrada nas Pessoas, aprovada na abertura da COP30. A Declaração representa um marco histórico ao reconhecer que os impactos da crise climática são desiguais e recaem de forma desproporcional sobre os mais pobres, exigindo uma resposta igualmente centrada nas pessoas e nos direitos humanos.

O IFZ compartilha a convicção dos líderes reunidos em Belém de que erradicar a fome e a pobreza deve estar no centro da ação climática. Transformar os sistemas alimentares em modelos saudáveis, sustentáveis e acessíveis é essencial para enfrentar as crises ambiental e social. Embora respondam por mais de 30% das emissões globais de gases de efeito estufa, esses sistemas recebem menos de 4% do financiamento climático. Corrigir esse desequilíbrio é imperativo ético e econômico: mobilizar 1,1 trilhão de dólares anuais é também investir em resiliência, saúde e equidade.

O IFZ ressalta ainda a importância da ação antecipatória e da proteção social adaptativa, pilares da Declaração de Belém e do combate à fome em contextos de crise climática. A experiência brasileira demonstra que políticas integradas de proteção social e segurança alimentar, articuladas a alertas precoces, estoques públicos e resposta rápida, podem evitar que choques climáticos se tornem tragédias humanitárias.

A integração entre proteção social, sistemas alimentares resilientes e meios de vida sustentáveis deve ser reconhecida como uma estratégia de ação climática de alto impacto. Isso requer não apenas “novos recursos”, mas também melhor coordenação e integração das iniciativas existentes, incluindo bancos de desenvolvimento, fundos climáticos multilaterais e mecanismos inovadores de financiamento. É essencial que o financiamento climático incorpore programas sociais e alimentares, reconhecendo que combater a fome e proteger o clima são faces de uma mesma luta.

Neste sentido, o IFZ irá trabalhar no Estudo Global sobre Iniciativas e Parcerias para Acabar com a Fome e a Pobreza (2009–2024), que analisará mais de uma década de experiências internacionais — muitas delas com forte componente climático, ligado à sustentabilidade dos sistemas alimentares, adaptação e integração de políticas sociais e ambientais. 

O estudo busca compreender o que funcionou, o que não funcionou e como essas ações foram financiadas, governadas e avaliadas, contribuindo para fortalecer as conexões entre fome, pobreza e ação climática, em consonância com os princípios da Declaração de Belém.O Instituto Fome Zero é uma organização brasileira dedicada à erradicação da fome e à promoção de sistemas alimentares sustentáveis e inclusivos. Presente na COP30, o IFZ reafirma seu compromisso em integrar segurança alimentar, proteção social e ação climática. Ao longo da conferência, publicaremos diariamente em nosso site — www.ifz.org.br — informações e análises sobre as atividades desenvolvidas e as contribuições do IFZ para uma transição global justa e resiliente.