Da “Roliúde Nordestina”, conheça o goleiro Santos
O goleiro Santos, do Athlético Paranaense, atualmente tem sido muito bem sucedido, dando alegrias históricas ao torcedor rubro negro do Paraná. Titular absoluto, ele é o grande membro da seleção brasileira nas Olimpíadas de 2020, em Tóquio.
Por Diogo Nogueira e Janaína Drongek
O goleiro Santos, do Athlético Paranaense, atualmente tem sido muito bem sucedido, dando alegrias históricas ao torcedor rubro negro do Paraná. Titular absoluto e grande membro da seleção brasileira nas Olimpíadas de 2020, em Tóquio.
Mas como ele chegou até aqui? O ídolo recente do Athletico Paranaense é mais um sonhador que realizou seus objetivos.
História
O nome original do goleiro é Aderbar Melo dos Santos Neto, ou apenas Santos, como usou para sua carreira no futebol. É o filho novato de Seu Severino e Dona Amara, nascido em Campina Grande, a família vivendo no interior da Paraíba, em uma cidade chamada Cabaceiras, famosa por ser “Roliúde Nordestina”, perto de João Pessoa. Herdando o nome de seu avô, que era agricultor na sua terra natal, o futuro arqueiro profissional vivia condições precárias, se dedicando à agricultura que de gerações em gerações, permanecia na sua família. Porém, ele tinha sua feição por futebol, sendo o único da sua família a ter tal pensamento mais ambicioso. Aprendendo a jogar nas areias de um rio e sem perder tempo, se aventurou nas escolinhas da cidade, em uma Municipal de Cabaceiras, aflorando mais seu desejo.
Criado na “roça”, o atleta foi crescendo graças a seus primeiros técnicos na vida, Ismar e Dário (para o Treze, em Campina Grande). E meses depois se consolidou no clube que de fato o revelou, o Porto de Caruaru. Na ida para os treinos, o prodígio tinha poucas opções de lanche a levar e consumir, com vezes de ter que se contentar com uma banana, e inclusive, para economizar e ter o alimento de cada dia, Aderbar pedia caronas aleatórias para seu treinamento e sua casa, abdicando de meio de transporte.
O ótimo goleiro se destacou na Copa São Paulo de futebol Júnior em 2008, pelo Porto de Caruaru, aos 18 anos. Com o Athletico-PR despertando seu interesse, ele ingressou pro clube onde seria reconhecido em todo cenário nacional, para já em 2009 defender muito bem o clube paranaense em outra competição de juniores, fortalecendo a partir daí a sensação que ia ser dono de uma jornada inspiradora, fazendo história, orgulhando toda sua família. Chegando ao rubro negro, precisou de tempo para ser visto, recebendo seu devido valor, que no caso se deu apenas com a saída de Weverton para o Palmeiras, ganhando a chance que precisava, compensado pela sua paciência.
Com um estilo de pessoa quieta e concentrada, precisou ser cobrado por maior interação com os companheiros no vestiário, e o goleiro aos poucos foi conquistando seu espaço no esporte, acostumado a focar em atitudes, e pouco em palavras, se encaixando em um tipo de jogador que podemos chamar de “líder técnico”. Vindo de uma família humilde, Paraibana, que não via sequer possibilidade de ter um integrante tão talentoso como Aderbar Melo dos Santos Neto, o homem de 8 irmãos, elevou o nível das pessoas que ama, graças a ele, é reconhecida. Seu Severino e Dona Amara moldaram e entregaram seu filho ao mundo, onde é vencedor em um clube presente na elite do futebol brasileiro, e merecidamente, vai a final das olimpíadas de 2020, em Tokyo, com grandes chances de ser um medalhista dourado.
Sua trajetória no Athletico:
O goleiro assumiu a titularidade da equipe no início de 2018 e mesmo sendo muito criticado e até duvidado pela torcida, nunca deixou de buscar seu objetivo. Hoje, o arqueiro acumula diversos títulos como Campeonato Paranaense, Conmebol Sul-Americana, Levain Cup e Copa do Brasil.
A segurança defensiva e o respeito dos torcedores, que ganhou com o tempo, conquistado com muito trabalho e humildade, já o colocam como um dos melhores goleiros da história do time. Os títulos também revelaram seu grande talento para defender pênaltis. Decisivo na campanha que levou o Furacão ao título inédito da Copa Sul-Americana e fundamental para a chegada na final da Copa do Brasil, o goleiro defendeu dois pênaltis na vitória sobre o Flamengo, nas quartas, e mais um diante do Grêmio, na semifinal. Desde de sua estreia como titular ele já soma 15 pênaltis defendidos. Em 2019, foi eleito o melhor goleiro do Campeonato Braileiro.
O garoto tímido que não falava com ninguém e que sempre “ficava na dele”, conquistou o respeito de seus colegas e se tornou um dos líderes do elenco. Sem nunca deixar a humildade de lado, Santos é aquele jogador que sempre tem a palavra de incentivo dentro do vestiário, que sempre procura tirar o melhor de todos e, que sem dúvidas, se tornou referência para muitos jogadores.
Prêmio Cannes
Em 2018, Santos protagonizou uma das cenas mais polêmicas do Brasileirão. O fato inusitado aconteceu no início de uma partida contra o Atlético-MG. Durante o um minuto de silêncio, o jogador pegou seu celular e caminhou na pequena área e, quando o árbitro apitou, ele colocou o aparelho ao lado do gol. No fim do jogo, o goleiro Santos se manteve no papel de “goleiro distraído” e, em entrevista ao Fantástico, disse que não via problema em usar o aparelho.
Um dia depois, em entrevista coletiva, o time revelou que a cena não se passava de uma chamada “maio amarelo”, que tinha como objetivo alertar para os riscos do uso do celular no trânsito. Em 2019, a ação foi premiada no Festival de Cannes, que reconhece as melhores campanhas publicitárias do ano.
Apesar de todo o sucesso da campanha, o clube e o jogador foram punidos pelo STJD. O Athletico foi multado em 50 mil e o goleiro foi suspenso por um jogo.
Santos na seleção brasileira
Logo após conquistar o título relevante da Copa do Brasil, Santos é bem vigiado por Tite, técnico da seleção. Assim, em 2019, é recebido com a notícia que qualquer jogador almeja, é convocado para 2 amistosos do Brasil, contra Senegal e Nigéria. Elogiado como seguro, discreto e por ter qualidade para jogar com os pés, se tornou o 5° goleiro da história do Athletico-PR na seleção brasileira.
Voltando a ser convocado inúmeras vezes, ainda em 2019 chegou a substituir o lugar de Ederson, do Manchester City, desconvocado por lesão, estando em outros amistosos contra Argentina e Coreia do Sul. Comparecendo até em eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022, ao lado de Weverton (antigo companheiro) e de Alisson, do Liverpool (Inglaterra).
Mas seu melhor momento é protagonizado neste ano de 2021, quando é convocado para servir a seleção nas olimpíadas de Tokyo, vendo ser associado ao feito de Weverton, que também era do clube paranaense nos jogos olímpicos de 2016 (Rio). Elogiado por Jardine, técnico da seleção olímpica, esperando sua experiência transparecer em campo, ele corresponde às expectativas, sendo essencial a ida do grupo à final, defendendo pênalti em um jogo extremamente pegado, numa semifinal contra o México. Agora, contra a Espanha, o goleiro vai com toda moral possível para a disputa de uma conquista icônica de medalha de ouro.
Texto elaborado em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube