COP do Povo debate a ligação entre crimes, corrupção e proteção de defensores ambientais
Atividade expôs como ilegalidades e desmatamento ameaçam comunidades e ecossistemas e debateu sobre justiça e proteção ambiental
por Angel Duarte
Na tarde desta quarta-feira (19), o espaço da COP do Povo, que vem recebendo programações paralela às atividades da Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30, sediou a roda de conversa “Territórios em Resistência: Enfrentando a Complexa Rede de Crimes”, onde foram debatidas ilegalidades do desmatamento e caminhos para justiça e proteção socioambiental.

A mesa, organizada pela Transparência Internacional e moderada por Diário Cardoso, representante da organização, reuniu Claudelice Santos, coordenadora do Instituto Zé Cláudio e Maria, Igor Spíndola, procurador da República (MPF), e Maria Laura Waisbich, pesquisadora do Instituto Igarapé.
Ao longo da conversa, os participantes debateram como a corrupção se insere nas estratégias que sustentam crimes ambientais na Amazônia, facilitando práticas como grilagem de terras, exploração ilegal de madeira e atividades que impulsionam o desmatamento e agravam a crise climática. Para Diário Cardoso, analista de integridade socioambiental, “compreender esses vínculos é essencial para fortalecer políticas de prevenção e ampliar os mecanismos de responsabilização”.

A embaixadora Claudelice Santos ressaltou o papel crucial dos defensores ambientais na proteção dos ecossistemas amazônicos, especialmente em territórios marcados pela presença de organizações criminosas e pela fragilidade do Estado. Ela também apontou o potencial do Acordo de Escazú, que tem por função garantir o direito ao acesso à informação, à participação pública e à justiça em questões ambientais, além de proteger defensores ambientais.
O procurador da República Igor Spíndola destacou o papel do Ministério Público Federal na proteção de defensores ambientais, ressaltando que a instituição atua não apenas na responsabilização criminal, mas também na prevenção e na garantia de direitos fundamentais em territórios sob intensa pressão.
A pesquisadora Maria Laura Waisbich comentou o panorama dos crimes ambientais na Pan-Amazônia, destacando como diferentes países enfrentam desafios específicos relacionados ao tráfico, à violência no campo e à atuação de grupos econômicos que operam à margem da lei. Segundo ela, “compreender essas dinâmicas é fundamental para pensar estratégias integradas de proteção aos defensores e de combate às redes criminosas transnacionais”.

A Transparência Internacional – Brasil vem apresentando durante a COP uma série de eventos dedicados a evidenciar como a corrupção, os crimes ambientais e as mudanças climáticas estão interligados.
Para Diário, “a realização desses debates no espaço da COP do Povo, de forma gratuita e aberta ao público, é elemento central para democratizar o acesso à informação, fortalecendo a participação social, ampliando o entendimento coletivo sobre os desafios da Amazônia e criando condições para que mais pessoas se engajem na defesa dos territórios e dos direitos socioambientais”.