Conheça a equipe paralímpica de refugiados
Seis atletas refugiados competem em cinco modalidades esportivas nos jogos paralímpicos.
Por Flora Stevenson com edição de Laura Abreu
Assim como nas olimpíadas, os jogos paralímpicos contam com uma equipe de atletas refugiados. A primeira competição da equipe foi na edição Rio 2016. Eles possuem uma bandeira própria e um hino instrumental.
Mais de 12 milhões de refugiados com deficiência ao redor do mundo serão representados pelos seis atletas que competem em cinco modalidades esportivas em Tóquio 2020. Conheça um pouco sobre cada atleta.
Alia Issa
Alia Issa é a primeira mulher paratleta refugiada da história dos jogos paralímpicos! Alia se apaixonou pelo atletismo em 2018, durante aulas de educação física no colégio. Ela compete na modalidade de Arremeso de Taco F32.
Alia contraiu varíola aos 4 anos, o que resultou em dano cerebral permanente. O pai de Alia deixou a Síria em 1996 em busca de uma vida melhor para a família. A atleta nasceu e mora na Grécia.
“É uma grande honra para mim e uma oportunidade de dizer para todas as mulheres, principalmente as com deficiência, que não fiquem em casa, e pratiquem esportes.”
Abbas Karimi
Abbas Karimi seria o único afegão em Tóquio 2020, até a confirmação da participação de Zakia Khudadadi e Hossain Rasouli que tentavam sair do país após a tomada dos talibãs. O nadador compete na modalidade 50m Borboleta S5 e 50m Peito S5. O atleta nasceu sem os braços e sofreu discriminação e bullying quando criança. Ele, então, começou a praticar kickboxing como uma forma de se proteger e processar seus sentimentos. Só mais tarde, o atleta começou a nadar – e ganhar muitas medalhas! Karimi escapou do Afeganistão em 2013 e morou na Turquia como refugiado até chegar aos Estados Unidos em 2016.[6]
“O mundo está me assistindo e eu tenho a oportunidade de representar refugiados e todas as 80 milhões de pessoas deslocadas pelo mundo. Eu tenho gratidão pelo apoio que recebo da minha família, meu treinador, meu povo afegão, do Comitê Paralímpico Internacional e da Agência da ONU para Refugiados. Eu não estou só” [7]
Anas Al Khalifa
Nascido na Síria, Anas Al Khalifa é um atleta de canoagem KL1 e VL2. Ele foi separado da família depois do início da guerra em 2011 e viveu num campo de refugiados por dois anos, até fugir para a Turquia, em 2014, e depois para a Alemanha, em 2015.
Em 2018, ele sofreu um acidente de trabalho e perdeu o movimento dos membros inferiores. A fisioterapeuta de Al Khalifa tinha um amigo que competia em paracanoagem. Eles incentivaram Al Khalifa a experimentar o esporte. O atleta, então, praticou canoagem pela primeira vez em 2019 e perseverou até chegar a Tóquio.
“O esporte foi muito importante no meu processo de reabilitação porque me deu esperança. Foi uma forma de me tirar da escuridão que eu estava sentindo.”
Ibrahum Al Hussein
Essa é a segunda paralimpíada do nadador Ibrahim Al Hussein! O atleta compete nas modalidades 100m Peito SB8 e 50m Livre S9. Al Hussein era um nadador promissor quando criança, mas teve sua carreira no esporte interrompida pela guerra da Síria em 2011. Enquanto ajudava um amigo que foi ferido por uma bala, uma bomba explodiu perto do atleta, deixando-o com ferimentos graves. Al Hussein fugiu da guerra da Síria para a Turquia e depois Grécia, onde redescobriu sua paixão pela natação.
“A Equipe Paralímpica de Refugiados é mais que uma equipe, é uma familia”
Shahrad Nasaipour
Essa é a segunda paralimpíada do atleta Shahrad Nasajpour! Ele compete nas modalidades de Arremesso de Peso e Disco F37. Nasajpour nasceu no Irã com paralisia cerebral e sempre foi apaixonado por esportes. Depois de não poder treinar por 3 anos devido à situação de seu país, o atleta decidiu deixar o Irã. Ele foi acolhido pelos Estados Unidos em 2015, onde mora e treina até hoje.
“O espírito das Paralimpíadas é algo de outro mundo. Quando você está nos Jogos, competindo, vendo pessoas, você sente algo diferente, algo especial. Isso faz você não querer desistir.”
Parfait Hakizimana
Parfait Hakizimana é um atleta refugiado paralímpico de Taekwondo K44 – 61kgs. Quando tinha 6 anos sua mãe foi assassinada e ele foi baleado no braço. Em 2015, o atleta fugiu da guerra civil de Burundi e foi morar no Campo de Refugiados de Mahama (Ruanda), local onde mora até hoje e em que abriu uma escola de Taekwondo para adultos e crianças.
“Taekwondo é minha vida. Ajuda a esquecer dos momentos difíceis que eu passei. A alegria que eu não tive na minha infância eu achei no esporte”.
Clique aqui e confira a agenda de jogos da Equipe Paralimpica de refugiados.
Texto produzido a partir de informações da Acnur e site oficial dos jogos olímpicos e paralímpicos em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube