CLIMAX uma provocação tentadora
O cultural como essência da vida individual e coletiva, o nosso sentido de ser, a nossa origem, a nossa história, o nosso sentido de pertença, os nossos valores serão, sem dúvida, o ponto de partida e também o ponto de chegada das reflexões CLIMAX.
CLIMAX num golpe de significado soa como um momento de pico, um vértice, um alerta, a crista de uma onda, um ponto de ruptura para um encerramento ou um novo começo.
Tem literalmente uma conotação dramatúrgica como um dos momentos de maior complexidade e intensidade de uma história, de uma obra literária, cênica ou musical. Numa outra conotação, mais excitante, inclui os momentos em que o corpo, ou corpos, atingem o êxtase e a satisfação erógena e sexual, um estado culminante de prazer.
De qualquer forma, a provocação está dada. CLIMAX desafia-nos a encontrar as chaves para a ação. O objeto desta nota, o Encontro CLIMAX, foi definido pela confluência de três temas fundamentais, clima, cultura e comunicação.
O clima da Terra é um produto da interação da atmosfera, dos oceanos, das florestas, das geleiras, dos blocos de gelo, da queda de neve e, claro, da vida em todas as suas manifestações. As mudanças no clima e os eventos climáticos extremos afetam severamente o seu desempenho até atingir o que chamamos de crise climática.
Inúmeros eventos, como furacões, trovoadas, tempestades de granizo, tornados, tempestades de neve, avalanches, tempestades, inundações, incluindo inundações repentinas, secas, incêndios, ondas de calor e ondas de frio, estão a tornar-se mais frequentes e graves. É claro que tudo isto afeta as espécies que habitam o planeta, causando deslocamentos, migrações, crises econômicas, aumento da pobreza, mortalidade e graves problemas de saúde nas populações.
Do outro eixo, tudo o que provocamos a partir de nossas ações em relação à natureza, incluindo, claro, os demais seres vivos, tudo o que fazemos e pensamos é cultura. Assim como tudo que produz desejos, leis e práticas que geram estruturas de sentimento e pensamento. Como nos constituímos como humanos, como estabelecemos e regulamos a prática das relações sociais, como estabelecemos a nossa relação com a natureza, a terra, os rios, os seres vivos, como produzimos e o que priorizamos para a nossa alimentação, como nos organizamos e gerimos nossas vidas diárias. Tudo isso é cultura.
E para colocar as interações em movimento, sabemos que não existe forma de vida que não se comunique de uma forma ou de outra. É um processo fundamental de existência. Na medida em que permite a troca de ideias e o acesso a diversos pontos de vista, a comunicação conecta, constitui significados, gera práticas, fornece informações para a tomada de decisões, ajuda a evitar conflitos, estimula a criatividade e permite o estabelecimento de acordos de convivência social.
Clima, cultura e comunicação tecem um lugar comum para conhecer, propor, debater e considerar ações conjuntas, coordenadas, multissetoriais, multicanais, intra e interculturais para potencializar iniciativas existentes, gerar novas estratégias e debater ações concretas e áreas de regulação pública para nossas comunidades.
São problemas emergentes que exigem colocar em todas as agendas ações que permitam mudar práticas, hábitos e abordagens que tentem amenizar a crise ambiental, renovar a relação que temos com a natureza e construir a partir de novos horizontes mecanismos que modifiquem os nós centrais que nos afligem, combatam emissões de carbono, expansão do agronegócio, desmatamento, mineração ilegal, produção de transgênicos.
Com certeza, devemos continuar a insistir nos postulados que vêm dos nossos antepassados, ancestralidades que eram originários dos territórios que habitamos. Pessoas que formaram uma ligação sólida com a natureza, com os territórios habitados e que constituíram culturas de práticas bem fundamentadas de cuidado e convivência. Neles, conceitos e práticas vitais como nos concebermos como parte indissociável do território, junto com as selvas, os rios, as montanhas, os espaços sagrados, a comida, toda a integralidade, que nos permite conhecimento, energia, história, família, identidade e vida.
O cultural como essência da vida individual e coletiva, o nosso sentido de ser, a nossa origem, a nossa história, o nosso sentido de pertença, os nossos valores serão, sem dúvida, o ponto de partida e também o ponto de chegada das reflexões CLIMAX.
CLIMAX é lançado em 2023, enfrentando um planeta que exige ações concretas. Numa região que possui a maior floresta contínua do mundo. Num país continente que pode ativar fortemente a participação nacional e internacional das diversas comunidades, a partir da participação multistakeholder.
Vamos viver um clímax, vamos ao clímax, vamos fazer um clímax, vamos transbordar o clímax.