Censurada, novamente, a fotógrafa Pamela Facco cobra judicialmente o Instagram mesmo após ter ganho caso em 2019 contra danos morais à sua conta
Censura no Instagram: a história de Pam Facco, uma fotógrafa que ganhou causa na justiça e mesmo assim teve sua conta deletada
Essa é a história da Pamela Facco, a artista que vem lutando contra censura no Instagram, teve sua conta @poesiacomelos deletada no dia 13 de dezembro, mesmo tendo ganhado uma causa por danos morais em primeira e segunda instância na justiça contra a rede em 2019.
Pamela Facco é fotógrafa e dona da rede social @poesiacomelos, ela é muito conhecida por produzir fotografias de pessoas que contam suas histórias de luta através do corpo nu, desmistificando qualquer tipo de viés sexual ou erótico, trazendo e reafirmando a diversificação do corpo humano, ela faz com que muitas pessoas se sintam representadas em suas obras e ensaios. Um trabalho artístico muito lindo e importante que há muito tempo vem sendo perseguido pelo Instagram.
Pamela é premiada e respeitada no seu meio, formada em design gráfico pelo Senac em 2008, com curso de desenho contemporâneo e oficina do olhar no Instituto Universitário Nacional de Artes de Buenos Aires (Argentina) em 2009. Se formou em fotografia em 2011 pela Escola São Paulo, tendo especialização em fotografias de casamento pela Fullframe no mesmo ano. Em 2012 foi consagrada vencedora do prêmio “Sony International Award Brasil 2012 – Student Project” tendo suas fotos expostas no “Somerset House” em Londres. Adicionalmente, teve sua série de fotos de Praga e Viena denominada “Ficções – a fotografia além do real” participando da mostra principal do Festival Foto em Pauta de 2017, série que também foi selecionada para a shortlist do Festival Latino Americano de fotografia de celular e suas imagens foram expostas no MIS (Museu da Imagem e do Som) em maio de 2017. Em outubro de 2022 teve sua releitura da obra “A última ceia” da galeria do @poesiacomelos exposta na maior galeria digital de Roma no Mecenate Fine Art.
Pamela teve sua conta derrubada no dia 13 de dezembro de 2022, mesmo tendo 27,5 mil seguidores e caso vencido na justiça em primeira e segunda instância contra o Instagram em 2019, onde foi sentenciado que o instagram não podia mais derrubar suas publicações.
Não é a primeira vez que Pâmela tem tido sua voz silenciada e boicotada pela rede, a mesma (Facebook Serviços On-line do Brasil LTDA.) que perdeu um processo jurídico por danos morais em primeira e segunda instância contra ela em 5 de fevereiro de 2019, teve que pagar indenização, e não podia mais deletar seus posts contendo seus trabalhos artísticos ou desativar sua conta, seria o primeiro caso judicial envolvendo a rede por conta de censura de trabalhos de artistas no Brasil. Mesmo assim, está descumprindo a sentença judicial ao ter derrubado sua conta.
Mesmo após anos de brigas judiciais, no ano de 2022, a empresa novamente tem sido um grande violentador na vida de Pamela, que precisa das suas redes para divulgar o seu trabalho e como muitos de nós, utilizamos a rede para fazer contatos profissionais. Após anos, Pamela processou o Facebook novamente no ano de 2022 por ter sua publicação deletada (um ensaio de dois homens próximos e sendo apontados por outros corpos):
“Fora a publicação que teve grande impacto e grande denúncias, o Instagram tirou a proteção da minha conta no dia 13, porque eu tinha entrado com um novo processo, eu entrei com um novo processo porque eles estavam me deixando no “shadowban”. Então as minhas publicações não tinham alcance, eu não podia patrocinar publicação, as pessoas que compartilhavam as minhas fotos tinham suas fotos derrubadas. Os participantes do ensaio tiveram suas contas derrubadas ao compartilhar as fotos”.
O Shadowban tem sido um grande punidor de publicações denunciadas, mas como alguns sabem, é um algoritmo que censura e marginaliza muitos usuários influenciadores que saem do padrão onde o Instagram ganha dinheiro com publicidade. Ocorrendo muitos casos de homofobia, gordofobia, transfobia, racismo e etc.
“No dia 13 eles foram citados no novo processo que eu abri contra eles, então claramente foi retaliação, não tinha como derrubarem minhas outras contas, porque a suposta violação não tinha nada a ver com outras contas.”
Em outras redes como o TikTok, a Pamela utilizou sua voz para denunciar o Instagram novamente, o acusando de homofobia por ter derrubado sua conta e seu post. E criou uma conta reserva que foi deletada também, além de outras contas que não tem nenhuma relação com o processo.
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“Eu tinha minha conta pessoal, o @pfacco. O meu perfil de jobs de eventos que continha apenas fotografias de batizado e casamentos era o @pfaccofotografia. O perfil do “poesia” para expor apenas os retratos de rosto dos participantes era o @poesiacomelosvive. Após a queda de tudo eu abri o @poesiacomelos_resistencia. Todas essas contas foram deletadas após a queda do @poesiacomelos.”
Pamela Facco e muitos criadores de conteúdos estão cansados de lutar contra essa rede que descumpre a sentença judicial, ferindo não somente a lei, mas a saúde mental desses artistas que têm que articular e defender seu trabalho 24h por dia sem ter o mínimo de dignidade e respeito em volta. É um absurdo que artistas e pensadores sejam censurados e silenciados nas redes digitais, um lugar onde não possui ou possui mínimas restrições, onde existem pessoas propagando ódio e discriminando corpos diariamente, onde mentiras são espalhadas e apoiadas por empresas que ganham rios de dinheiro em cima do Instagram etc.
O Facebook sofreu um grande processo em decorrência do espalhamento de Fake News relacionada ao caso do “Brexit” e eleições nos EUA, sabendo o perigo que são as redes sociais e seus algoritmos enviesados, agora os usuários precisam também ficar calados para não serem retaliados por exigir justiça.
Precisamos lutar para que Pamela e muitos outros artistas, influenciadores e etc não sejam censurados e silenciados diariamente, tendo seu trabalho comprometido. É um dever cívico cobrar providências do Instagram nas redes sociais e questionarmos a quem interessa que os posts artísticos de Pam sejam derrubados? A uma máquina robótica de vieses homofóbicos, racistas entre outros? Ou uma empresa que sustenta esses pilares discriminatórios que vai contra ao que os artistas progressistas vem lutando contra? Chega de Censura. Chega de Silenciar. Deixem a Pamela trabalhar.