Cala a boca já morreu?
Quando um presidente manda alguém calar a boca, ele empodera uma série de autoritarismos na sociedade. Normaliza todo tipo de arbítrio, desperta e fortalece forças como esses novos movimentos fascistas que temos visto crescer no Brasil. Tudo muito grave.
Quando um presidente manda alguém calar a boca, ele empodera uma série de autoritarismos na sociedade. Normaliza todo tipo de arbítrio, desperta e fortalece forças como esses novos movimentos fascistas que temos visto crescer no Brasil. Tudo muito grave. Mais grave ainda sendo esta pessoa, jornalista, o que configura um ataque claro a liberdade de expressão.
Uma busca no twitter sobre o termo ¨ucranizar o Brasil¨, revela uma série de gravidades e ameaças à democracia e às liberdades individuais. E o pior, há movimentos claramente fascistas se organizando com objetivos de atacar as instituições, a esquerda brasileira e qualquer coisa que se pareça com isso. Com fascismo, sabemos, não se brinca, tampouco se relativiza. Merece punição, sob holofotes da opinião pública, para que exemplo seja dado a quem quer que seja.
Obviamente sabemos que grande parte da grande imprensa brasileira está colhendo o que plantou quando fez campanha sistemática, por exemplo, para atropelar a Constituição Federal pelo Impeachment inconstitucional de Dilma Rousseff. Ali abriu-se a caixa de pandora das atrocidades que vivemos hoje. No entanto, nada justifica a postura de Bolsonaro, nada! Ele é um típico fora da lei, perverso e perigoso, que comete crimes sucessivos, sob olhares incrédulos e notas inefetivas daqueles que na verdade, deveriam agir institucionalmente para juridicamente enquadrá-lo.
Estamos diante de uma ameaça histórica. De novo, o fascismo vai ganhando cara, nomes e sobrenomes, e cresce cada dia mais. Madeleine Albreight em seu livro ¨Fascismo: um alerta¨, nos lembra a máxima de Mussolini que comparava a democracia a uma galinha, que ¨se depenarmos pena a pena, ninguém dará conta¨. É o que acontece hoje no Brasil.
Um exemplo que não se refere diretamente a esse tema, mas mostra como a força da normalização do absurdo promove efeitos terríveis foi o fatídico pronunciamento em cadeia nacional, no último 24 de março, em que o presidente chamou a COVID-19 de gripezinha, criticou governadores por determinarem quarentena e questionou o motivo pelo qual escolas foram fechadas. Desde então, uma parcela crescente da sociedade vem acolhendo seu discurso desde então sucessivo, afrouxando, assim, o isolamento e distanciamento social em várias partes do país. O resultado é o quadro de crescimento exponencial do número de contagiados e de mortes que vemos hoje. Estudos já apontam o Brasil como o próximo epicentro da epidemia no mundo. E pelo que tudo indica, caminhamos, tristemente, como boi ao abate, para o pior cenário.
Fato é que o momento é decisivo e é hora de avançar na agenda Fora Bolsonaro de maneira objetiva, firmando o pé, sem arredar um milímetro que seja, na resistência democrática. Há aqueles que começam a evitar a ¨compra de desgastes¨ com a presidência, se isentando de alguns debates para evitar bater de frente ou se manter mais discreto diante das ameaças. Obviamente são desnecessárias atitudes tolas. Mas é verdade também que atitudes assim, alimentam a besta fascista e enfraquecem ainda mais a Democracia.
Temos que ser radicais na resistência, se manter apaixonados na defesa da liberdade. Compromisso histórico é se organizar e se enredar cada vez mais em um estado permanente de ação e atenção, oxigenando os mais próximos e semeando ânimo para ampliar a mobilização social. Outra saída para além disso é a ¨ponta da praia, a cadeia, ou o exílio, como prometeu o próprio Bolsonaro durante campanha.