Fundada pela bailarina profissional carioca Ingrid Silva e organizada por brasileiras, EmpowHer New York é uma plataforma lançada em 2017, nos Estados Unidos, que visa criar oportunidades de educação e negócios, além da formação de uma rede segura de empoderamento e troca de oportunidades e narrativas entre mulheres de todo o mundo. Um dos projetos mais recentes lançados pela comunidade é o The Call. Através do uso de tecnologias simples, como telefone, vídeo experimental e site da comunidade, a iniciativa visa combater “unconscious bias”, manifestações de preconceito como racismo embutidos implicitamente no sistema de saúde norte-americano.

No experimento de vídeouma atriz faz duas ligações para uma linha direta de enfermagem e descreve os sintomas de apendicite. Em uma chamada, ela usa um nome e uma voz codificados em preto e, na outra, ela usa um nome e uma voz codificados em branco. A atriz descreve os mesmos sintomas em ambas as ligações e responde às mesmas perguntas da linha direta de enfermagem. Ao usar o nome codificado em preto, ela é instruída a ir a um pronto-socorro mas, ao usar o nome codificado em branco, ela é instruída a ir imediatamente ao pronto-socorro. O vídeo destaca como os pacientes negros muitas vezes sentem a necessidade de trocar de código em ambientes de saúde para receber um atendimento melhor. Ele também destaca como o preconceito pode afetar as decisões dos profissionais de saúde. Os resultados mostraram que 77% de suas chamadas com apelido preto” terminaram com a recomendação para ir a uma unidade de atendimento de urgência, um protocolo para pequenos problemas de saúde. No entanto, seu equivalente “branco”, usando o mesmo script, foi aconselhado a ir ao pronto-socorro, protocolo para qualquer paciente com sintomas urgentes de apendicite.

A partir dos resultados obtidos com o The Call, o EmpowHer NY iniciou uma campanha para coletar assinaturas para petições de treinamento obrigatório de preconceito inconsciente em instalações médicas. O público em geral pode, ainda, realizar treinamento para combater “unconscious bias”, racismo no sistema de saúde, no site  https://www.empowherny.org/thecall

Nesta reportagem, foram entrevistadas três brasileiras com trajetória de muita luta e vitória no Brasil e nos Estados Unidos, as quais decidiram dedicar seu trabalho voluntário ao ativismo feminino e fazem parte do time do EmpowHer NY: a diretora Elizabeth Ekpenyong; a voluntária Yedda Araújo, vítima deste preconceito; e a voluntária Nathalia de Alcantara, especialista em estudos da Mulher, Gênero, Sexualidade e Comunicação.

Elizabeth Ekpenyong

Foto: arquivo pessoal

Nascida no Rio de Janeiro, formada em jornalismo, trabalhou como freelancer em estilismo e cenografia por 10 anos antes de se mudar para Nova York. Define-se como uma aprendiz constante: é estudante do Fashion Institute of Technology, desenvolve o site BETHBEIJOS.COM, onde planeja compartilhar suas experiências com moda. Confira abaixo o diálogo que fizemos com ela:

Fale um pouco sobre sua trajetória pessoal e profissional no Brasil e em NY.

Eu sou do Rio de Janeiro, formada em Jornalismo, mas trabalhei 10 anos com produção de moda, figurino e direção de arte. Venho de uma família de classe média, onde cresci aprendendo o que você quer, você consegue através de trabalho e determinação. Onde eu teria que provar meu valor, pois sendo mulher e negra, enfrentaria mais obstáculos.

Minha decisão de vir morar em NY aconteceu organicamente. Decidi vir estudar, mas me apaixonei pela cidade. Já havia morado em Paris e em Londres antes. Estou aqui faz 20 anos. O ritmo e modo de viver aqui é super diferente do Brasil. A cidade tem um pulso extremamente rápido, “ou você se adapta ou ela te quebra”, meu marido diz isso o tempo todo. Eu trabalho com saúde agora, mas estou planejando montar meu próprio negócio.

Já se dedicou ao trabalho voluntário no Brasil e nos EUA antes de ingressar no EmpowHer New York? Caso sim, onde e como?

Não. Sempre tento ajudar e fazer doações, mas EmpowHer NY é minha primeira vez. Como é maravilhoso ver como tuas ações e esforços ajudam mudar e inspirar outras pessoas, é um sentimento que não tem comparação.   

Por que decidiu ingressar no EmpowHer NY? Tem a ver com causas que já advogou no Brasil, situações que sofreu na vida profissional e pessoal? Desde quando ingressou e quais são suas atribuições na comunidade?

Eu fui convidada pela Ingrid Silva para fazer parte do primeiro evento, contar minha história. Foi uma experiência maravilhosa, pois nós mulheres passamos por tantas situações e obstáculos e é muito maravilhoso poder se conectar com outras mulheres e inspirá-las. Eu fiquei tão apaixonada pelo projeto que eu virei voluntária nos demais eventos e agora faço parte da diretoria do EmpowHerNY.

Como essa é minha primeira vez envolvida numa organização sem fins lucrativos, eu me identifico muito com as causas e discussões trazidas nos eventos, postagens e lives. Estamos vivendo um momento transformador, onde nós mulheres estamos deixando o medo, a vergonha, o estresse, a ansiedade de lado e estamos expondo tudo de errado que foi ensinado ou feito conosco. Isso é extremamente gratificante. 

Quais são os principais objetivos da comunidade e diferenciais em relação a outros coletivos? 

Mesmo sendo criada por uma brasileira, essa plataforma é voltada para todxs as mulheres no mundo inteiro. EmpowHerNY nasceu para fomentar a vontade de mudança dentro de você. Nosso objetivo sempre foi criar um ambiente seguro para as pessoas compartilharem sua história em uma zona livre de julgamentos, encorajando o diálogo em um termo empático. Queremos abrir os olhos das mulheres para que encontrem forças para transformar o que acreditam ser sua fraqueza em oportunidades de prosperar. Nossa intenção é criar oportunidades, dar apoio e incentivo para mulheres que desejam se libertar de seu status quo. Estamos aqui para ser os protagonistas de nossas vidas e precisamos ser nossas donas. Queremos ajudar as mulheres a encontrar seu alinhamento para viver em harmonia.

Qual a importância da tecnologia nos projetos da comunidade? Como está inserida no desenvolvimento das ações e também no empoderamento feminino? 

Extremamente importante pois através da tecnologia nós podemos nos conectar e atingir mulheres no mundo inteiro, independente da sua classe social, raça e credo. Com a tecnologia nós criamos oportunidades para terem suas vozes ouvidas. Proporcionando um veículo precioso para conhecermos umas às outras. 

Qual o contexto de criação da EmpowHer NY?  

A plataforma foi criada por Ingrid Silva no final de 2017, com a intenção de formar uma comunidade de mulheres onde todas se inspiram e apoiam umas às outras nos obstáculos que passamos em nossas vidas. As mulheres têm acesso ao nosso perfil em várias redes sociais. Nós criamos Take Over series onde as mulheres tomam conta do Stories pra dividir e contar suas trajetórias e projetos. Nós acreditamos que todas mulheres têm uma história para contar e que sua história vai ajudar alguém que esteja passando pelo mesmo dilema.

Temos também eventos semestrais onde temos palestrantes diversificadas abrangendo temas importantes e polêmicos. A pandemia aconteceu exatamente quando decidimos mudar nosso visual, tivemos a chance de ter um evento pré-lockdown. Usamos esse tempo para cuidarmos da parte burocrática da plataforma e ainda assim criarmos co-projetos como o The Call & Skin Deep.

Poderia falar sobre o projeto The Call? 

The Call surgiu em uma discussão que nós tivemos sobre desigualdade racial e como poderíamos demonstrar isso. O projeto foi feito por uma agência usando o nosso insight. Nós conseguimos assinaturas na petição em nosso website, pessoas se inscreveram nos cursos sobre unconscious bias listados para melhorar seus desempenhos.

Esse projeto é muito relevante, pois esse tema tem muita cobertura, é um assunto polêmico que vem acontecendo há muito tempo.

Nós fizemos um outro projeto com a The Bloc chamado Skin Deep, sobre o aspecto do racismo intrínseco no dia a dia. Os dois projetos foram premiados no Festival de Cannes esse ano. Nosso próximo passo, estamos cogitando um projeto sobre gordofobia.

Quais são os próximos objetivos e planos da comunidade?

Finalmente depois desse tempo em que o mundo parou, nós estamos retomando os planejamentos dos nossos eventos. Temos muitas ideias e projetos que estão borbulhando e não vemos a hora de dividir com vocês.

Quais são os contatos da comunidade para interessados?

Você pode nos contactar no nosso website www.empowherny.orgTemos perfil criado no Instagram, Facebook, YouTube e Twitter.

Nathalia Alcantara

Foto: Lydia Hudgens

Jornalista brasileira radicada em Nova York. Seus interesses incluem feminismo interseccional, questões ambientais e de imigração. Formada em Estudos sobre Mulheres, Gênero, Sexualidade e Comunicações pela Fordham University. É  estudante de pós-graduação na Columbia Journalism School e estagiária editorial na revista California. Confira abaixo a entrevista com Nathalia.

Fale um pouco sobre sua trajetória pessoal e profissional do Brasil e em Nova York. 

Nasci e cresci em São Paulo. Era uma adolescente estudiosa, mas no primeiro ano da faculdade tive a oportunidade de viajar para trabalhar como modelo e, com 19 anos, tomei a decisão de pausar os estudos. Foram anos bons de viagem e muito trabalho, depois de uns dois anos de viagem resolvi morar em NY. Depois de 4 anos na cidade eu percebi que tinha muitas saudades de estudar, então voltei para a faculdade (Fordham) onde me formei em estudos de gênero e comunicação. Agora estou começando uma carreira como jornalista (fazendo um mestrado na Columbia University e trabalhando no time editorial da California magazine, da UC Berkeley).  

Já se dedicava a trabalho voluntário no Brasil e nos EUA antes de ingressar no EmpowHer New York? Caso sim, onde e como?

Gosto de trabalhar numa entrega de comida para idosos aqui em Manhattan (chama-se Encore). É muito gratificante, o sorriso que recebemos não tem preço. Também trabalhei um ano como voluntária no Leadership Council da Model Alliance, uma ONG de direitos trabalhistas para pessoas que trabalham na indústria da moda. 

Por que decidiu ingressar como voluntária no EmpowHer NY e desde quando participa dela? 

Amo o conceito do EmpowHer porque une as mulheres brasileiras aqui em Nova York. Eu conheço a Ingrid Silva há uns 5 anos, comecei a escrever para a comunidade no último ano. Ter essa comunidade faz toda a diferença. Eu me sinto honrada em escrever para um blog que foca no bem-estar e empoderamento de mulheres, especificamente mulheres imigrantes brasileiras nos EUA. 

 Quais são seus principais contributos e atividades na comunidade? 

Escrevo artigos (geralmente um a cada 2 meses). Estou tentando usar un pouco do que estou treinando e aprendendo na Columbia como jornalista e do que aprendi na faculdade para o blog. Gosto muito de como temos uma diversidade de vozes e temas no blog e fico muito feliz de fazer parte. 

Você dedica sua carreira a estudar feminismo, estudos da sexualidade e mulher, meio ambiente e imigração. Como contribuiu academicamente para o trabalho da comunidade?

Eu me formei em estudos de gênero (feminismo, estudos da sexualidade e mulher) e minha intenção é escrever artigos que informem a comunidade sobre temas que são pouco discutidos. Por exemplo, a questão dos impostos sobre produtos menstruais,  exclusão histórica racial e de sexualidade e identidade de gênero no movimento feminista, assédio sexual nas ruas, etc. 

Qual a importância das comunidades femininas para lutas de inclusão, empoderamento e educação? Quals foram os principais avanços que você observou nos coletivos dos EUA e Brasil? 

Eu sinto que essas comunidades são fundamentais. Fazem um trabalho de base que, além de oferecer suporte emocional e em alguns exemplos até financeiro (por exemplo coletivos de mulheres brasileiras que distribuíram cestas básicas para mulheres e suas famílias que passavam por dificuldade durante a pandemia), oferecem também uma mudança na perspectiva de mundo das pessoas. Eu acredito que o diálogo e a troca de experiências é uma das ferramentas mais poderosas para a inclusão, pois esses diálogos fazem as pessoas perceberem quais são seus direitos e como eles estão sendo violados.

Um exemplo para mim é o movimento de aceitação do corpo. Cinco anos atrás eu me sentia muito sozinha quando falava sobre cultura da dieta e sobre como o que alguns chamam de ditadura da beleza” machuca as mulheres e a sociedade como um todo. Hoje em dia esse assunto é muito discutido, tenho a sensação que a pressão estética é algo que está diminuindo, cada vez mais as pessoas entendem que o belo é diverso. Claro, alguns dos problemas mais estruturais, como por exemplo os direitos reprodutivos, não estão evoluindo tão rápido. Porém, acredito que os coletivos feministas que continuam levantando a pauta eventualmente vão ser parte essencial nessa mudança. Afinal, são as mulheres e comunidade LGBTQI quem tem mais interesse em mudar nossas estruturas patriarcais. 

Quais são as causas que considera mais urgentes relacionadas ao feminismo e por quê? 

Os direitos humanos, como acesso à educação, saúde, moradia e segurança, claro, são os mais urgentes. Muitas pessoas não veem o gênero atrelado a esse tipo de problema mas, quando olhamos cada um desses direitos de perto, vemos disparidades de gênero atreladas. Claro que não significa, obviamente, que apenas mulheres sofrem por direitos humanos. Quando falamos sobre saúde, existe uma série de questões relacionadas à saúde reprodutiva e direitos reprodutivos, falta de acesso, sem contar a questão da saúde reprodutiva e dos temas que o The Call aborda. Quando falamos de educação, vemos mães que não conseguem se manter no mercado de trabalho pelo alto custo de moradia/escolas etc, ou até mães imigrantes que não podem cuidar de seus próprios filhos porque vieram para os EUA para trabalhar e mandar dinheiro pra casa. Quando falamos de moradia/acesso a direitos básicos, vemos um numero assustador de mães que estão deixando de ter filhos por questões financeiras (pelo menos nos EUA). Quando olhamos para segurança, vemos ainda uma taxa de agressão sexual, feminicídio alta e violência contra a comunidade LGBTQI+, e por aí vai.

De novo, não quer dizer que direitos humanos sempre estão ligados ao gênero, ou que solucionar questões de gênero significa solucionar todos os problemas de direitos humanos. O que quero dizer é que existem muitos direitos básicos que são negados a pessoas por cause de seus gêneros.

Uma das lutas do EmpowHer NY é acabar com o preconceito e racismo em algoritmos relacionados ao sistema de saúde. Em tempos em que algoritmos cada vez mais tomam conta da rotina pessoal e profissional, que os dados pessoais são vendidos e compartilhados entre governos e empresas sem sabermos a extensão, como é possível tornar a tecnologia uma aliada  em uma causa como essa?

Boa pergunta. Estou dedicando um semestre numa aula sobre esse information warfare,como algoritmos estão corrompendo muitas áreas da sociedade. Eu não tenho uma resposta final, até porque acredito que ninguém tenha. Mas sei que grande parte da solução esta em media literacy,” ou seja, as pessoas terem e exercitarem o senso crítico tanto quando consomem informação online (que percebam que o que consomem em mídias sociais é altamente viciante e direcionada), quanto quando disseminam informação (para evitar disseminar informações falsas). No mais, acho importante uma articulação de base para que as pessoas entendam o perigo de perdemos nossa privacidade.

O que significa engajamento atualmente? Qual é o significado e sentido de uma causa feminista? Acredita ser um conceito esgarçado, ou qual seria um novo contexto para ação? Como preparar novas gerações para um mundo mais igualitário?

Pergunta interessante, tenho a impressão de que muitas pessoas pensam apenas no mundo virtual quando falamos de engajamento, ultimamente. Imagino que isso tenha aumentado desde a pandemia também. Eu acho que o engajamento físico – estar em um evento, outras pessoas olho no olho, suas histórias e lutas, contatar representantes locais, se engajar em movimentos politicos, sociais e voluntárias presencialmente – fundamental. Um dos grandes desafios para as gerações futuras será como trazer o engajamento para o mundo offline. Muito da união e da articulação de grupos da população que tem desvantagem é oprimida; eu acho que vem necessariamente do contato humano. Claro, a internet é uma ferramenta incrível, e o engajamento virtual, seja por comentários, abaixo-assinados, consumo de conteúdo, etc tem muito valor. Apenas acho que apenas com o virtual não se muda muita coisa. 

Quais são seus próximos objetivos e planos para atual na comunidade?

Espero continuar contribuindo com artigos, mas gostaria de me envolver com eventos presenciais quando a pandemia passar. 

Yedda Araújo

Foto: arquivo pessoal

Yedda é formada em Publicidade e Propaganda pela Universidade Federal Fluminense (UFF), já falava inglês, francês e um pouco de italiano quando se mudou para Nova York, em 1998. Depois de muitos anos trabalhando com o público em restaurante e em loja, e tambécomo babá, realizou curso de formação em tradução na New York University (NYU). Há 10 anos é tradutora profissional afiliada à maior associação de tradutores dos EUA, a ATA (American Translators Association). Cinco anos foi aprovada na prova de intérprete para os tribunais do estado de Nova York e, desde então, tem trabalhado na área.

Já se dedicava a trabalho voluntário no Brasil e nos EUA antes de ingressar no EmpowHer New York? Caso sim, onde e como?

Eu já tinha feito trabalho voluntário em um hospital aqui em New York, uns 10 anos atrás. Ajudava os idosos irem e virem de suas consultas. 

Quais foram suas principais motivações para ingressar no EmpowHer NY? Desde quando ingressou e quais são suas atribuições na comunidade, como é a sua rotina? Você era parte do público-alvo e, em função de ter sido impactada, decidiu atuar mais ativamente?

Conheço a Ingrid Silva, a fundadora do projeto, há um bom tempo, antes do EmpowHer existir. Quando ele foi lançado, fui em um dos primeiros encontros do projeto. Achei a ideia super válida e importante, os debates nos encontros interessantes, mas sempre fiquei meio tímida para me manisfestar. Como eu recebo a newsletter, sempre estive a par do que elas estavam fazendo ou publicando. Meu olhode tradutora/revisora já tinha percebido alguns errinhos em textos, mas eu estava meio sem graça para falar algo, com medo de ser mal entendida. Um dia, tomei coragem e mandei uma mensagem para a Ingrid, dando uns exemplos. Ela na hora perguntou se eu gostaria de ser editora voluntária do blog e aceitei. Comecei em abril deste ano. Toda semana tem um texto novo publicado no blog e eu reviso, dou palpite, converso com a autora a respeito dele. 

Quais são os resultados deste trabalho que considera mais impactantes e por quê? Poderia citar algum envolvimento seu que tenha rendido algo bastante gratificante?

Sinceramente, só de ver mulheres tão competentes terem um espaço já é fantástico. blog pode não ser o mais lido do mundo, mas podemos chegar lá, né? Oprah não virou Oprah da noite pro dia… Um dos textos que mais me marcou foi a respeito de uma moça, Ariel Henley, que sofre da Síndrome de Crouzon. Recomendo a leitura.

Poderia falar sobre o projeto The Call? Por que é o projeto no qual está mais dedicada e se identifica? 

Já passei por episódios aqui de discriminação e de atendimento médico horrível, ou de baixa qualidade, onde as minhas preocupações e sintomas foram ignorados pelos profissonais de saúde. Uma vez cheguei a ouvir de um médico que os meus sintomas estomacais estavam somente na minha cabeça. Achei um absurdo e um desaforo. Aquele médico não levou a sério absolutamente nada do que falei. Tenho certeza de que se fosse outra pessoa, teria ficado acuada e sem diagnóstico. Fiz questão de fazer uma reclamação formal contra ele e de procurar outro médico. Logo depois, fui diagnosticada com IBS (irritable bowel syndrome), o que fez todo o sentido, já que sofro de enxaquecas (estomacais e de cabeça) há décadas. Mas isso foi graças à minha persistência. Mas não deveria ser assim.

Uma ginecologista (que não era a minha médica, mas uma substituta) também me deu um atendimento absurdo uma vez, olhando para mim de cima a baixo, me dando bronca em relação ao meu comportamento sexual (não ser casada e ter vida sexual), e pregando a religião dela. Também fiz queixa desta médica. Aqui nos EUA já passaram a falar nos últimos anos da discriminação no setor de saúde que as mulheres negras, hispânicas, todas que não são brancas, sofrem. Mas uma coisa é você ler um artigo, outra é você passar a ser parte dessa estatística.

Quais são seus próximos objetivos e planos para atual na comunidade?

Tenho uma amiga aqui em NY que é jornalista financeira e já pedi para que ela comece a escrever para o blog também. Acho que é muito importante abordarmos a relação que as mulheres têm com suas finanças, independência financeira, como isso pode ser usado em um relacionamento abusivo, etc.