Por Sabrina Ferrari e Gabriel Duarte para cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube

Um esporte muito conhecido pelos brasileiros ganhou espaço também nas Olimpíadas: o skate. A modalidade, que tem sua estreia marcada para agora, nos jogos de 2021, está levantando a ansiedade dos apaixonados pelas manobras radicais nas pistas. O que se sabe é que o Japão ficará pequeno para os talentos dessa atividade, que ao longo dos anos construiu uma comunidade por todos os cantos do mundo.

Agora esporte olímpico, o skate conta com duas categorias voltadas para o feminino e masculino em Tóquio: Street e Park. É hora de colocar o capacete, as cotoveleiras e as joelheiras para acompanhar os nomes brasileiros que participam das Olimpíadas. 

O skate é o mais jovem dos esportes estreantes. Nascido em 1950, nos Estados Unidos, a prática por muito tempo sofreu com o preconceito, sendo enxergada como atividade de desocupados e até mesmo usuários de drogas. 

Nesta edição, skatistas de 26 nacionalidades diferentes estarão competindo e buscando uma posição no pódio – e países como o Brasil, os Estados Unidos e o Japão, contam com atletas nas duas categorias disputadas. No Park há representantes de 18 países, e no Street, de 17. Nos jogos de Tóquio, 80 vagas se dividem de forma igual para as duas modalidades e cada país tinha a oportunidade de classificar até três atletas.

O trio de atletas do skate street que pode quebrar tudo

Neste domingo (25), se inicia a caminhada das brasileiras em Tóquio em busca de uma medalha olímpica na modalidade street do skate. Letícia Bufoni, Rayssa Leal e Pâmela Rosa competem. A fase classificatória feminina se inicia às 21h, e a final, com disputa pelo pódio, acontece algumas horas depois, já na madrugada de segunda-feira (26), às 00h25. 

O trio de atletas do street carrega consigo não somente habilidade e paixão pelo esporte, como também representatividade para outras tantas garotas que agora sonham com a chance de disputar os Jogos Olímpicos como skatistas, algo que até então não era uma possibilidade. A mais nova das três, Rayssa, mesmo aos 13 anos, já é referência no skate. E, com a participação em Tóquio, se tornou a atleta mais jovem de toda a história brasileira em Olimpíadas. 

No skate street a principal competição anual é o Campeonato Mundial de Skate, a Street League Skateboarding (SLS), criada pelo skatista profissional Rob Dyrdek em 2010, e que até 2014, era disputada apenas por homens. Quebrando tudo, já na primeira edição da competição feminina, em 2015, Letícia Bufoni foi a campeã, ficando na frente das americanas Vanessa Torres e Alana Smith. Nos três anos seguintes, a brasileira conquistou a segunda colocação no torneio. Em 2019, as outras duas representantes do Brasil em Tóquio garantiram os dois lugares mais altos no pódio. Pâmela Rosa ficou com o título, enquanto a fadinha, Rayssa Leal, alcançou a segunda posição – e detalhe, com apenas 11 anos. 

 

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O significado de ter atletas brasileiras em destaque no skate mundial é enorme. A participação feminina no esporte não perde mais espaço. Sai pela frente conquistando cada um deles, com apoio ou sem. As barreiras quebradas pelas skatistas das décadas de 70, 80 e 90 resultam no cenário que vemos hoje: brasileiras entre as líderes do ranking de melhores skatistas do mundo, batendo recordes e revolucionando o street. 

Há 34 anos, Leni Cobra, lendária skatista brasileira, levava manobras como flips, fakies e rockslides para as disputas e se tornava a primeira mulher a conquistar o título brasileiro de skate street. Hoje, Letícia Bufoni é a maior medalhista de X-Games e se tornou até personagem de videogame. No jogo Tony Hawk’s Pro Skater, ela é uma das atletas selecionáveis para jogar e executar as mesmas manobras que um dia vieram às competições de street brasileiras por meio das remadas de Leni. Pois é, elas chegaram longe.

Além da chance enorme de conquista de pódio pelas brasileiras no Street, há ainda a possibilidade de que esse pódio seja composto por três atletas do Brasil, o que eventualmente seria algo inédito na história olímpica do país. Assim, como elas alcançaram passos largos em suas carreiras, que flutuem nas rampas e obstáculos como de costume, divirtam-se e, de quebra, apenas saiam das pistas em Tóquio com as medalhas de ouro, prata e bronze penduradas no pescoço.