Avanço da extrema-direita: em busca de um culpado
Uma reflexão sobre as lutas sociais no século XXI
Participo de um grupo de whatsapp com amigas e amigos de esquerda que não têm na política sua atividade principal. Confrontado com os resultados das eleições europeias na semana passada, quando a extrema direita conquistou vitórias importantes em países como Itália, Polônia, Áustria, Alemanha e França, um deles cravou: “Isso é resultado das políticas identitárias”. A partir de então, iniciou-se uma interessante discussão sobre como cada um via as lutas sociais no século XXI. Alguns reivindicavam um “retorno à luta de classes” enquanto outros defendiam “o direito de lutar pelo que cada um considera justo”. Sem saber, o grupo discutia qual a tática mais adequada para as esquerdas num momento de mudanças tão aceleradas e profundas quanto as que estamos vivendo.
Por trás do apelo do “retorno à luta de classes” está a enorme impotência de ver parcela cada vez mais expressiva das trabalhadoras e trabalhadores depositando sua confiança nos populistas de extrema direita. “Como assim os partidos socialistas não lideram mais a classe operária?” grita uma voz interior. Diante disso, é preciso encontrar um culpado. E, claro, os responsáveis pela derrocada dos socialistas não poderiam ser outros, senão as mulheres, negros e negras, pessoas LGBTs, imigrantes… Essa gente que coloca seus interesses particularistas acima da missão redentora da classe trabalhadora de derrubar o capitalismo. Através desse raciocínio se absolve a velha esquerda que abraçou o neoliberalismo enquanto os trabalhadores deixavam de se reconhecer como classe. E pior: assume-se o mesmo raciocínio da extrema direita, que promete a volta a um passado de ordem e autoridade, enquanto o paquidérmico militante que culpa as lutas por reconhecimento pelo ascenso da extrema direita clama por uma volta à era dourada da Guerra Fria quando o socialismo era uma ameaça real à ordem do capital.
Defendo a posição de que as lutas por reconhecimento – as mal chamadas “pautas identitárias” – não tem responsabilidade direta pelo avanço da extrema direita. Uma análise verdadeiramente marxista reconheceria que o fortalecimento de uma corrente reacionária com influência de massas tem a ver mais com fatores políticos e econômicos que culturais.
Vamos lembrar: foram as forças de centro – à esquerda e à direita – que depois da crise econômica de 2008 lideraram as políticas de ajuste contra os mais pobres para salvar os bancos. Os partidos socialistas (convertidos desde os anos 1990 ao social-liberalismo) são hegemônicos entre os trabalhadores e trabalhadoras pelo menos desde o pós-guerra – com exceção da Itália, onde os comunistas conquistaram uma enorme influência em comparação com outros países da Europa Ocidental – e jamais colaram no centro de suas agendas as lutas por reconhecimento. Governaram muitas vezes nas últimas décadas. Por que então culpar a luta ambiental, feminista ou antirracista pelo avanço do populismo de direita?
O raciocínio é similar ao de uma parte da esquerda que culpa o movimento feminista pela vitória de Bolsonaro em 2018. As manifestações que tomaram o Brasil com bandeira do “Ele não” foram organizadas basicamente pelas feministas dos partidos de esquerda que colocavam no centro do debate questões estruturais e não “identitárias”. Mesmo assim, não foram poucos os que atribuíram a vitória de Bolsonaroàquelas manifestações, ignorando um contexto muito mais complexo. É como se uma eleição que ocorreu num ambiente de absoluta criminalização da esquerda, com o líder nas pesquisas preso e impedido de concorrer, diante de uma onda de extrema direita mundial (Trump havia vencido pouco antes nos Estados Unidos) e com um candidato vítima de um atentado poucos dias antes da eleição pudesse ser vencida caso não ocorressem manifestações lideradas por mulheres de esquerda pela democracia.
Essa narrativa, no entanto, é funcional. Através dela é possível absolver os partidos de centro-esquerda diante do fracasso de sua tática de adaptação ao sistema, abandono dos instrumentos de organização popular e territorial, adesão ao discurso da estabilidade fiscal e submissão ao conservadorismo moral. Ora, se a culpa pelo avanço da extrema direita é das “lutas identitárias” não há razão para promover qualquer autocrítica.
Numa clássica passagem em que aborda a perda de capacidade dirigente das classes dominantes, Gramsci observa que a crise se consolida justamente quando “o velho morre e o novo não pode nascer: neste interregno, verificam-se os fenômenos patológicos mais variados”. O que vemos na etapa histórica aberta com a falência da globalização neoliberal representa exatamente esse momento de crise de hegemonia das classes dirigentes e suas formas de dominação. Diante da incapacidade de manter sua legitimidade frente às maiorias sociais, a ditadura da economia de mercado se impõe pela força e o consenso em torno da democracia liberal deixa de fazer sentido. Nesse claro-escuro surgem as “formas mórbidas” – de Trump a Bolsonaro – e novos atores ganham a cena, colocando em xeque a hegemonia do consórcio que geria o sistema. A adesão das forças do centro político à agenda da austeridade deixou o vácuo que ora é ocupado por novas forças de extrema direita que bradam contra o “sistema” ou a “casta política” como a esquerda radical fazia alguns anos atrás.
A rebeldia se tornou de direita?
A pergunta acima dá título ao livro do historiador argentino Pablo Stefanoni que pesquisa as novas forças da “direita alternativa” que propõem uma crítica ao sistema, ao progressismo e ao politicamente correto. Como já mencionado, essas novas direitas propõem o que Marina Garcés chama de “retroutopia”, onde o futuro é imaginado apenas como volta a um passado de ordem e prosperidade, diferente do caos multicultural que a esquerda oferece no reino da liberdade representado pelo socialismo. Nesse contexto, o sentimento que mobiliza os afetos é o medo e não a esperança. Um instinto primitivo que está entranhado em cada pessoa.
Mas nem sempre esse medo é reacionário. Muitas vezes ele expressa tão somente as incertezas de um presente de mudanças cada vez mais aceleradas e de um futuro cada vez mais incerto. Vejamos um caso largamente analisado como arquétipo de vitória da direita alternativa no Reino Unido. Em junho de 2016, 51% dos britânicos decidiram, através de um plebiscito, que o país deveria deixar a União Europeia. Esse resultado pode ser explicado pela insatisfação popular com as políticas tecnocráticas dos governos e sua associação à ideia de “subordinação” da Inglaterra à União Europeia e seus efeitos sobre os processos de globalização financeira, deslocalização industrial e aumento da imigração e do desemprego.
Segundo o sociólogo espanhol Manuel Castells, “os partidários do Brexit centraram sua mobilização num objetivo fundamental, que dominou toda a campanha do referendo: retomar o controle do destino do país pelos próprios britânicos. Ou seja, uma reafirmação da soberania nacional. Não foi um nacionalismo de cunho imperial, ancorado na nostalgia de um passado glorioso, mas um reflexo defensivo buscando proteger o direito de estar em casa sem interferências”.
Um certo pragmatismo alimentou a rejeição à presença do Reino Unido na UE. A integração regional passou a ser associada à imigração desenfreada e, consequentemente, à concorrência entre os trabalhadores ingleses e estrangeiros. É uma perspectiva conservadora, na medida em que se insurge contra a integração de povos e culturas, mas também expressa as incertezas com os efeitos da globalização, o domínio do mercado sobre os fluxos migratórios e, em última instância, sobre a vida dos cidadãos no neoliberalismo. O elemento cultural representado pelo preconceito contra árabes e africanos, também é mobilizado, não há dúvida, mas de forma interdependente em relação à insegurança em relação às condições materiais de vida. A incapacidade dos partidos do establishment em responder a esse mal-estar provocou uma rejeição maciça à posição defendida pelos três maiores partidos do Reino Unido, todos europeístas.
O voto em favor do Brexit expressou o sentimento dos que se sentiam abandonados à própria sorte e marginalizados pela aceleração das mudanças tecnológicas, econômicas e institucionais. Ao notarem que as instituições não acompanhavam adequadamente essas transformações, os indivíduos aderiram à negação da globalização, identificada com a perda de soberania em favor das instituições supranacionais. Por isso, é incorreto associar automaticamente o massivo apoio ao Brexit a posições de extrema direita, como insistiram certas análises à época. Basta notar que o Partido da Independência do Reino Unido (Ukip, na sigla em inglês), que liderou a campanha pelo Brexit, teve um desempenho eleitoral pífio nas eleições legislativas que se seguiram, perdendo o único assento que possuía no parlamento.
Nas mesmas eleições após o plebiscito, os trabalhistas, então sob a liderança do veterano Jeremy Corbyn, conhecido por rejeitar abertamente as posições de Blair, tiveram um desempenho extraordinário, conquistando mais de 40% dos votos (2% menos que o partido de Theresa May). A plataforma de Corbyn apontava em sentido oposto àquele defendido pelos partidos da ordem, incluindo o New Labour de até pouco tempo antes. Ele propunha nacionalização de setores estratégicos da economia, como energia e transporte, aumento dos gastos públicos em educação, saúde, habitação e políticas urbanas, gratuidade das matrículas nas universidades, tudo financiado com o aumento de impostos para bilionários e grandes empresas. A campanha de Corbyn tornou-se uma febre entre os jovens, cansados das velhas promessas de sempre, e angariou apoio massivo também entre os operários abandonados pelo novo trabalhismo de Tony Blair.
O resultado das eleições europeias pode ser lido no mesmo diapasão. O “consenso” em torno dos mecanismos de gestão macroeconômica e das instituições supranacionais de uma União Europeia pouco democrática dá evidentes sinais de fadiga. A crise do projeto europeu reforça tendências de afirmação da identidade nacional, que derivam em toda sorte de posições reacionárias. Esse, aliás, não é um fenômeno puramente europeu, ainda que lá o contexto de crise migratória o agrave sobremaneira. Como lembra Nancy Fraser, essa situação não se manifesta apenas pelo fortalecimento de movimentos de extrema-direita, naturalmente mais próximos do senso comum, mas também no surgimento de novas forças de esquerda. Ela lembra que “a hegemonia tem a ver com a autoridade política, moral, cultural e intelectual de uma determinada visão de mundo – e com a capacidade dessa visão de mundo de se incorporar em uma aliança durável e poderosa de forças sociais e classes sociais”. O neoliberalismo e seu sistema político desfrutaram dessa hegemonia por várias décadas. Agora, no entanto, sua autoridade está severamente enfraquecida, sem que haja uma alternativa madura o suficiente para tomar seu lugar. O velho começa a morrer sem que o novo tenha ainda surgido. E isso não pode ser atribuído às lutas emancipatórias que ganharam fôlego nas últimas décadas.
O ano de 2011 registrou um pico de protestos que têm como característica comum um claro enfrentamento ao neoliberalismo. O principal foco desses protestos foi o norte da África com a chamada “Primavera Árabe”. Na Europa, essa onda teve mais peso na Espanha, com o movimento dos “indignados” e o grande protesto convocado para o dia 15 de maio de 2011. Motivados pelo lema “democracia real já!” os indignados construíram um acampamento no centro de Madri e estimularam manifestações semelhantes na Grécia, França, Portugal, Itália e fora do continente europeu, como Japão e Estados Unidos. No coração do sistema financeiro, em Nova York, um movimento intitulado Occupy Wall Street tomou dimensões multitudinárias meses depois do surgimento dos indignados espanhóis. Esses movimentos representaram uma resposta ao esgotamento da democracia representativa e do modelo neoliberal. Resumir essas explosões sociais à simples “manipulação imperialista”significa renunciar à oportunidade de reconhecer nelas os sintomas de desgaste do neoliberalismo que anunciam. Em outras palavras, significa ser mais pró-sistema que antissistema.
Crise e Hegemonia
A crise de legitimidade dos sistemas políticos se aprofundou nos últimos anos na medida em que os atores que davam estabilidade às instituições representativas, particularmente os partidos de centro-esquerda e centro-direita, se comprometeram de tal forma com a gestão dos interesses do mercado que passaram a ignorar as demandas da maioria dos cidadãos. Esse vazio de representatividade foi o que permitiu o surgimento de novos atores políticos à direita e à esquerda. A pergunta que deveríamos estar fazendo é “onde as novas forças de esquerda falharam diante da oportunidade que se abriu?” e a partir daí evitar os mesmos erros e tomar um caminho diferente.
Alguns dirão, é claro, que faltou “classismo” à essa nova esquerda, distante dos instrumentos tradicionais de organização política como os sindicatos. Mas o fracasso do Syriza na Grécia pode ser atribuído às lutas por reconhecimento? E o que dizer da derrota de Corbyn no interior do New Larbour ou das divisões do Podemos na Espanha? Foram culpa do fortalecimento das lutas de setores sociais historicamente subalternizados?
Quando escreveram Hegemonia e Estratégia Socialista, Chantal Mouffe e Ernesto Laclau tinham como principal esforço o combate à perspectiva de que as práticas contra-hegemônicas dependiam da posição ocupada pelos sujeitos na estrutura econômica. Para eles, ao invés de pensar a ação política a partir de uma classe que existiria a priori, tratava-se de criar uma vontade coletiva para a constituição de um “povo” que tomaria forma através de uma construção discursiva, opondo um “nós” eum “eles” através de uma fronteira política, dividindo a sociedade em dois campos e apelando à mobilização dos excluídos contra aqueles que estão no poder. Essa é a base do chamado “populismo de esquerda”.
Essa fórmula compreende que para apreender o papel do discurso democrático na constituição das subjetividades políticas é necessário “entender que as identidades políticas não são a expressão direta de posições objetivas na ordem social”. Portanto o simples apelo ao “retorno à luta de classes” ignora que a classe se faz compartilhando outras identidades. Decidir que agora o centro da ação política da esquerda são as fábricas ou o trabalho junto aos motoristas de aplicativos não fará brotar uma consciência de classe instantânea entre esses trabalhadores. É uma noção vazia – e um pouco tola – do que é a classe e como ela se faz enquanto tal.
É preciso reconhecer, no entanto, que a proposta do populismo de esquerda também tem limites. Embora mostre-se válida para rejeitar uma perspectiva messiânica em relação ao destino de uma classe trabalhadora profundamente fragmentada e impactada pela restruturação neoliberal das relações de produção, ela pode acabar secundarizando os conflitos econômicos. A própria Chantal Mouffe reconhece isso ao afirmar que “o processo de radicalização da democracia inclui necessariamente uma dimensão anticapitalista, pois muitas formas de subordinação, que precisam ser desafiadas, são consequência das relações capitalistas de produção”. É fato que os movimentos sociais analisados por Mouffe e Laclau nos anos 1980 clamavam pelo reconhecimento de suas reivindicações diante de organizações políticas que secundarizam lutas como o feminismo como forma de manter privilégios dentro dos próprios partidos. Mas ela mesma admite que “a situação hoje é oposta àquela que criticamos há trinta anos e agora são as demandas da classe trabalhadora que são negligenciadas”.
A incorporação por parte do sistema do capital às demandas por reconhecimento de muitos movimentos sociais deu origem àquilo que Nancy Fraser chamou de “neoliberalismo progressista”. Com isso, os defensores da terceira via, notadamente Bill Clinton e Tony Blair, criaram uma “formação política hegemônica” que se tornou o projeto sucessor da social-democracia ao estilo New Deal. Mouffe compartilha dessa análise. Para ela “ao aceitar o dogma de que não haveria alternativa à globalização neoliberal, os governos e partidos de centro-esquerda acabaram implementando uma“versão social-democrata do neoliberalismo”.
No entanto, a aposta de que as lutas por reconhecimento estavam destinadas a se tornar a forma paradigmática de articular as demandas por justiça e identidade, suplantando a identidade de classe como motor crucial da mobilização política, não gerou a articulação de uma forma hegemônica alternativa como previa Mouffe, uma vez que o reconhecimento não substituiu, em particular nos países da periferia e semiperiferia do capitalismo, o lugar da redistribuição como objetivo central da transformação social. É Nancy Fraser quem propõe uma estratégia para enfrentar os limites do populismo de esquerda, numa perspectiva interseccional. Ela defende que “se a esquerda espera reviver a ideia da classe trabalhadora como força dirigente dentro de um novo bloco contra-hegemônico, teremos de imaginar essa classe de uma nova maneira – interseccionalmente, se preferir – e não restrita a uma maioria étnica branca de homens heterossexuais, trabalhadores de manufatura e da mineração, mas englobando todas essas outras ocupações – remuneradas e não remuneradas – e englobando massivamente imigrantes, mulheres e negros”.
Por isso a crítica fundamental deve ser endereçada não às estratégias que buscam incorporar as políticas de reconhecimento, mas àquelas que fazem isso ignorando que direitos só podem ser plenamente assegurados pela superação do neoliberalismo. Afinal, nenhum aspecto ou dimensão da realidade social pode teorizar-se à margem – ou com independência – da totalidade na qual está inserida. É impossível teorizar sobre “a política” assumindo que ela existe numa espécie de limbo à margem das realidades da vida econômica, como sugerem os ideólogos do liberalismo. Outra, no entanto, coisa é reconhecer que a classe trabalhadora hoje é muito mais diversa e complexa do que era cinquenta anos atrás e que, como aponta corretamente os defensores do populismo de esquerda, a identidade dos sujeitos se faz em múltiplas camadas. Como afirma Poulantzas, a ideologia não consiste somente ou simplesmente num sistema de ideias ou de representações, mas também numa série de práticas materiais extensivas aos hábitos, aos costumes, ao modo de vida dos agentes, e assim se molda como cimento no conjunto das práticas sociais.
É preciso reconhecer, portanto, que os novos partidos e movimentos que ocuparam espaço político na Europa nos últimos anos não surgem apenas pela presença das desigualdades nem por cálculos racionais de interesses. As mobilizações envolvem tanto a ação estratégica – oriunda de condições materiais determinadas – quanto a formação de identidades coletivas e solidariedades que se identificam com a rejeição ao modelo político e econômico, pela promessa de restabelecimento da ordem perdida, pela ausência de identidade com os sistemas políticos etc. Portanto, é natural que a crise da velha ordem adote múltiplas formas, que vão desde a subversão das instituições da democracia liberal até a renovação aparente e transitória da representação política através da cooptação de projetos de mudança.
No entanto, para que a proposta populista mantenha uma lógica explicativa, sua “construção discursiva” deve pressupor um contexto político decorrente de relações sociais antagônicas reais, de oposições de interesses articulados para nomear determinadas experiências da vida concreta: por exemplo, o “povo” em oposição à “elite”, os ricos contra os pobres, “nós” em oposição a “eles”.
Em outras palavras, para garantir a formação de articulações hegemônicas, é necessário conectar-se com as vivências antissistêmicas que explorados, oprimidos, excluídos e violentados vivem todos os dias. Compreender a opressão de um Estado que tudo exige e nada garante; a ação de uma polícia que trata pobres como criminosos; as relações injustas e opressivas de trabalho; as humilhações que o machismo impõe às mulheres todos os dias; às ameaças ao ideal de felicidade representado pela família. Uma visão que articule economia e cultura, política e vida cotidiana. Sem isso só nos restará encontrar culpados na próxima derrota.