Arte como forma de luta: Manifestações artísticas e problemas sociopolíticos
Diante da truculência policial e governamental que foi seguida por anos com a sociedade brasileira, existe dentro de nossas raízes a necessidade de estar procurando novos espaços para conscientizar a população devido a algum problema na conjuntura social e política. Em meados de 2014 até os dias de hoje, formas artísticas diferentes foram sendo criadas e divulgadas na perspectiva de levar a sociedade junto a luta.
Pelo Estudante NINJA Artur Nicoceli
A educação sofreu e sofre diversas alterações mediante as políticas públicas apresentadas pelos deputados que propõem o sucateamento continuo das escolas e universidades brasileiras. Para citar alguns, lembremos do reajuste e realocação das escolas públicas em 2015/2016, do desvio da merenda escolar, do congelamento de verba em 20 anos (PEC 241 ou PEC55) ou do corte de investimento nas universidades.
No entanto está dentro da raiz brasileira lutar pelos seus direitos e questionar seus governos. É quando atos e manifestações vem a tona e vemos correntes divergentes de pensamento irem para ruas em dias diferentes, mesmo que ocupem o mesmo lugar.
Um exemplo é a Avenida Paulista que se tornou marco nas lutas contra os 0,20 centavos em 2013, adverso à prisão do lula e as opiniões ditatoriais do governo Jair Bolsonaro, ao mesmo tempo, os considerados conservadores também usaram da mesma avenida para solicitar o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, a volta de um governo militar, entre outras crenças.
Felizmente, há espaço que os “tradicionalistas” não conseguiram embarcar: A arte.
Mesmo que alguns artistas apoiem as opiniões retrógradas de políticos como os do PSL, seus produtos artísticos não conseguem levar uma mensagem direta. É orgânico de nossos corpos as ações como no “Festival Record” no manifesto “arte contra barbárie”.
Foto: Tuane Fernandes / Mídia NINJA
Lucas Kóka é um desses artistas que atualmente se tornou símbolo nas manifestações e ocupações das escolas públicas, ao mesmo tempo que foi campeão do “Slam da Resistência”, uma roda de poesia em que qualquer pessoa pode recitar suas angústias e receios. Koka chegou até a competir internacionalmente, e manda: “Pois é Brasil, eu nunca tive um boot de mil, mas no sistema eu vou tentar dar uma bota, que eu quero ver meu bem, quando no ENEM eu tirar cem, eles falarem que foi cota”.
Em entrevista para a Mídia NINJA, Kóka afirma que a arte tem esse intuito de engajar a sociedade e introduzi-la a várias problemáticas. Por meio dela os brasileiros podem lutar juntos em prol de algo melhor. Sendo registrado como voz dos secundaristas, ele também comenta o incômodo em ser esse símbolo, já que em todos os momentos, das ocupações até em suas apresentações esteve junto com alguém: “Quando eu criei a música, quem me ajudou foi o meu parceiro Fuinha e ele não levou tanto o crédito da produção. A diferença é que hoje ele tá preso devido a esse sistema que nos empurra para baixo (…), o símbolo da luta são mãos unidas, e não rostos. A democracia centralizada não funciona”.
Outro exemplo é música “Ninguém tira o trono do estudar”, cantada pelos cantores Chico Buarque, Dado Villa-lobos, Tiago Iorc, Zélia Duncan e mais 15 artistas escrevam em apoio ao movimento de ocupação e resistência dos estudantes lançada no YouTube. Eles afirmam que o ensino deveria ser de todos, no entanto, diante das políticas públicas aplicadas é necessário que se perca o sono e continue a lutar.
O teatro também foi um ambiente que os estudantes adentraram com a perspectiva de realçar e reafirmar a truculência que eles sofreram politicamente e fisicamente durante os atos e ocupações que fizeram. A ColetivA Ocupação é formada por ex secundaristas que perceberam a necessidade de manter esse calor das ocupações e foram para os palcos apresentar “Quando Quebra Queima” uma peça que tem como preceito demonstrar o porque de sabotar as velhas estruturas.
Enveredando para as ações cinematográficas a diretora Eliza Capai com produção de Mariana Genescá fez o filme/documentário “Espero tua Re(Volta)”, que conta a história dos secundaristas e universitários de 2013 até a vitória do atual presidente Jair Bolsonaro. O filme é narrado por estudantes (um deles é o próprio Lucas Kóka). O longa já conquistou o prêmio da Anistia Internacional e o da Paz no Festival Internacional de Cinema de Berlim.
Enquanto a direita está há anos na busca da conquistar por (mais) poder, sem dialogar com a sociedade brasileira, o movimento de esquerda tenta encontrar caminhos de como unificar a população por direitos, incluindo o de um ensino público de qualidade. A arte, é um deles.