Por União Vegana de Ativismo (UVA)

A tragédia dos animais que morreram afogados dentro dos pet shops Cobasi e Bicharada, em Porto Alegre, são exemplos do que acontece quando animais são considerados mercadorias. 

Recentemente descobrimos o caso do pet shop Bicharada, no centro de Porto Alegre. A loja foi trancada dia 09/05, por causa das enchentes na cidade, e os animais ficaram presos lá dentro. Depois de uma denúncia no dia 15/05, voluntárias entraram na loja para tentar resgatar os animais, mas muitos já estavam mortos. Nas palavras das voluntárias que resgataram os sobreviventes, alguns estavam em estado deplorável.

Dias depois, foi exposto o caso do pet shop Cobasi, no shopping Praia de Belas e na Avenida Assis Brasil. Todos os animais que estavam na loja do shopping morreram afogados no alagamento do dia 03/05. Quando funcionários do shopping afirmaram que a Cobasi foi informada do risco de alagamento e tinha sido autorizada a entrar no local, mas que a gerência da loja preferiu não resgatar os animais, o caso gerou revolta.

Por que um pet shop foi trancado com animais vivos lá dentro se as pessoas responsáveis sabiam que a água estava avançando? Por que a gerência de outro pet shop se recusou a fazer o resgate dos animais, se era possível salvá-los? Foi cruel e calculado, porém previsível. Quem lucra com a venda de animais pode chegar à conclusão que, em certas situações, mantê-los vivos representa um prejuízo maior pro seu bolso do que deixá-los morrer. Provavelmente evacuar os animais dos pet shops e alojá-los em outro local custaria mais do que comprar novos animais para substituir os que morreram. 

O fato que o proprietário do pet shop Bicharada tenha registrado denúncia por “furto”, contra as voluntárias que resgataram os animais, isso confirma o tratamento reservado aos animais na nossa sociedade: só é possível furtar objetos. Se pessoas tivessem sido trancadas em um porão durante as enchentes e fossem resgatadas, seria um gesto heroico. 

Enquanto continuarmos aceitando que outros animais sejam considerados como mercadoria, eles continuarão a ser descartados cruelmente quando os humanos que lucram com suas vidas acharem mais economicamente viável deixá-los para trás. 

Se você fica consternada da forma com que alguns animais são tratados, se percebe o quanto sente empatia por eles e não os quer sofrendo, pode perceber também que existe uma estrutura social que os condena a ser objetos para nosso uso. Situações como essas mortes, o resgate do cavalo “Caramelo” nesse mesmo período de enchentes, o tombamento com os porcos no Rodoanel na Grande São Paulo, a invasão do Instituto Royal em São Roque, possibilitaram que muitas pessoas fizessem conexões e resolvessem ser defensoras dos animais e se tornaram veganas.  

O resgate do “Cavalo Caramelo” causou comoção no Brasil e foi noticiado internacionalmente. Foto: Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul

Diante da indignação causada por essas tragédias, acreditamos que muitas ações podem ser realizadas. Somos maioria a desejar o que em alguns países já é uma realidade: o fim da venda de animais em pet shops. Precisamos acabar com a mercantilização de vidas animais e comércio de seres vivos que sentem dor, medo, angústia, fome, frio e desespero, exatamente como nós. Animais não são mercadoria!

Não compre animais. Nem de pet shops, nem de criadores e nem de canis. Você estará apoiando e fortalecendo o sistema que considera animais como mercadorias. Há animais domésticos de todos os tipos que precisam de um lar onde terão proteção durante a sua vida em qualquer cidade do Brasil. Basta procurar grupos de proteção em busca de um animal para adotar. Os outros animais são nossos companheiros de jornada na Terra, não produtos vendidos em lojas e descartados quando deixam de dar lucro.

Se achar que faz sentido e tiver condições, colabore financeiramente e/ou como voluntário junto a organizações de proteção animal e de militância vegana. Engaje-se em incidência política pelo fim da venda de animais e participe de ações diretas contra a indústria da exploração animal e pressione suas candidaturas ou políticos eleitos para que incluam ações e legislações de consideração moral aos animais. Dentre outras possibilidades, se organize, ou junte-se a nós e não deixem ninguém para trás!

Esse cavalo em Canoas/RS ficou pra trás, assim como os animais nos pet shops de Porto Alegre. Foto: Reprodução TV/Rede Globo