A marginalização dos adolescentes na política brasileira
Por Stella Gianna Zanelatto Junqueira para os Estudantes NINJA
Por Stella Gianna Zanelatto Junqueira para os Estudantes NINJA
Em abril de 2022, muitas campanhas foram realizadas para estimular os jovens de 16 e 17 anos a tirarem os títulos de eleitores. Isso ocorreu depois de o TSE ter divulgado um dos menores índices de novos eleitores dos últimos vinte anos. Assim, surgiu na internet, em contas de jornais e personalidades públicas do Instagram com posicionamentos de esquerda e anti-bolsonaristas, o questionamento sobre a participação dos jovens na política atual brasileira: por mais que a internet democratize de certa maneira o conhecimento, inclusive o político, e que os jovens tenham mais consciência e acesso, tanto isso não é uma regra geral, como também não adianta sem espaço político concedido dos adultos para os jovens.
Durante a história, os jovens participaram de muitos cenários. Nas Jornadas de Junho, em 2013, por exemplo, os protestos ocorreram nas ruas e na internet e contaram com a ajuda de grande parte da população brasileira, principalmente das camadas mais populares. Contudo, relatos de jovens negligenciando a política sobrepõe relatos com este. Outra maneira de percebermos como os adultos brasileiros subestimam as ações de jovens, é por um relato que envolve Greta Thunberg, ativista climática. Após criticar a gestão climática e a relação de Jair Bolsonaro com os indígenas, o presidente rebateu seu comentário a chamando de “pirralha”. Para comprovar que não é apenas o presidente que pensa dessa maneira, seu porta-voz, Otávio Rêgo Barros, acrescentou: “Onde que o presidente foi inadequado ou descortês com a Greta? Ela é uma pirralha, ela é uma pessoa de pequena estatura e é criança.”. Como de costume, os apoiadores do presidente aproveitaram a chance para emitirem todos os discursos de ódio para a menina, que, na época, tinha 16 anos, até mesmo criando fake news sobre a mesma.
Porém, essa questão não está apenas na responsabilidade de Bolsonaro e seu governo. Na verdade, o tópico de adolescentes na política abrange, também, as escolas e a economia. Espera-se que os jovens saiam do ensino médio, com 17, 18 anos e já saibam como manter uma vida sozinhos, mas mal ensinam a função de um deputado estadual, sem pensar em como orientações sobre quem colocar no poder, como ler informações reais, entender a realidade do Brasil são fatores importantes para os adolescentes entenderem qual é o melhor jeito de se exercer política. Ou esquece-se que existem 28 milhões de pessoas, jovens ou não, segundo o FGV Social, que antes de se preocupar com seus votos ou em se filiar a um partido, devem se preocupar em conseguir emprego para ajudar os pais, por exemplo.
Importante ressaltar também que se jovens não se virem representados pelos políticos, pouco vão se importar em escolher. Em um país onde mulheres representam 51% da população, como pode se ter apenas 12% de representantes em cargos de 1º escalão no governo federal atual, como dizem os dados do site Poder360? Além disso, existem ideologias e políticas atuais que não estão correspondendo com os desejos dos jovens.
Então, deve-se sim incentivar o jovem a entrar mais na política, mas se deve pensar muito antes de cobrá-los pela pouca participação, pois muito não está nas mãos deles. É papel dos adultos ativistas se comunicarem de outra maneira com a população mais jovem, fazendo questão de incluí-los em questões políticas. É necessário que o sistema educacional brasileiro, a partir de reformas e políticas públicas, insira a política no currículo escolar. Além disso, o estigma de doutrinação deve ser derrubado da sociedade, pois discutir política, dentro dos direitos humanos, é necessário, democrático, dever e direito de todos que a exercem.
Por Stella Gianna Zanelatto Junqueira