A história de Bia: o legado que as atletas brasileiras deixam vai além das olimpíadas
Por Deisy Nascimento Marta é uma jogadora de futebol alagoana que faz parte da seleção brasileira feminina. Ela foi eleita seis vezes a melhor do mundo pela Fifa e foi às Olimpíadas de Tóquio em busca, com as outras jogadoras, do tão sonhado título olímpico. Infelizmente não deu, mas o legado que estas atletas deixam […]
Por Deisy Nascimento
Marta é uma jogadora de futebol alagoana que faz parte da seleção brasileira feminina. Ela foi eleita seis vezes a melhor do mundo pela Fifa e foi às Olimpíadas de Tóquio em busca, com as outras jogadoras, do tão sonhado título olímpico. Infelizmente não deu, mas o legado que estas atletas deixam vai muito além dessa competição.
A jogadora brasileira é inspiração para a nova geração de meninas que se apaixonam pelo futebol, a exemplo da Anna Beatriz Gomes, a Bia, de 12 anos de idade, que assim como Marta é alagoana. Essa paixão pelo futebol começou quando ela tinha aproximadamente quatro anos. “Quando eu brincava de bola com a minha avó Lourdinha e acompanhava meu pai nos seus jogos, aguardava ansiosa pelo final da partida para brincar de bola com ele no campo, onde dei meus primeiros chutes, passes e toques. Me encantei com o esporte, pois para mim ele representa muita união e trabalho em equipe. É o lugar onde eu realmente me sinto feliz. Para mim, esporte não tem gênero, não importa qual seja”, disse a jovem atleta.
Bia reforça que Marta é sua grande inspiração e gosta muito da história de vida da atleta e do incentivo que ela dá às meninas, inclusive para si.
“Gosto muito do jeito que ela luta por igualdade. Para minha família ela é um exemplo de humildade e força, por isso, quando eu me encontrei com ela estava tão surpresa e feliz que não conseguia falar uma palavra, foi realmente um sonho, assim quando ela começou a me acompanhar nas redes sociais, parecia que eu ia explodir de tanta felicidade”.
A mãe da Bia, Anna Fernanda, é uma grande incentivadora da filha. É uma menina que respira futebol e fez todos da família viver esse sonho junto com ela. No começo parecia que era apenas uma fase e que por ser tão apegada ao pai queria algo em comum para dividir seus momentos com ele. Mas, a brincadeira foi ficando séria e fomos percebendo que ela tinha recebido esse presente de Deus que é a vocação, o dom de jogar bola como uma menina. Tentei ginástica e outros esportes, entretanto ao descobrir que no intervalo da escola ela jogava com os meninos futebol com bola de papel não deu mais para impedi-la de viver esse sonho”, revelou a Anna.
A mãe da jovem atleta contou que não é fácil lidar com alguns olhares preconceituosos quando se trata de meninas jogando futebol. “Tivemos muitos medos e preocupações por ela ser menina, driblamos várias vezes o preconceito e a falta de apoio e estrutura na cidade onde moramos em relação ao futebol feminino”, disse. “Hoje não sinto apenas o orgulho por ter uma filha tão habilidosa para o esporte como também ela passou a incentivar muitas meninas, inclusive de outros lugares do país que falam com ela diariamente pelas redes sociais, que se inspiram nela ou que não têm o apoio que ela tem e que sonham em jogar também. E ela sempre tem uma palavra carinhosa e motivadora para todas que a procuram. Queremos que ela seja feliz, é apenas uma criança mas muito focada e determinada no que quer, apesar de não sofrer nenhuma pressão da nossa parte para ser jogadora. Pelo contrário, sempre, quase que diariamente falamos para ela que ela continuará enquanto ela quiser no futebol e ela fala que quer continuar para sempre”.
O sonho da Bia é tão grande que ela quer ir além e mesmo nas dificuldades como todos os pais que querem a felicidade de seus filhos, eles tentam dentro do possível ajudá-la. Recentemente, Bia foi para São Paulo, onde participou de sua primeira avaliação no Centro Olímpico. Ela continua sendo avaliada e precisará voltar para São Paulo em agosto a fim de concluir o processo e saber se entrará ou não para o time.
Um pai orgulhoso, este é o Thiago Lopes! Ele afirmou que estará ao lado da Bia sempre. “Ela e o futebol feminino me tiraram da depressão e tenho uma gratidão profunda por esse esporte. Sinto que além de ajudar minha filha também consigo ajudar outras mães e meninas com o mesmo sonho”, disse.
“Orgulho muito grande em saber que minha menina tão pequena tem tanta coragem e determinação para lutar por um esporte que ainda é muito preconceituoso em nosso país. Apesar da pandemia ter prejudicado muito o ritmo de treino das pessoas que praticam o esporte, nela surtiu efeito contrário. Treinou ainda mais em casa, no campo do condomínio para não perder o ritmo e eu sempre apoiando e auxiliando no que aprendi e sei sobre o esporte. Sempre falo que o papel dela dentro do esporte vai além do futebol. Futebol é apenas um detalhe. O papel dela e faz com grande maestria é de inspirar outras meninas a fazerem o que amam, independente do que as pessoas irão dizer ou pensar. Um conselho aos pais, não deixem de apoiar seus filhos, pois os que criticam agora, vão aplaudi-la lá na frente”.
Em uma das mensagens enviadas pela jogadora Marta à sua conterrânea pelas redes sociais foi: “A geração futura já está trabalhando incansavelmente, a Bia é um exemplo disso. Deus te abençoe e que seu caminho seja repleto de sucesso”.
Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube