A cor da resistência
O Novembro Negro é um importante momento para a reflexão e revisitar estratégias de resistência negra ao terror causado pelo racismo no Brasil.
Por Renata Souza, Seimour Souza e Marina Iris*
Novembro é um mês importante para o resgate da memória de luta e resistência dos negros no Brasil. É o mês em que relembramos a história de Zumbi dos Palmares, que lutou contra o horrores do Holocausto da escravidão, que matou mais de 4,5 milhões de africanos ao longo de 350 anos.
A luta do Quilombos de Palmares, feita por muitas mãos, como a Ganga Zumba, Zumbi e Dandara, e seguida por Luiza Mahin, Luiz Gama, a Irmandade da Boa Morte, e tantas outras figuras importantes na luta anti escravagista, foi essencial para pôr fim aos horrores da escravização.
O Novembro Negro é um importante momento para a reflexão e revisitar estratégias de resistência negra ao terror causado pelo racismo no Brasil. Os dados demonstram que, apesar dos avanços das políticas públicas e do investimento social, a raça continua sendo um importante marcador social da qualidade de vida das pessoas negras no Brasil.
Segundo o IBGE, os negros representam 70% do grupo abaixo da linha da pobreza. No campo educacional, os negros são 72% dos que evadem da escola, em especial por conta do trabalho precoce, e a pandemia aprofundou ainda mais esse processo.
A taxa de analfabetismo entre negros é mais que o dobro do que de brancos. São 64% dos desempregados do Brasil, e, dos negros que trabalham, 47% estão em trabalho informais.
Na política institucional, no congresso e nas assembleias legislativas, somos apenas 24,4% dos deputados federais e 28,9% dos deputados estaduais eleitos em 2018.
As mulheres negras são o principal grupo de risco nos casos de feminicídio. Os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostram que 61% das mulheres que sofreram feminicídio no Brasil eram negras.
Esses dados demonstram o tamanho do abismo racial no nosso país. Por isso o novembro negro é um importante espaço-tempo não só para denunciar a atual situação dos negros do Brasil, mas para criar políticas públicas efetivas, que para nós, tem um caráter indenizatório e compensatório e de reparação histórica, por sermos nós os que construíram esse país com força, suor e sangue.
Por Zumbi, Dandara, Abdias e Marielle e todos os nossos ancestrais: resistimos e resistiremos!