Ser eleito presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) em 2024 foi uma das maiores honras da minha vida. Este ano foi marcado por desafios profundos, mas também por mobilizações históricas que reafirmaram a força do movimento estudantil como protagonista na defesa da educação pública, gratuita e de qualidade.

Nosso maior enfrentamento foi contra os ataques diretos à educação promovidos por governos estaduais de direita, aliados ao bolsonarismo. Esses governadores têm mostrado que enxergam a educação emancipadora e transformadora como inimiga.

Em São Paulo, o governo de Tarcísio de Freitas avançou em seu projeto de precarizar a educação pública. A implantação de uma plataforma online de baixa qualidade, inacessível para muitos estudantes, revela o descaso. As ETECs sofrem com o sucateamento, e o governador já declarou a intenção de encerrar os cursos técnicos noturnos, afetando milhares de jovens trabalhadores. A tentativa de militarizar 100 escolas estaduais e a privatização de outras dezenas é um ataque frontal à democracia nas escolas.

Minas Gerais também não ficou para trás. Romeu Zema continua governando com descaso pelos professores, promovendo o sucateamento do ensino e permitindo a disseminação de fake news que atacam educadores. A qualidade da merenda escolar despencou, e estudantes de escolas públicas mineiras convivem com a falta de estrutura e de políticas de valorização da educação. Além disso, o governo tenta implementar o projeto SOMAR, que prevê o credenciamento de organizações da sociedade civil (OSCs) para gerir as escolas públicas mineiras, abrindo precedente para a privatização da educação pública no estado.

No Rio Grande do Sul, além da devastação causada pelas chuvas, o governo de Eduardo Leite aprofundou o desmonte da educação. Desde o início de seu mandato, mais de 3.500 turmas foram extintas, 152 escolas estaduais foram fechadas nos últimos cinco anos e os investimentos na educação seguem insuficientes e ainda sofrem tentativas de cortes. É um governo que vira as costas para os estudantes, ignorando o futuro do estado.

Mesmo diante desses ataques, a UBES resistiu. Ocupamos ruas, escolas e praças, organizamos manifestações em todo o país e mostramos que o movimento estudantil não se intimida. Nossa luta garantiu avanços como o passe livre no Enem e mobilizou milhares de jovens em torno de pautas como a revogação do Novo Ensino Médio e a ampliação dos Institutos Federais.

Outro marco foi o lançamento da Carta Compromisso da UBES aos candidatos das eleições municipais de 2024, exigindo políticas públicas que priorizem a educação, como o passe livre, a ampliação da infraestrutura escolar e a inclusão de todos os estudantes.

Em Brasília, ao lado do presidente Lula e de lideranças progressistas, levamos nossas demandas diretamente ao centro das decisões. Reafirmamos que a educação precisa ser prioridade, exigimos mais recursos e lutamos para que ciência e tecnologia ocupem o lugar central que merecem em nossa sociedade.

Encerramos 2024 representando o Brasil em eventos internacionais e levando nossa mensagem de luta à OCLAE e ao Encontro Internacional Estudantil na Espanha. Mais do que nunca, reafirmamos nossa posição como parte de um movimento global por uma educação libertadora e pela integração latino-americana.

E em 2025, continuaremos! A UBES lançará a campanha nacional pelo passe livre para todos os estudantes do Brasil e pela regulamentação de 50% dos recursos do pré-sal para a educação, garantindo um futuro de investimento sólido e sustentável. A luta por uma educação pública e democrática não para. Nossa resistência segue inabalável, porque quando a juventude luta, ninguém nos detém!