Operação da PM de Tarcísio no litoral de SP tem 85% das 48 mortes em áreas de alta vulnerabilidade, aponta levantamento
Os dados revelam que 24 das 48 mortes ocorreram em comunidades de Santos e São Vicente, onde cerca de 36 mil moradores estão incluídos no Cadastro Único (CadÚnico), indicando uma alta vulnerabilidade socioeconômica dessas regiões
Cerca de 85% das 48 mortes registradas durante a Operação Verão na Baixada Santista, litoral de São Paulo, ocorreram em áreas consideradas de ‘alta vulnerabilidade’ na região. O levantamento foi realizado pela TV Tribuna em parceria com a Globo SP. Os dados revelam que 24 das 48 mortes ocorreram em comunidades de Santos e São Vicente, onde cerca de 36 mil moradores estão incluídos no Cadastro Único (CadÚnico), indicando uma alta vulnerabilidade socioeconômica dessas regiões.
Entre os locais mais afetados, destacam-se as moradias em favelas, comunidades, palafitas e morros, onde 17, 13 e 10 mortes foram registradas, respectivamente. Apenas 8 mortes ocorreram em outros locais da região. Os dados lançam luz sobre uma realidade preocupante, onde a violência policial parece estar concentrada em áreas já fragilizadas pela falta de recursos e oportunidades.
A Operação Verão, estabelecida em dezembro de 2023, ganhou nova dimensão após a morte do PM Samuel Wesley Cosmo em 2 de fevereiro, seguida pela morte do cabo José Silveira dos Santos em 7 de fevereiro. Com estes eventos, uma segunda fase da operação foi iniciada, trazendo reforço policial para a região, o que gerou crítica de moradores, que testemunham seguidas cenas de violência e intimidação policial.
Segundo a Polícia Militar, as mortes estão relacionadas a confrontos durante operações de combate ao tráfico de drogas. No entanto, moradores das comunidades afetadas relatam um constante clima de medo e insegurança, onde até mesmo atividades simples como ir à escola se tornam um desafio.
Além da violência, as comunidades enfrentam condições precárias de infraestrutura, como acúmulo de lixo e falta de saneamento básico. A população se vê em um ciclo de vulnerabilidade, onde a presença policial, ao invés de garantir segurança, muitas vezes agrava a situação.
Em entrevista à Globo SP, David Marques, coordenador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, destacou que operações desse tipo têm pouco impacto sobre o crime organizado, deixando um saldo de vítimas civis e policiais.
Enquanto isso, a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU) anunciou a entrega de 720 apartamentos para áreas de palafitas, buscando mitigar os problemas habitacionais enfrentados pelas comunidades.
Denunciado na Organização das Nações Unidas devido às mortes de civis desarmados durante as operações policiais, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, afirmou que não se importa com as denúncias. “Para o raio que o parta”, o que gerou uma onda de repúdio de movimentos de direitos humanos.
*Com informações do G1