ONU: ‘Estresse hídrico’ pode afetar saúde, alimentação e aumentar desigualdade em países da América Latina
Atualmente, os sinais da crise hídrica já são observáveis
A demanda por água na América Latina e Caribe está projetada para crescer 43% até 2080, o que representa o dobro da média mundial. Esse aumento significativo na demanda coloca a região em um risco alarmante de enfrentar secas extremas e frequentes, caracterizadas como “estresse hídrico”, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).
O conceito de estresse hídrico se refere ao equilíbrio entre a oferta e a demanda de água em uma área específica, considerando o uso doméstico, industrial e agrícola em relação à quantidade de água disponível em fontes renováveis, como rios e aquíferos subterrâneos. Quando a demanda se aproxima da oferta, o estresse hídrico aumenta, colocando em risco a sustentabilidade dos recursos hídricos locais.
Sinais da crise
Atualmente, os sinais da crise hídrica já são observáveis. No ano passado, o México enfrentou a seca mais severa de sua história, com estiagens registradas em até 55% do território nacional. O Uruguai declarou uma emergência hídrica que afetou mais de 60% da população, enquanto países como Chile e Colômbia registraram níveis perigosamente baixos em seus reservatórios de água.
Projeções alarmantes
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) projeta que, sem a redução dos impactos climáticos, quase metade dos países da América Latina e Caribe enfrentarão estresse hídrico de médio a extremo até 2080. As consequências dessa escassez crônica de água vão além dos problemas climáticos, afetando a saúde pública, saneamento básico e nutrição da população.
Impactos na saúde e economia
A falta de acesso à água limpa pode trazer danos severos à saúde, afetando diretamente o saneamento básico. Além disso, a escassez de água impacta a produção de alimentos, tornando-os mais escassos e caros, o que afeta a nutrição da população. A economia regional também sofre: entre 1970 e 2019, a América do Sul perdeu aproximadamente US$ 28 bilhões devido a secas.
Fatores agravantes
A expansão da atividade agrícola e industrial, juntamente com o crescimento populacional, agravam o estresse hídrico na América Latina. Esses países são altamente dependentes de recursos hídricos e demandam quantidades cada vez maiores de água. Quando até 80% dos recursos hídricos de uma área são utilizados para necessidades econômicas e domésticas, o estresse hídrico é considerado extremo, tornando até mesmo secas curtas uma ameaça significativa.
Futuro Incerto
Além do estresse hídrico, a região pode enfrentar uma diminuição nas chuvas. Apesar de ser rica em recursos hídricos, a falta de planejamento e políticas públicas eficazes para lidar com o estresse hídrico crescente pode trazer diversas dificuldades para a América Latina e o Caribe.