Ofensiva das Big Techs: Google e Spotify saem em campanha contra aprovação do PL das Fake News
Empresas controladoras de redes sociais estão emitindo milhares de comunicados contra regulamentação que será votada nesta semana
Empresas controladoras de redes sociais estão emitindo milhares de comunicados contra regulamentação que será votada nesta semana
Emails, prints e relatos, bem como um estudo realizado pelo NetLab, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), revelam que o Google, Spotify e Twitter estão intensificando sua oposição ao Projeto de Lei 2630, que regulamenta alguns setores da web, e que deve ser votado nesta semana.
Ao acessar o Google, os usuários encontram um link logo abaixo da barra de pesquisa com a mensagem: “O PL das fake news pode piorar sua internet”. O link leva a uma postagem do blog do Google contendo várias críticas ao projeto. De acordo com o Statista, 97% dos brasileiros usam o Google para realizar buscas na internet.
Além disso, o NetLab constatou que a plataforma está favorecendo links de conteúdos contrários ao PL nos resultados de pesquisa relacionados ao projeto de lei, bem como anúncios do Google criticando a nova legislação.
No entanto, o Google negou estar favorecendo links contrários ao PL em seu mecanismo de busca e afirmou que seus sistemas de classificação são aplicados a todas as páginas da web, incluindo aquelas que administra.
Já o Spotify veiculou entre seus comerciais uma oposição ao PL. Os ouvintes reclamaram da atitude da big tech. Para eles, o Spotify ultrapassa o limite estabelecido em contrato no momento em que o aplicativo é instalado.
Em mensagem enviada à Mídia NINJA, a assessoria do Spotify Brasil informou que a plataforma, por seus termos e condições de publicidade, não aceita anúncios políticos. “Um anúncio de terceiros foi veiculado por engano e removido assim que o erro foi detectado”, informou.
Buscas privilegiadas
Segundo o NetLab, em um relato obtido pela Folha de SP, quando se pesquisa “PL 2630” no Google, um dos primeiros resultados é um link publicitário intitulado “PL da Censura”.
Além disso, os primeiros resultados de busca relacionados ao termo são oficiais, como os do Senado e da Câmara, de veículos de imprensa e de sites hiperpartidários, com histórico de propagação de notícias falsas e que se opõem ao PL, como a Revista Oeste, PlenoNews, PLdaCensura e Boletim da Liberdade, de propriedade do ex-deputado Paulo Ganime (Novo-RJ), que lidera uma campanha contra a regulação, além de vídeos do canal do Brasil Paralelo no YouTube.
Além disso, desde sexta-feira (28), youtubers estão recebendo emails do YouTube informando que perderão dinheiro se o projeto for aprovado. As mensagens afirmam que o PL prejudica o “modelo de compartilhamento de receita” e que, se obrigada a pagar pelo conteúdo jornalístico, como prevê o artigo 32 do PL, sobrarão “menos fundos para investir em você, em todos os nossos criadores e nos programas para ajudá-lo a desenvolver seu público”. Ao final, os youtubers são instados a falar “com seus deputados nas redes sociais ainda hoje”.
O relator do PL 2630, deputado Orlando Silva (PC do B-SP), também critica as plataformas. “As artimanhas que essas big techs utilizam para combater esse projeto tornam evidente a necessidade de regulação dessas empresas”, diz.
Em nota enviada à Folha, o Google afirmou que as “alegações não correspondem à realidade”. “Como fica comprovado pelo fato de os links para o Blog do Google, por exemplo, também estarem bem posicionados em ferramentas de pesquisa de concorrentes. Não alteramos manualmente as listas de resultados para determinar a posição de uma página específica. Nossos sistemas de ranqueamento se aplicam de forma consistente para todas as páginas da web, incluindo aquelas administradas pelo Google.”
O ministro da Justiça, Flávio Dino, publicou em uma rede social uma imagem da página do Google com um link relacionado ao PL e disse que encaminharia o caso para análise da Secretaria Nacional do Consumidor, de sua pasta, em razão da possibilidade de configuração de práticas abusivas das empresas.
Leia mais:
https://midianinja.org/uirapora/bigtechs-em-apuros-utilidade-publica-ou-interesse-proprio/
https://midianinja.org/news/mpf-apura-se-google-favoreceu-conteudos-contrarios-ao-pl2630/