Nos últimos meses, a paisagem do Parque Natural Municipal do Bosque da Barra, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, tem se transformado em um cenário preocupante. A queda do nível das águas nos lagos da reserva não apenas preocupa os membros do Conselho Gestor, mas também levanta questões cruciais sobre a relação entre desenvolvimento urbano e conservação ambiental.

Enquanto os longos períodos de estiagem são apontados como uma das causas, as obras de saneamento iniciadas pela concessionária Iguá revelam uma complexa interseção entre necessidades de infraestrutura e a preservação dos ecossistemas locais. O rebaixamento do lençol freático, uma prática considerada “necessária” para as obras de ampliação da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), traz à tona um debate sobre o impacto das intervenções urbanas em áreas de preservação.

Os quatro lagos do parque, que abrigam diversas espécies, incluindo filhotes de jacaré-de-papo-amarelo, estão sob ameaça. O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) já instaurou inquérito civil para investigar a situação, enquanto a concessionária defende a legalidade das licenças obtidas. A divergência entre as instituições aponta para uma falta de comunicação e planejamento entre as partes envolvidas.