Obra ‘Redenção’, de Mariana Luiza, é selecionada para o IDFA 2023, que acontece em novembro
Instalação imersiva questiona o processo de branqueamento racial no Brasil
Por Marilda Campbell
“Redenção”, uma instalação imersiva dirigida pela roteirista e documentarista Mariana Luiza, que critica o projeto de branqueamento racial no Brasil, foi selecionado para o Festival Internacional de Documentário de Amsterdã (IDFA) na categoria competitiva de documentários imersivos de não-ficção.
O Festival acontece de 8 a 19 de novembro e a obra ficará disponível na galeria de arte LNDW Studio. “Redenção” é uma resposta poética e contra-colonial ao quadro “A Redenção de Cam”, de Modesto Brocos (1895), considerado uma representação da tese em favor do embranquecimento.
A pintura do espanhol Brocos, cujos personagens centrais são uma avó negra, uma mãe mestiça, um pai branco e seu bebê de pele clara, foi exibida durante o Congresso Universal das Raças em Londres, em 1911, como um símbolo da ideologia de branqueamento racial no Brasil, amplamente disseminada no país durante o final do século XIX e início do século XX.
Na ocasião, o Brasil apresentou um projeto nacional que previa o extermínio dos negros da população brasileira em um período de um século ou três gerações para que o país se tornasse majoritariamente branco.
Mariana, uma mulher negra e contadora de histórias, levanta o questionamento: “é possível redimir uma nação que queria exterminar a maioria de seu povo?”
Seu trabalho como roteirista e diretora tem sido reconhecido em festivais de cinema nacionais e internacionais, abordando questões relacionadas à identidade negra, ao pertencimento, à nacionalidade e ao gênero.
Mariana detalha como será a experiência de assistir “Redenção”: “vamos construir um labirinto dentro da LNDW Studio, onde vão ter dois vídeos. Um deles vai ser projetado em um espelho d’água, como um lago. A ideia é que no final do labirinto, o espectador se depare com este espelho d’água. Mas, ao invés de sua imagem e semelhança, como no mito de narciso, o que ele vê é uma videoarte que trata de forma poética rituais de resistência negra. Trata-se de uma resposta ao projeto de nação branqueada”, explica a diretora.