Por Clarissa Beretz

“O Brasil é o celeiro do mundo”. “Sem o agronegócio brasileiro, o planeta passaria fome”. 

Será? 

As famigeradas frases, slogans criados na ditadura brasileira para fortalecer a narrativa de ascensão do grandioso País, ainda são disseminadas como verdades absolutas. 

A apresentadora e comunicadora socioambiental Giovanna Nader foi atrás para saber. Em entrevistas com especialistas, pesquisadores, produtores rurais, ambientalistas e ativistas da gastronomia, coletou respostas e ponderações. 

O resultado são quatro episódios que compõem a segunda temporada do podcast O Veneno Mora ao Lado, uma realização da Fundação Heinrich Boll O Tempo Virou,  projeto de conscientização ecológica conduzido por Nader.

A série em streaming estreia dia 16 de julho em todos os tocadores de áudio digitais.

“Se na 1ª temporada, em 2022, o objetivo foi apresentar um ‘dossiê’ sobre a incidência dos agrotóxicos no Brasil, agora a proposta foi trilhar um caminho mais propositivo, apontando saídas e soluções para uma transição agroecológica, das mais utópicas às mais viáveis e urgentes”, explica a apresentadora.  

Giovanna Nader é ativista na pauta socioambiental engajada na reforma agrária e agroecologia. (Foto: Divulgação)

Do primeiro ao quarto episódio, os ouvintes vão adentrar em questões que fazem pensar ao acessar dados conflitantes, como o Brasil que produz alimento para 800 milhões de pessoas no mundo, ter 30 milhões de seus habitantes em situação de insegurança alimentar. E dados animadores também, como o fato de o País campeão global no uso de substâncias tóxicas – centenas delas proibidas na União Europeia – ser também campeão na produção de soluções de tecnologias ancestrais para um futuro mais saudável e próspero. 

“Nessa temporada, usamos a árvore como exemplo, onde o tronco é a reforma agrária que se torna cada vez mais urgente pra produção de alimento saudável em larga escala, uma vez que os movimentos e coletivos são quem produz 70% dos alimentos que chegam na nossa casa. E então vamos para as raízes, como resgate ancestral e frutos que é o futuro, representados por jovens e tecnologias”, elucida Nader. 

Giovanna Nader com a Deputada Estadual Marina do MST (PT-RJ) e a nutricionista Bruna Crioula na 20a Festa da Colheita do Arroz Agroecológico, do MST.

EP1 – A ÁRVORE
Na segunda temporada, são buscadas saídas e soluções urgentes para o problema dos agrotóxicos.

EP2 – AS SEMENTES
Coletivos se unem para desafiar o sistema atual com formas alternativas de produção, formando comunidades sustentáveis e resilientes.

EP3 – AS RAÍZES
Um resgate ancestral na forma de produzir alimentos no campo e nas cidades, pra que se obtenha um sistema moderno, eficiente e compatível com a realidade atual.

EP4 – OS FRUTOS
Se a juventude do campo some, a cidade passa fome. Para garantir o futuro e a soberania alimentar, é preciso políticas que incentivem os jovens a permanecer no campo, com acesso à tecnologia, comunicação e educação ambiental

O futuro é ancestral e Giovanna Nader prova como. Basta vontade, coletividade e implementação.

Sobre o podcast

O Brasil é o campeão do uso de agrotóxicos no mundo. A utilização desenfreada deste veneno está no centro de uma grande crise da sociedade atual, pois diz respeito diretamente ao que a gente come, bebe e respira – além de representar uma verdadeira guerra contra camponeses, trabalhadores rurais e povos tradicionais. Os agrotóxicos são a peça-chave do jogo. Sem eles, todo o modelo do agronegócio se desestrutura: cai o latifúndio, cai a monocultura, e até mesmo o desmatamento. Em ‘O Veneno Mora ao Lado’, Giovanna Nader convoca o ouvinte para a discussão urgente e necessária dos agrotóxicos.

Sobre a Fundação Heinrich Böll

A Fundação Heinrich Böll é uma organização política alemã, presente em mais de 35 países. Seus escritórios na América Latina têm um compromisso especial com as organizações da sociedade civil do campo crítico porque acreditam que essas são fundamentais para o fortalecimento democrático. Promover diálogos pela democracia e buscar a garantia dos direitos humanos; atuar em defesa da justiça socioambiental; defender os direitos das mulheres e se posicionar como antirracista são os valores que impulsionam as ideias e ações da Fundação. No Brasil, a organização apoia projetos de diversas organizações da sociedade civil, organiza debates e produz publicações gratuitas. No campo da justiça socioambiental, busca fortalecer o debate público que alie a defesa do meio ambiente com a garantia dos direitos dos povos do campo e da floresta.