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O que ‘A Substância’, ‘Hulk’ e ‘O Clube da Luta’ têm em comum?
A luta entre o bem e o mal na maioria das vezes é o fator principal que move as narrativas.
Por Lucas de Paula
Em A Substância, Elisabeth (Demi Moore) trava consigo mesma uma violenta luta pela juventude, quando precisa coexistir com Sue (Margaret Qualley), sua versão mais jovem. Essa história te soa familiar?
Muitos produtos da cultura pop bebem da mesma fonte, e, apesar de na maioria das vezes isso não ser exposto de forma tão clara, é fácil perceber quando se vai mais a fundo. A história por trás do terror indicado ao Oscar bebe da mesma fonte de diversas outras obras cinematográficas: O Médico e o Monstro. E alguns filmes que, de início, parecem não ter nada em comum, podem ser mais parecidos do que você imagina, como Hulk e até mesmo O Clube da Luta. Mas, afinal, o que um filme de terror teria em comum com um blockbuster de super-herói e um clássico de 1999?
Em O Médico e o Monstro, obra de 1886, nós conhecemos a história do Dr. Henry Jekyll, que cria uma poção para personificar o seu lado ruim em outra pessoa: o Mr. Hyde. A história apresenta a dualidade entre o bom e o mau, trazendo todas as questões morais que isso envolve. Será que de fato conseguimos separar as duas coisas? O romance influencia até hoje a cultura pop e inspira diversas narrativas sobre a luta do ser humano quanto à sua natureza.
Em Hulk, essa referência fica muito clara quando o cientista Bruce Banner acaba se transformando em um grande e violento monstro verde, externando seu outro lado e simbolizando a dicotomia entre civilidade e impulsos irracionais. Seria essa uma forma de dizer que, no fundo, a maldade do ser humano está ligada à irracionalidade?
Em O Clube da Luta, temos o alter ego do protagonista – este, sem nome – representado por Tyler Durden, que traz desejos reprimidos do narrador e um protesto à sociedade em que vive, a qual considera sem propósito. Assim, a persona dele encarna tudo aquilo que ele não consegue, mas gostaria de ser: livre das convenções sociais, porém violento. A narrativa o leva ao limite, externando seus instintos mais primitivos e mostrando até onde a natureza do homem pode chegar.
A luta entre o bem e o mal, na maioria das vezes, é o fator principal que move as narrativas. Talvez por ser algo tão comum a todos é que o livro de 1886 continua tão atual e servindo de inspiração para outras obras até hoje. Talvez porque o ser humano ainda não descobriu como separar essas duas coisas. Talvez porque ainda é preciso aprender a coexistir com esses dois lados da complexa natureza humana.
Texto produzido em colaboração a partir da Comunidade Cine NINJA. Seu conteúdo não expressa, necessariamente, a opinião oficial da Cine NINJA ou Mídia NINJA.