“Vamos submeter Gaza a um cerco total… Sem eletricidade, sem comida, sem água, sem gás: tudo está fechado”, declarou o ministro da Defesa, Yoav Gallant, em outubro do ano passado, quando o genocídio de Israel contra a Palestina se intensificou.

Desde então, autoridades de saúde palestinas dizem que a campanha terrestre e aérea de Israel em Gaza matou mais de 39.000 pessoas, a maioria civis, e expulsou de suas casas a maior parte dos 2,3 milhões de habitantes do enclave.

Além disso, estima-se que mais de 330.400 toneladas de resíduos sólidos tenham se acumulado no território durante os mais de oito meses de conflito entre Israel e o Hamas, segundo a ONU e agências humanitárias especializadas em saneamento.

“Estamos testemunhando uma crise de gestão de resíduos em Gaza, que se agravou muito nos últimos meses”, afirmou em comunicado Sam Rose, diretor de planejamento da Agência das Nações Unidas para os Direitos Humanos para Refugiados da Palestina no Oriente Médio (UNRWA).

O alto nível de destruição deixado pelos bombardeios promovidos pelos israelenses levaram os habitantes de Gaza a viver entre esgoto e montanhas de lixo.

Inferno na Terra

Segundo uma reportagem da BBC, algumas das milhares de pessoas que fugiram da ofensiva militar de Israel em Rafah — cidade fronteiriça com o Egito, no sul do enclave, onde a população aumentou de 300 mil para 1,5 milhão desde outubro — foram forçadas a viver em áreas abertas que já haviam sido transformadas em aterros temporários de lixo.

“Procuramos em todos os lugares por um lugar adequado, mas somos 18 pessoas com nossos filhos e netos, e não conseguimos encontrar nenhum outro lugar onde pudéssemos ficar juntos” disse à BBC Ali Nasser, que recentemente se mudou de Rafah para o acampamento da Universidade de al-Aqsa.

Louise Wateridge, porta-voz da UNRWA, descreveu a situação como um verdadeiro “inferno na Terra”. “A situação é desastrosa em termos de doenças, saneamento e higiene”, diz, e completa: “Centenas de milhares de pessoas estão vivendo em condições de superlotação e condições insalubres”.

O artigo da BBC também chamou atenção para o cheiro emitido pelas toneladas de lixo não coletado e pelos corpos que foram deixados sob os escombros e que, no momento, são impossíveis de recuperar.

Água: arma de guerra

A maior parte da água consumida em Gaza antes da guerra veio da própria Faixa. Mas os bombardeios israelenses destruíram praticamente toda a infraestrutura de água e saneamento do território, de acordo com a Oxfam, que denuncia que Israel “está usando a água como arma de guerra”, indo contra as convenções do Direito Internacional Humanitário.

E esse é só um dos problemas. A população Palestina, desolada pelo genocídio, não tem nem o mínimo de acesso á agua para suas necessidades, como beber, cozinhar ou lavar.

De acordo com o último relatório da ONG Oxfam, os habitantes de Gaza mal têm acesso a 4,74 litros de água por pessoa por dia, enquanto, em uma situação normal, a OMS recomenda entre 50 e 100 litros de água por pessoa por dia.

Até 28 de maio, 729.909 casos de doenças relacionadas à água e à falta de saneamento haviam sido registrados.

Particularmente preocupantes foram os 485.300 casos de diarreia aquosa aguda, incluindo 112.882 crianças menores de 5 anos, bem como 9,7 mil casos de diarreia com sangue (suspeita de disenteria) e 81 mil casos de icterícia aguda (suspeita de hepatite A).

Fonte: BBC NEWS