Em um discurso impactante durante a 67ª Sessão da Comissão de Narcóticos, realizada no dia 14 de março, Volker Türk, Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, fez um apelo por uma transformação radical na política global de drogas.

Türk iniciou sua intervenção com uma declaração enfática: “Uma coisa é certa: o uso desproporcional de penalidades criminais e abordagens repressivas para lidar com o problema mundial das drogas está causando muito mais danos do que benefícios”. Com essas palavras, ele destacou a urgência de uma mudança de paradigma que coloque a dignidade humana e a saúde pública no centro das políticas de drogas.

Türk sublinhou que a guerra às drogas, como tem sido conduzida até agora, fracassou de maneira evidente em várias frentes. Ela não apenas falhou em salvar vidas, mas também em proteger a dignidade e o futuro dos 296 milhões de usuários de drogas ao redor do mundo. Além disso, a abordagem atual não conseguiu promover a mudança política transformadora necessária para evitar mais retrocessos nos direitos humanos.

Para Türk, as políticas repressivas e punitivas têm tido um impacto devastador sobre os direitos humanos, exacerbando problemas ao invés de resolvê-los.

Em sua análise, o Alto Comissário destacou que, embora seja inegável que as drogas causam danos significativos, as políticas de drogas opressivas e regressivas também destroem vidas e comunidades. Ele apontou para os efeitos prejudiciais dessas políticas que, muitas vezes, acabam por marginalizar ainda mais os indivíduos, contribuindo para um ciclo de violência e exclusão. Essa abordagem, segundo Türk, é um claro exemplo de como o atual regime internacional de drogas falhou em sua missão principal.

Apesar dos desafios imensos, Volker Türk expressou um otimismo cauteloso ao observar que alguns países estão começando a adotar políticas mais humanas. Ele destacou exemplos de nações que descriminalizaram o uso pessoal de drogas, tratando-o como uma questão de saúde pública e direitos humanos. Para Türk, essas mudanças são passos positivos na direção certa, sinalizando um reconhecimento crescente de que políticas de drogas mais compassivas podem criar ambientes mais seguros e justos para todos.