“O mês que voa”
Estes têm sido dias incomuns, momentos inexplicáveis para quem respira o esporte mais popular do planeta
Por Andréia Fontes
Durante um mês, a rotina habitual dos apaixonados por futebol sofreu uma enorme transformação.
Nas primeiras duas semanas, para os privilegiados, como eu – leia-se quem estuda ou trabalha home office, por exemplo – virou rotina acordar 7h para se conectar imediatamente ao primeiro grande evento do dia. A vida passou a se resumir em intervalos preciosos, com ocupação premeditada posterior a 7h-9h, 10h-12h, 13h-15h e 16-18h. A programação diária de vida teve que adequar atividades como compras, pagamentos de boletos, consultas, tarefas domésticas e escolares, todas condicionadas aos jogos.
A partir das oitavas o ritmo diminuiu. Jogos paralelos exigiram conciliar maneiras de acompanhar as partidas decisivas – televisão, notebook, celular –, formas concomitantes em meio a uma loucura constante, ainda mais quando a vaga às oitavas passou a ser decidida na diferença de gols ou de cartões. Uma insanidade arrebatadora.
Ser agraciada com gratas surpresas aumentou a vontade de presenciar mais feitos como os realizados em Arábia Saudita x Argentina, Tunísia x França, Japão x Espanha, Camarões x Brasil, Coreia do Sul x Portugal, Marrocos x Bélgica, entre outros resultados inesperados. É copa do mundo!
À medida que os dias passam, a rotina dos jogos é interrompida, juntamente à tristeza e desolação de um dia sem copa. A verdade é que a gente se habituou com horários, comentários, zebras, possibilidades, cores nas arquibancadas, críticas sociais, pormenores que cercam o universo do futebol.
Na fase final, esses intervalos ficam cada vez mais longos, ao passo em que se aproxima o último momento, a coroação do grande campeão.
Ao lembrar que só se repete daqui a quatro anos, sou invadida por uma “bad”. – Passe devagar, Copa do Mundo, deixa eu te aproveitar mais e sentir o quanto é maravilhoso te ter por perto, ainda que seja apenas por 30 dias em outros 1.460. De fato, estes têm sido dias incomuns, momentos inexplicáveis para quem respira o esporte mais popular do planeta.
Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube