Por Patrick Simão, do Além da Arena

Primeiro brasileiro medalhista Olímpico na marcha atlética, Caio Bonfim deu um relato muito importante sobre os estigmas relacionados à sua modalidade.

“Foi difícil desde o dia que eu fui marchar na rua pela primeira vez e fui xingado, e falei para o meu pai: ‘eu quero ser marchador.’ Foi o dia que eu decidi ser xingado sem ter problema e ali eu larguei para esse dia.”

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O estigma sobre a marcha atlética passa pela ignorância e desconhecimento sobre o esporte e também pelos padrões de gênero da sociedade. Muitos associam, de forma pejorativa, a marcha atlética a “rebolar”, o que é uma reprodução da homofobia institucionalizada na nossa sociedade, independente da orientação sexual dos atletas em questão. O fato de um homem parecer estar “rebolando” rompe com os estereótipos de masculinidade e gera um estigma sobre ele.

O fato de Caio relatar ser xingado apenas por treinar seu esporte também demonstra que tudo o que foge à expectativa de masculinidade provoca xingamentos. Esse debate vai muito além da marcha atlética, mas esse é um grande exemplo disso.

Caio Bonfim disse que nunca estranhou o esporte, pois era a profissão de sua mãe (Gianette, octacampeã brasileira e hoje sua treinadora). Com uma medalha olímpica, ficamos na expectativa da marcha atlética ser mais conhecida no Brasil, ao invés de ser tratada como piada a cada Olimpíada.