O crime de Mariana: Como nove anos de contaminação ainda afetam tartarugas, baleias e comunidades
A biomagnificação, processo pelo qual os metais se acumulam em organismos de maior porte, continua a ser uma preocupação significativa
Nove anos após o rompimento da barragem de Fundão em Mariana, Minas Gerais, os impactos ambientais continuam a ser profundos e extensos. Estudos recentes revelam que metais pesados, resultantes do desastre, permanecem presentes em todos os níveis da cadeia alimentar ao longo da foz do Rio Doce e nas regiões costeiras do Espírito Santo e Sul da Bahia. O Programa de Monitoramento da Biodiversidade Aquática (PMBA) identificou a presença de metais como ferro, níquel e arsênio em organismos desde os microscópicos até grandes animais, incluindo baleias e tartarugas.
Os danos causados pelo desastre incluem a contaminação persistente da água e do solo, além de deformidades e tumores em diversas espécies. A biomagnificação, processo pelo qual os metais se acumulam em organismos de maior porte, continua a ser uma preocupação significativa. Embora haja algumas melhorias discretas na qualidade da água e dos sedimentos, a presença contínua de metais pesados representa uma ameaça persistente para a fauna local.
Tartarugas e baleias estão entre as espécies mais afetadas. Tartarugas monitoradas pelo Projeto Tamar apresentam anomalias como conjuntivite e perda de diversidade genética, enquanto as baleias, analisadas por biópsias, mostram sinais de contaminação em seus sistemas. Os peixes também enfrentam problemas devido à turbidez aumentada e à degradação dos habitats, o que leva ao desequilíbrio ecológico e à proliferação de espécies invasivas.
A pesca local, fundamental para a economia da região, enfrenta sérias dificuldades. Pescadores relatam problemas como peixes mortos e a degradação dos mariscos, resultando em uma menor demanda por produtos aquáticos e impactos negativos em suas rendas. A contaminação contínua afeta diretamente a segurança alimentar e a economia das comunidades ribeirinhas.
Com nove anos passados desde o desastre, o foco agora está em mitigar os impactos e restaurar os ecossistemas afetados. Medidas de conservação e reparação são essenciais para recuperar os ambientes e proteger a saúde das comunidades locais. O evento serve como um lembrete da necessidade de uma gestão integrada e eficaz dos recursos naturais para prevenir e lidar com grandes desastres ambientais.
*Com informações do G1