Por Lara Musa, para Cobertura Colaborativa Paris 2024

A seleção brasileira de futebol feminino passa por uma renovação das peças. A experiência da rainha Marta e de outras atletas, como a lateral Tamires, serve de espelho para as mais jovens, dentro e fora das quatro linhas, e impulsiona a motivação daquelas que estão vivendo uma Olimpíada pela primeira vez. Das convocadas, 17 estão realizando seu sonho olímpico. E hoje vamos contar um pouco da história de cada uma das estreantes.

Adriana

Foto: Nike

A atacante de 27 anos, nascida em uma comunidade rural no Piauí, começou jogando futebol com os meninos no campinho de terra. Seu pai era técnico, mas Adriana não podia jogar campeonatos, pois era menina. Aos 18 anos, Adriana foi convidada para jogar um campeonato exclusivamente feminino.

Então, deu início a sua carreira. Ela se destacou e foi chamada para o clube Rio Preto, onde teve sua primeira convocação. A menina que um dia perguntou: “nossa, mãe, será que um dia eu vou jogar com a Marta?”, recebeu boas vindas da rainha no treino.

Fez história em um dos maiores clubes do país, o Corinthians, marcando 72 gols pela equipe. Em 2023, foi vendida ao Orlando Pride em uma negociação recorde.

Pela seleção, Adriana já soma 59 jogos e 14 gols, uma Copa do Mundo e, agora, vive sua oportunidade olímpica após duas lesões que lhe tiraram da Copa do Mundo de 2019 e da Olimpíada de Tóquio.

Ana Vitória

Foto: Thais Magalhaes/CBF

Nascida no interior do Mato Grosso, a meio-campista de 24 anos começou no futebol aos 8 anos no Rondonópolis EC, que não possuía time feminino, mas ela jogava junto dos meninos, mesmo sem poder competir. Apenas um ano depois, Ana Vitória foi convocada para a seleção sub-15 e, com o seu destaque, foi emprestada para o Mixto, jogando o seu primeiro campeonato brasileiro. Em 2017, ingressou na parceria entre os times Corinthians e Grêmio Osasco Audax e foi campeã da Libertadores. Em 2019, começou sua carreira internacional: atuou por 4 anos pelo Benfica, sendo multicampeã, passou pelo PSG e atualmente está emprestada para o Atlético de Madrid.

Ana foi convocada diversas vezes para as seleções de base. Foi campeã sul-americana sub-17 e sub-20, quando foi capitã da equipe. A sua primeira convocação para a equipe principal não poderia ter sido em um momento melhor: a Copa do Mundo de 2023. Agora, diz estar realizando um sonho na Olimpíada.

Antônia

Foto: Thais Magalhães/CBF

Natural do interior do RN, Antônia tem 30 anos e atua como zagueira ou lateral direita. Iniciou no futsal no clube ABC e depois mudou-se para São Paulo, onde jogou pela Portuguesa. Em 2016, mudou para o futebol de campo e assinou seu primeiro contrato, com a Ponte Preta. Passou pelo Corinthians/Audax, Iranduba e São Paulo, onde se destacou e foi projetada para o futebol internacional. Antônia foi transferida para o Madrid CF em 2019, ficou por 2 anos, e foi para o Levante, seu atual clube.

Pela seleção, sua primeira convocação foi em 2017, mas não chegou a entrar em campo. Em 2020, fez suas primeiras partidas com a amarelinha e, em 2023, foi convocada para a Copa do Mundo. No início de 2024, marcou seu primeiro gol pela seleção e, agora, está vivendo sua primeira Olimpíada.

Duda Sampaio

Foto: Thais Magalhães/CBF

Natural de Jequeri, Minas Gerais, a meio-campista de 23 anos iniciou sua carreira pelo América Mineiro em 2017. Dois anos depois, mudou para o Cruzeiro onde destacou-se com 31 gols em 59 jogos, ficando até 2021. No começo do ano seguinte, foi transferida para o Internacional, onde ficou até o ano passado. Atualmente, joga pelo Corinthians.

Sua primeira convocação para a seleção principal foi em 2020, para períodos de treinamentos, após representar o país pela sub-20. Entrou em campo com a amarelinha pela primeira vez na Copa América de 2022, onde marcou dois gols. No ano seguinte, foi convocada para a Copa do Mundo.

Gabi Nunes

Foto: Thais Magalhães/CBF

Natural de São Paulo, a atacante de 26 anos iniciou no futebol em 2014 pelo Centro Olímpico, equipe com ótima base no futebol feminino. Passou pelo Osasco Audax, em 2015/16, e chegou ao Corinthians em 2017, equipe onde deixou sua marca. Pelo Timão, conquistou 2 Paulistas e 3 Brasileiros. Em um dos Brasileiros, foi a artilheira, com 55 gols, tornando-se a maior artilheira do campeonato nacional. No final de 2021, foi para o Madrid CF, onde ficou até 2023, e foi transferida para o Levante.

Na seleção, iniciou sua trajetória em 2013, pelo sub-17. Em 2015, disputou a Copa do Mundo sub-20, sendo campeã e vice-artilheira com 4 gols em 5 jogos. Por este feito, recebeu das mãos de Marta a chuteira de prata da Fifa, a primeira brasileira a conquistá-la. Em seguida, passou a integrar a seleção principal, mas sofreu com uma série de lesões e, somente em 2021, retornou à equipe. Jogou a Copa do Mundo de 2023.

Gabi Portilho

Foto: Nayra Halm/CBF

Nascida na capital do país, Portilho tem 29 anos e atua como atacante. Começou sua carreira em Brasília mesmo, onde atuou pelo Fut Art e Fluminense. Depois mudou-se para o Sul, onde jogou pelo Olympia, Jaraguá, Joinville e Muller. No Campeonato Catarinense, em 2011, marcou 6 gols em 8 jogos, e, em 2012, foi vice-artilheira com 22 gols em 10 partidas.

Depois, jogou pelo Kindermann e pelo São José, onde foi vice-campeã brasileira por ambos os times. Atuou na Espanha por 7 meses, pelo Madrid CF. Retornou ao Brasil após sofrer uma lesão no joelho e foi transferida para o 3B da Amazônia no final de 2019. Logo em seguida, foi contratada pelo Corinthians, onde está até hoje, conquistou muitos títulos e o carinho da torcida.

Pela seleção, defendeu as categorias de base e sua primeira convocação para a principal foi em 2017, mas foi cortada por uma lesão que sofreu jogando na Espanha. Conseguiu jogar na Copa América de 2022.

Jheniffer

Foto: Lívia Villas Boas/CBF

A atacante de 22 anos nasceu em São Paulo e começou a jogar pelo Tiger Academia. Passou pelo Audax e depois pelo Internacional, onde foi projetada para o futebol nacional. No clube gaúcho, foi vice-artilheira e conseguiu sua primeira convocação para defender a seleção na base. Em 2021, chegou ao Corinthians como uma jovem promessa e, em sua primeira temporada, marcou 18 gols em 35 jogos. A atacante segue no clube.

Foi convocada pela primeira vez para a principal para amistosos e em Paris está vivendo sua primeira experiência olímpica.

Kerolin

Foto: Thais Magalhaes/CBF

A jogadora de 24 anos, nascida em Bauru, atua como atacante e meio campista. Com sua mãe, mudou-se para Campinas e, aos 12 anos, foi hospitalizada com osteomielite na perna. Os médicos aconselharam a parar de praticar esportes, mas Kerolin persistiu.

Ela é uma das muitas jovens promissoras que surgiram na base do Valinhos FC. Em 2017, a Ponte Preta entrou no Campeonato Paulista fazendo uma parceria com o Valinhos e, em seu elenco, estava a jovem Kerolin. Com apenas 17 anos, foi eleita a melhor jogadora, marcando 10 gols em 21 jogos.

Foi emprestada ao Corinthians/Audax para a Libertadores de 2017. Em 2018, volta para a Ponte e é nomeada “Revelação” do Brasileiro. Em 2019, acertou transferência para o Palmeiras, que havia feito uma parceria com Valinhos na urgência de serem banidos da Libertadores masculina por não ter um time feminino. Kerolin foi para o Madrid CF, em 2021, e lá seguiu até ir para o North Carolina Courage no ano seguinte .

Colecionou convocações para a seleção de base e, em 2018, foi chamada para a principal, para disputar amistosos. Foi convocada para a Copa do Mundo em 2023 e, dessa vez, para a sua primeira Olimpíada.

Lorena

Foto: Lívia Villas Boas/CBF

Destaque no primeiro jogo do Brasil contra a Nigéria, a goleira de 27 anos nasceu no interior de São Paulo, em Ituverava. Começou a jogar em 2011 pelo Bangu e logo seguiu para a forte base do Centro Olímpico em 2012, ficando até 2016. Em 2017, foi transferida para o Sport de Recife, ficou um ano, e depois seguiu para o Grêmio, onde destacou-se e segue até hoje.

Pela seleção, estreou muito bem em 2021 e sua vaga na Copa de 2023 já era quase certa. Entretanto, Lorena sofreu uma lesão de ruptura do LCA, o que fez com que ficasse de fora do mundial. Após 11 meses, retornou aos gramados e vive seu momento de superação na Olimpíada.

Tainá

Foto: Rafael Ribeiro/CBF

Nascida em São Paulo, a goleira de 29 anos deu seus primeiros passos no futebol na base do Centro Olímpico em 2012. Em 2016, foi para o Corinthians/Audax, parceria entre os dois times, que durou até o final de 2017. Tainá se manteve no Corinthians até o final de 2023. Esse ano, está atuando pelo América Mineiro.

Pela seleção, defendeu as categorias de base, mas sua primeira experiência na principal foi somente esse ano na SheBelieves Cup.

Tarciane

Foto: Reprodução Instagram

A jovem zagueira de 21 anos, nasceu em Belford Roxo e sua primeira experiência com o futebol foi em 2016 no projeto social Daminhas da Bola, no Rio de Janeiro. Em 2019, passou a jogar pelo Fluminense, por meio de uma parceria do clube com o projeto. Em 2021, foi para o Corinthians, clube que conquistou 10 títulos e criou grande afeto. Esse ano, o clube anunciou a transferência da jogadora para o Houston Dash. A venda foi considerada a maior do futebol feminino brasileiro e uma das maiores do mundo.

Estreou pela seleção principal, após já ter muitas experiências na base, em 2022.

Thais

Foto: O GOL

Com 28 anos, a zagueira natural de Campinas atua no UD Tenerife. Iniciou no futebol em 2016, pelo Valinhos, e logo seguiu para o Guarani, no mesmo ano. Passou pela Ponte Preta, Osasco Audax e chegou ao Palmeiras, seu último clube antes de ir para a Espanha, onde atua hoje. Sua primeira participação pela seleção principal foi em 2021. Foi convocada mais algumas vezes e agora está em seu primeiro Jogos Olímpicos.

Yasmim

Foto: Thais Magalhaes/CBF

Nascida em Governador Valadares, no interior de Minas Gerais, a jogadora de 27 anos atua como lateral ou meio campista. Começou a jogar pela AABB, na cidade mineira de Pouso Alegre. Em 2014, foi contratada pelo São José e chamou a atenção do técnico da seleção sub-20. Já em 2017, foi contratada pelo Corinthians, em 2019 saiu do país para jogar pelo Benfica. No ano seguinte, retornou ao Timão.

Pela seleção, foi convocada pela primeira vez em 2021 e tem 3 gols pela amarelinha.

Yaya

Foto: Leandro Lopes/CBF

Vitória Yaya é uma meia campista nascida em Suzano e, aos 22 anos, estreia nos Jogos Olímpicos. Integrou a base do Centro Olímpico, depois seguiu para o São Paulo, onde ficou na base da equipe por 2 anos. Foi promovida para o profissional em 2019, sendo destaque no Brasileiro A2, e garantindo sua primeira convocação para a seleção principal, aos 17 anos. Em 2023, foi para o rival Santos e, em 2024, joga por outro rival, o Corinthians.

Além delas, das 4 jogadoras chamadas para serem suplentes, 3 estão estreando em Jogos Olímpicos.

Lauren

Foto: Thais Magalhaes/CBF

Nasceu em Votorantim, no interior de São Paulo. Iniciou sua carreira no futebol treinando no Centro Olímpico, seu pai a inscreveu em uma peneira no ano de 2014. Em 2016, a zagueira disputou a Copa Moleque Travesso, um campeonato masculino, pois não havia campeonatos femininos. Seguiu para o São Paulo, onde colecionou títulos na base e chegou ao profissional. Aos 19 anos, foi para o Madrid CF e depois para o Kansas City. Em 2021, teve sua primeira convocação para a seleção principal.

Luciana

Foto: Fabio Souza/CBF

Nascida em Minas Gerais, a experiente goleira de 37 anos passou por grandes clubes brasileiros como Corinthians, Atlético Mineiro e, atualmente, defende a Ferroviária.

Foi convocada várias vezes, disputando muitos jogos pela seleção brasileira, mas somente na edição de Paris faz sua primeira participação na Olimpíada.

Priscila

Foto: Divulgação CBF

Nascida em São Gonçalo do Amarante, no RN, a atacante de 19 anos atua pelo Internacional. Representou o Brasil nas categorias de base e, em 2023, foi convocada para amistosos com a equipe principal.