Nova pesquisa detecta microplásticos em pulmões humanos
Segundo os cientistas, já é possível considerar os microplásticos onipresentes em todo o planeta
Um estudo divulgado nessa quarta-feira (6) pela Escola de Medicina Hull York, no Reino Unido, analisou 13 pacientes e detectou a presença de microplásticos em 11 deles. Os materiais com mais incidência foram o polipropileno, usado em embalagens plásticas e tubulações, e o PET (sigla para Polietileno tereftalato), usado em garrafas.
Segundo os cientistas que lideraram o estudo, já é possível considerar os microplásticos onipresentes em todo o planeta, o que torna a exposição humana inevitável, resultando em “uma preocupação crescente em relação aos perigos” dessas substâncias para a saúde. Os testes foram feitos em pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos.
Um estudo da Universidade de São Paulo realizado ano passado também já havia detectado, pela primeira vezm a presença dos microplásticos em pulmões humanos. O levantamento inédito foi publicado na revista Pesquisa Fapesp e realizado por uma equipe do Instituto de Pesquisas Tecnológicas da Universidade de São Paulo (IPT).
Os resultados identificaram 33 partículas e 4 fibras de polímeros em 13 de 20 amostras de tecido pulmonar investigadas. As partículas mediam menos de 5,5 micrômetros (μm) e as fibras entre 8,12 e 16,8 μm. Um micrômetro equivale a 0,001 milímetro (mm).
Outro estudo recente realizado por pesquisadores das universidade de Cornell e de Utah revelam que comemos entre cerca de 39 mil a 52 mil pedaços de microplásticos por ano e inalamos centenas deles. São mais de 8 milhões de toneladas de plástico que descartamos na natureza, assim como em outros ciclos biogeoquímicos como os da água, do nitrogênio e do carbono, volta para nós.
Paralelo a isso, uma outra pesquisa, pesquisadores da Universidade Rice, no Texas, afirmam que partículas de poliestireno formam um ambiente para que bactérias de alta resistência a antibióticos floresçam.
No Brasil existem algumas leis de combate a proliferação dos microplásticos. Uma delas é a lei 8090/2018, de autoria do deputado estadual Carlos Minc, do Rio de Janeiro, que proíbe fabricação, distribuição, comercialização, importação e armazenagem das microesferas plásticas e também o descarte em rios, córregos e no mar de qualquer produto cosmético, de higiene pessoal e de limpeza que contenha microesferas de plástico, ocas ou maciças. O estado foi o primeiro do país a aprovar uma medida assim.
“Gravíssimo!”, escreveu o deputado ao compartilhar a notícia sobre o estudo. “Aqui no Brasil aprovamos lei que veda microesferas plásticas em cosméticos, o terror da biodiversidade marinha. No Rio, aprovamos lei pioneira que já tirou 5 bilhões de sacolas plásticas por ano. É uma luta pela saúde e pela natureza!”.
Outros países já sancionaram leis que proíbem a fabricação de produtos contendo essas micropartículas plásticas, como Reino Unido, Canadá, Nova Zelândia, Itália, Bélgica e Suécia.