No último sábado (7), o Comitê COP30 lançou oficialmente a segunda fase da campanha “Nossa Chance para Adiar o Fim do Mundo” durante o 4º Festival Amazônia Terra Preta, em Macapá (AP). A nova etapa da iniciativa marca o início de um ciclo de mobilizações e formações nos territórios amazônicos, além da apresentação de um documento estratégico em espaços internacionais de negociação climática.

A campanha, que reúne mais de 100 organizações da sociedade civil de todas as regiões do Brasil — com forte protagonismo amazônida —, propõe soluções concretas para a crise climática a partir das realidades vividas nos territórios. Após um primeiro ciclo de escuta popular, que resultou em 39 propostas para uma nova ambição climática brasileira, a coalizão agora parte para a ação.

Do território à diplomacia climática

Com base nas propostas construídas no primeiro ciclo da campanha, será elaborado um policy brief que será apresentado na Convenção de Clima da ONU em Bonn, na Alemanha, entre os dias 16 e 26 de junho. O documento também será levado à London Climate Action Week, em julho, como parte de uma estratégia de incidência internacional. A proposta da campanha é garantir que as soluções construídas por povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e comunidades urbanas da Amazônia estejam no centro das decisões multilaterais sobre o clima.

A presença do Comitê em eventos globais marca a entrada da campanha em uma fase de diplomacia climática de base. “Queremos romper com a lógica das metas climáticas elaboradas apenas por tecnocratas. As NDCs precisam refletir a realidade dos povos que vivem e protegem os biomas”, afirma a coordenação do Comitê.

Cinco eixos e escuta ativa nos territórios

A campanha é estruturada em cinco eixos principais: Adaptação Climática, Restauração Ecológica, Sistemas Alimentares, Demarcação Territorial e Governança Climática. Para aprofundar a atuação em cada um desses temas, o Comitê realizou o mapeamento “Nossa Chance no Território”, que identificou o perfil das organizações envolvidas e os principais pontos de conexão com a crise climática.

Com base nesse diagnóstico, a campanha promoverá ativações presenciais em cidades como Belém, Macapá e Rio Branco, com ações formativas, artísticas e comunicacionais voltadas à mobilização popular e ao fortalecimento das lutas locais.

Foto: Hannah Lydia

Propostas populares para uma nova ambição climática

Entre as recomendações que integram o documento estratégico estão:

  • Incentivo à agricultura familiar e à agroecologia;
  • Políticas de demarcação de territórios indígenas e quilombolas;
  • Tributação de empresas de combustíveis fósseis;
  • Combate ao desperdício de alimentos e incentivo à soberania alimentar;
  • Criação de mecanismos de financiamento direto para comunidades.

Essas propostas constam no relatório “Nossa Chance: uma NDC ambiciosa para adiar o fim do mundo”, lançado em novembro de 2024, e orientam o policy brief que será defendido nos fóruns internacionais.

Juventudes em destaque

O lançamento ocorreu no contexto do Festival Amazônia Terra Preta, promovido pelo Instituto Mapinguari com o tema “Guardiões do clima e juventudes rumo à COP das pessoas”. O evento reuniu delegações de nove Estados da Amazônia Legal e reforçou o protagonismo das juventudes na defesa dos territórios e na construção de soluções climáticas. A programação incluiu painéis, oficinas, feira da sociobiodiversidade, mostra científica e atrações culturais.

Sobre o Comitê COP30

Fundado por organizações amazônicas, o Comitê COP30 é uma coalizão que articula mais de 100 entidades da sociedade civil brasileira com o objetivo de garantir que a COP30, a ser realizada em Belém (PA) em novembro de 2025, tenha como centro as pautas da justiça climática, da soberania dos territórios e do protagonismo dos povos.

A campanha “Nossa Chance para Adiar o Fim do Mundo” é sua principal plataforma de mobilização, combinando escuta territorial, incidência política, formação popular e diplomacia climática.