“Nós precisamos muito ser inseridas nessa esperança de democracia”, diz Maria Luiza Junior
Durante o Festival Latinidades, Maria Luiza Junior, que foi uma das homenageadas, nos conta um pouco sobre sonhos, política e significado da luta das mulheres negras
Maria Luiza Junior é fundadora do Movimento Negro Unificado no DF, e foi uma das 50 mulheres homenageadas pelo Festival Latinidades como uma das “Rosas em Vida”, que servem de referência para mulheres e meninas.
Quando falamos sobre o que o dia da Mulher Negra significa, Maria Luiza lembra que a data é uma ferramenta de empoderamento para as mulheres:
“É um empoderamento caseiro, mas é aconchegante, familiar. Caseiro porque nós formamos uma família. Nós lutamos por espaço, mas não pelo espaço pessoal, mas de todas as pessoas negras.” O marco dos 30 anos do Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha é algo que inclui todas as mulheres e luta pelo combate ao racismo, sexismo e desigualdade a que mulheres negras estão submetidas.
Maria Luiza conta que começou a militância nos anos 70, durante o AI 5 e a abertura política até a Constituinte foi um período intenso de luta do movimento negro. E por isso a importância de posicionar a força da mulher negra na política.
“Nós estamos as vésperas das eleições, o que significa a renovação do parlamento brasileiro. Cabe agora trazer as pessoas negras, principalmente as mulheres negras, ter uma representatividade do povo negro que formou o Brasil. Nós precisamos muito ser inseridas nessa esperança de democracia”
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E falando em esperança, sabemos que mulheres negras ainda tem um caminho a percorrer. Essas Rosas em Vida que foram homenageadas são algumas das inspirações que muitas de nós buscamos quando precisamos de força e horizontes. E pensando em dias melhores, Maria Luiza encerra contando que ela tem sonhos realizados:
“Meu sonho foi realizado, eu tenho filhos, eu tenho netos. São homens negros, estão vivos, estão aqui comigo, se mantiveram vivos, entendendo essa luta. Nossos sonhos foram picotados, mas com paciência nós chegamos aqui. Eu entrei no movimento negro com 20 anos, novinha. E estou viva, meus filhos e netos também. E gozando de uma vida boa”.