Norte-americanos vão às urnas hoje e resultado afeta o futuro das negociações climáticas
Se de um lado temos um negacionista apoiado por petroleiras, do outro temos uma candidata que, apesar de ter um histórico positivo na luta contra a crise climática, nada pautou sobre ela durante a campanha
As eleições presidenciais nos Estados Unidos estão sendo disputadas voto a voto entre a vice-presidente democrata Kamala Harris e o ex-presidente republicano Donald Trump. Contudo, nem Kamala nem Trump deram protagonismo à pauta climática em suas campanhas, o que demonstra que a preocupação com a crise do clima pode não ser uma prioridade em nenhum dos governos.
Mesmo assim, a diferença entre ambos os candidatos, quando se trata do assunto, é notável. Trump ainda prolifera falsas narrativas e nega que a crise climática exista, afirmando que o aumento do nível dos oceanos, uma das consequências mais catastróficas do aquecimento do planeta e que faria desaparecer cidades e estados inteiros pelo mundo, apenas criaria “mais propriedades à beira-mar”.
Do outro lado, a candidata democrata tem um histórico experiente com o assunto: em seu mandato como senadora, Kamala foi uma das primeiras patrocinadoras do Green New Deal, uma série de propostas econômicas para ajudar a combater as alterações climáticas e a desigualdade econômica nos EUA.
Como vice de Biden, Kamala deu o voto de desempate para sancionar a Inflation Reduction Act (Lei de Redução da Inflação) um pacote de incentivos fiscais para a implantação de tecnologias limpas e energia renovável.
Trump, por outro lado é crítico de fontes renováveis, sendo um ferrenho defensor de combustíveis fósseis. Entre as promessas de Trump ao Big Oil, estão o descongelamento de licenças para novas exportações de gás natural liquefeito (GNL), a retomada de leilões para novas concessões de exploração petrolífera no Golfo do México, o fim dos benefícios criados pela Lei de Redução da Inflação (IRA) para a geração renovável de energia e a indústria de carros elétricos, e novas autorizações para perfuração em áreas de proteção ambiental no Alasca.
De acordo com o jornal britânico “The Guardian”, Trump havia recebido US$14,1 milhões do setor petroleiro até o dia 31 de agosto, como forma de garantir sua vitória nas eleições de hoje.
Mesmo com tantas diferenças, o silêncio de Kamala sobre a pauta climática durante a campanha chama a atenção e preocupa, o que leva a crer que a candidata não acredita que a temática seja atraente para seus possíveis eleitores.
“Estou totalmente confiante de que quando ela estiver em posição de efetuar mudanças positivas, ela o fará”, disse o governador democrata de Washington Jay Inslee, um dos maiores advogados do tema dentro do partido.