No Twitter, Bolsonaro foi quem mais compartilhou mentiras sobre crise Yanomami
Ex-presidente de extrema direita chegou a dizer que indígenas eram canibais. O que é uma mentira!
Ex-presidente de extrema direita chegou a dizer que indígenas eram canibais. O que é uma mentira!
Uma cada quatro publicações feitas nas redes sociais sobre a crise Yanomami, de 1º de janeiro até ontem (13), era mentira. O presidente Jair Bolsonaro, no twitter, foi o que mais compartilhou mentiras ou distorções sobre o tema, que teve um alcance real de 3,6 milhões de visualizações e pouco mais de 110 mil interações, entre compartilhamentos, curtidas e comentários.
Os dados foram levantados pela Torabit, plataforma de monitoramento digital, e enviados exclusivamente para o UOL.
O Torabit analisou, durante um mês, 769.398 menções sobre o assunto da crise Yanomami no Twitter, Facebook, Instagram e blogs. Neste universo, o nome do ex-presidente de extrema direita Jair Bolsonaro foi citado em 19,2% das menções como responsável pelo descaso com os indígenas.
Uma das principais notícias falsas divulgadas a partir de dados inverídicos distribuídos por Bolsonaro foi: ‘Bolsonaro foi o presidente que mais auxiliou os indígenas’.
A informação é completamente falsa. Bolsonaro é apontado como um dos principais responsáveis pela atual crise Yanomami, e foi denunciado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil ao tribunal de Haia pelo crime de genocídio.
Atualmente, as autoridades brasileiras investigam os indícios de genocídio na TI Yanomami. Para o atual ministro dos Direitos Humanos do Brasil, Sílvio Almeida, existem elementos para apontar o envolvimento de autoridades na responsabilização do que ocorre na TI, em Roraima.
Em 2020, Bolsonaro vetou um projeto de lei, a pedido de Damares, ex-ministra de extrema direita que comandou a pasta de Direitos Humanos em sua gestão, de fornecer água potável, leitos e UTI e itens de higiene a indígenas como forma de combate à pandemia de Covid-19 nas aldeias.
Incentivo ao garimpo ilegal
Entre as várias ações de Bolsonaro para minar a tranquilidade e o bem-estar do povo Yanomami, está o incentivo ao garimpo ilegal. O principal alvo dos garimpeiros são terras sob domínio da União, e que pertencem aos indígenas.
A invasão do garimpo ilegal às terras no oeste de Roraima gerou não apenas problemas ambientais, sanitários e confrontos diretos entre garimpeiros e indígenas, mas também amplificou conflitos entre as próprias comunidades Yanomami. Questões como a cooptação de jovens indígenas pela atividade de extração do ouro, a disseminação de bebidas alcoólicas e a proliferação de armas de fogo foram responsáveis pelo aumento da violência entre comunidades.
“Os invasores contribuíram muito para crescerem mais os conflitos Yanomami. Os garimpeiros levaram muitas armas de fogo para as comunidades. Ano passado, tivemos um problema muito grande em Xitei, onde adolescentes de 12, 13 e 14 anos beberam e mataram uns aos outros, com [revólver calibre] 38. Está muito tenso porque os garimpeiros armaram muito os Yanomami”, diz Júnior Hekurari Yanomami, que preside Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana (Condisi-YY).
Segundo Júnior, entre as regiões onde a violência aldeias aumentou depois da chegada dos garimpeiros estão Tirei, Xitei e Homoxi. De acordo com ele, alguns dos invasores dão armas para os Yanomami, inclusive, para que os indígenas façam a proteção ao garimpo contra comunidades que são contra a atividade de mineração do ouro.