No Ritmo do Coração | A tradução de filmes nem sempre revela seu potencial
O nome original de “No Ritmo do Coração” é CODA e significa (Child of Dead Adults – criança com pais surdos), a tradução do título do filme nem sempre revela a essência do mesmo
Por Aline Bilches / Operação Claquete
No Ritmo do Coração ou CODA (Child Of Deaf Adults), mostra a dualidade de visão de mundo de Ruby (Emília Jones) a única ouvinte em uma família com deficiência auditiva. O filme é escrito e dirigido por Sian Heder, conhecida anteriormente por Tallulah (2016).
Confesso que a primeira vez que vi o título traduzido, “No Ritmo do Coração”, pensei que fosse um musical clichê, mas fico contente de ter ultrapassado essa barreira e ter tido a oportunidade de viver a experiência inusitada que foi assistir a este filme impressionantemente emocionante.
Ruby é uma jovem com inúmeras responsabilidades, como ajudar seu pai e irmão que são pescadores na barganha com os negociadores. Contudo a grande demanda da família impede que ela viva o seu sonho de se juntar ao coral da escola.
Ela vive em dois grandes mundos, onde em ambos ela se torna “outsider”, Ruby tem dificuldade de posicionar o seu desejo de cantar sem magoar sua família, assim como ela se sente constrangida por não se encaixar na escola!
A jovem que tem uma grande força de fazer acontecer permeia entre os dois mundos, o grande desafio de conciliar a importância que ambos têm para ela.
De um lado, ela tem uma família que precisa de ajuda nas negociações na pesca, que passa por dificuldades financeiras e sanções.
De outro, um professor rígido que a incentiva treinar para adquirir uma bolsa de estudos em uma escola renomada.
Com pressão de todos os lados para uma moça tão jovem, vemos uma menina que precisa amadurecer precocemente, o filme tem cenas de alívio onde conseguimos identificar como a mudança de perspectiva está associada à como cada um experiência a vida, o que transforma todas as relações do longa-metragem.
Uma das cenas mais emocionantes é quando o seu pai Frank (Troy Kotsur) pede que ela cante enquanto ele sente as vibrações sonoras em sua garganta, nessa cena vemos o encontro dos dois mundos.
Ou mesmo quando Ruby canta em linguagem de sinais na audição para a bolsa de estudos em uma faculdade renomada de música, de forma nada clichê, como à primeira vista acreditei que o filme conduziria, “No Ritmo do Coração” conta de maneira nada obvia, sobre aceitação e amor em um mundo repleto de cobranças e desigualdade.
“No Ritmo do Coração” está concorrendo as categorias de: Melhor Filme e Melhor Ator Coadjuvante (Troy Kotsur).
*Aline Bilches é publicitária e entusiasta de filmes e séries, ela é produtora de conteúdo e dona da página @operacaoclaquete. Escreve análise crítica sobre o tema e cria em sua página um espaço de troca sobre tudo relativo à entretenimento.
Texto produzido em cobertura colaborativa da Cine NINJA