No Brasil, 69% das pessoas vivendo com HIV já não transmitem o vírus
Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) estima que 960 mil pessoas viviam com HIV no Brasil em 2021
O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) estima que 960 mil pessoas viviam com HIV no Brasil em 2021. Destas, 88% conheciam o diagnóstico positivo para o vírus, 73% estavam em tratamento e 69% alcançaram a supressão, o que significa que estão com carga viral indetectável e não transmitem mais o vírus. O número representa 95% dos pacientes em tratamento.
As informações constam no relatório ‘Em Perigo’, produzido pelo Unaids e divulgado na quarta-feira (26). Apesar da campanha brasileira de combate ao HIV ser considerada exemplar, muitos infectados com o vírus ainda não têm acesso ao tratamento. O estigma, a discriminação e a desigualdade social dificultam que este público chegue aos serviços de saúde.
“Além de afetar o bem estar e a vida de milhões de pessoas, a continuidade dessas barreiras de desigualdade pode impedir que a meta de acabar com a pandemia de Aids como ameaça à saúde pública até 2030 seja alcançada”, ressalta Claudia Velasquez, diretora e representante do Unaids no Brasil para o portal Metrópoles.
O Brasil sempre foi considerado um exemplo na resposta ao HIV. A possibilidade de acesso às estratégias de prevenção, diagnóstico e tratamento do HIV por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), incluindo o acesso gratuito aos medicamentos antirretrovirais, é um modelo que serve de referência para muitos países.
Porém, isso não coloca Brasil imune ao perigo identificado no relatório global do Unaids. O fato de existir uma oferta pública de serviços no enfrentamento ao HIV/Aids não significa que as pessoas conseguirão acessar estes serviços. Isso acontece porque, em território brasileiro, o cenário de desigualdades, potencializadas pelo estigma e discriminação vivenciadas por pessoas com HIV, têm um grande impacto.
Comunidades mais carentes e povos marginalizados, especialmente populações em situação de maior vulnerabilidade, geralmente apresentam dificuldade em ter acesso aos serviços de tratamento do HIV.
Como exemplo, 27% das pessoas positivas para o vírus da Aids hoje em dia ainda não recebem o tratamento antirretroviral. Consequentemente, esses pacientes podem desenvolver uma alta carga viral, o que lhes deixa expostos a doenças oportunistas que podem levar ao óbito, se não iniciarem imediatamente a terapia. Além disso, uma pessoa que não está em tratamento expõe seus parceiros sexuais à infecção, por não estarem indetectáveis e, por regra, continuarem transmitindo o vírus.
Números globais
Em 2021, 75% dos infectados com o vírus no mundo não o transmitiam mais o HIV, graças à adesão e continuidade da terapia antirretroviral. São 76% dos diagnosticados adultos e 52% das crianças que vivem com HIV, até os 14 anos.
Entre as mulheres acima de 15 anos, 80% têm acesso ao tratamento. Já entre os homens, o percentual diminui: são 70%.
Nos anos de 2020 e 2021, o mundo teve menor declínio anual de novas infecções desde 2016, segundo a organização. África Ocidental, África Central e Caribe conseguiram reduzir os casos, enquanto a maior parte do mundo enfrentou aumentos no período (Europa Oriental, Ásia Central, Oriente Médio, Norte da África e América Latina).
Com informações do portal Metrópoles