No Amazonas, Rio Negro atinge seca histórica; enchentes deixam quatro mortes em SC
Fenômeno El Niño e mudanças climáticas desempenham um papel significativo nas condições atuais, aponta especialista
O Rio Negro, um dos principais afluentes do Amazonas, atingiu um recorde histórico de vazante em Manaus, marcando 13,59 centímetros, superando a seca mais extrema registrada na capital amazonense até hoje. Em 2010, o nível do rio atingiu 13,63 metros, enquanto, este ano, a marca de 13,59 metros foi alcançada na última segunda-feira, marcando um recorde histórico.
Além disso, outros rios de água preta na região metropolitana de Manaus também enfrentam situações críticas, levando à implementação de racionamento de água em algumas áreas.
Este novo recorde, atingido oito dias antes da data registrada em 2010, ressalta não apenas a magnitude, mas também a velocidade do escoamento das águas do Rio Negro.
De acordo com Francisco Edno, é previsto que o Rio Negro continue a baixar por pelo menos mais 10 dias, o que pode fazer com que o nível do rio em Manaus caia para menos de 13 metros até o final do mês.
Essa vazante histórica ocorre dois anos após o Rio Negro enfrentar sua maior cheia registrada em 2021, quando atingiu 30,02 metros na capital. A descoberta foi divulgada ao vivo pela TV A Crítica.
Situação de emergência
Quatro municípios localizados na calha do Rio Negro ainda estão em situação de emergência, afetando mais de 112 mil famílias diretamente. A seca severa também prejudica a zona rural de Manaus, onde comunidades estão parcialmente isoladas devido à baixa do Rio Negro, dificultando o transporte de água potável e alimentos.
Já no Sul, Santa Catarina enfrenta uma situação de emergência devido às chuvas intensas que afetam o estado desde o dia 3 de outubro. Com um total de 126 municípios declarando situação de emergência, a região está lidando com alagamentos, deslizamentos, granizo e outros desastres relacionados às condições climáticas.
Descontrole climático
O boletim emitido pela Defesa Civil no dia 15 de outubro confirmou quatro mortes em decorrência das chuvas. Os municípios de Palmeira, Rio do Oeste, Campo Belo do Sul e Rio do Sul lamentavelmente registraram perdas humanas. Além disso, uma pessoa ficou ferida em Timbó, no Vale do Itajaí, em decorrência das condições adversas do clima.
A situação se torna ainda mais preocupante quando observamos que um total de 18.691 pessoas foram desabrigadas em Santa Catarina, o que representa 814 famílias deslocadas de suas casas. Como resposta a essa crise, foram disponibilizados 150 abrigos em 76 municípios para atender à população desabrigada e fornecer alimentos e assistência médica, se necessário. O governo federal afirmou que liberou todas as parcelas do Bolsa Família para atingidos.
De acordo com as previsões meteorológicas, as chuvas intensas devem persistir nos próximos dias, com riscos adicionais, como rajadas de vento, raios e possíveis quedas de granizo. Esses fatores aumentam o risco de destelhamentos, quedas de árvores e falta de energia elétrica em várias áreas do estado.
No Rio Grande do Sul, durante o mês de setembro, 47 pessoas morreram devido a enchentes provocadas pela passagem do ciclone.
Mudanças climáticas
Não apenas o fenômeno El Niño influencia, mas as mudanças climáticas desempenham um papel significativo nas condições atuais. Chuvas extremas sempre ocorreram, mas as mudanças climáticas podem afetar o regime de precipitação e a frequência de eventos, causando inundações súbitas e secas.
“Há diversos indicadores-chave das mudanças climáticas como o aumento da temperatura média global, a elevação do nível do mar, o derretimento das calotas polares e glaciais e o aumento na frequência de eventos extremos como furacões, ondas de calor, incêndios florestais, secas, inundações, entre outros”, afirma a professora Aline Procópio, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em entrevista ao jornal do campus.
Portanto, a identificação das vulnerabilidades locais é fundamental para a adaptação a essas situações, uma vez que, no futuro, podem surgir crises hídricas ligadas ao abastecimento urbano, crises energéticas, doenças transmitidas pela água, entre outros desafios.
Ela aponta que o desafio atual não se resume apenas a compreender os fenômenos climáticos, mas sim a reduzir a disparidade entre as informações climáticas disponíveis e sua aplicação por parte dos tomadores de decisão.
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