O carismático Cobra Kai brasileiro que voou nas pistas de Tóquio e cravou 12s05 na história paralímpica dos 100m rasos pelo país

Foto de Vinicius, em uma pista de atletismo, durante uma corrida. Ele está com a regata do Brasil e ao lado dele corre outro atleta com o nome Wagner escrito em sua identificação.

Foto: Wander Roberto/CPB

Por Danilo Lysei 

Quem se surpreendeu com o atleta paralímpico Vinícius Rodrigues, 26 anos, no pódio do atletismo na manhã desta segunda-feira (30), é porque realmente não conhece de onde vem suas fortes inspirações e seu potencial. Participando pela 1ª vez de uma edição de Jogos Paralímpicos, o brasileiro acaba de conquistar a medalha de prata em Tóquio 2020, inédita na prova paralímpica classe T63 para o Brasil, e cravar o seu nome na história.


Longe de sentir qualquer intimidação pelos adversários da categoria, Vinícius correu forte todo o percurso e só ficou atrás do russo Anton Prokhorov por um centésimo de segundo (12s04). Para não haver sombra de dúvida no momento da quase ultrapassagem, a prova teve sua definição pelo photo finish – recurso utilizado pela organização para captar o exata cabeça a frente, na linha de chegada.

Favorito ao título, o maringaense já havia feito um tempo excepcional em sua bateria nas eliminatórias do último sábado (28) – o de 12s11 e ex-recorde paralímpico da categoria. Sobre os poucos espectadores presentes, apresentou uma prova angustiante no estádio japonês Kokuritsu Kyōgijō. Na ocasião, mesmo com uma saída de baixa impulsão, o atleta recuperou ao longo da pista e avançou na primeira colocação, vitória essa que trouxe expectativa para a chance de medalha.

“Todos vieram muito agressivos na final. Isso já tinha ocorrido nas eliminatórias. Foi uma experiência incrível no Japão que me deixou com o gostinho do ouro na boca e vou atrás dele em 2024”, destaca o vice-campeão após a conquista desta edição.

 

View this post on Instagram

 

A post shared by NINJA E.C (@ninjaesporteclube)


Inspiração da fonte

Entre as tantas motivações que abastecem Vinícius, uma delas tem nome e sobrenome na história paralímpica e papel fundamental na vida do garoto paranaense: Terezinha Guilhermina. Isso porque foi a veterana paralímpica, com 8 medalhas em edições (3 ouros, 2 pratas e 3 bronzes), quem incentivou o brasileiro a conhecer o atletismo.

Aos 19 anos, em 2014, Vinícius Rodrigues esteve em um acidente de moto que amputou a sua perna. No hospital, a ex-atleta e veterana das provas das pistas, plantando a sementinha do esporte, o presenteou com um moletom usado em Pequim 2008 e um livro do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), apresentando as modalidades.

Não bastasse a afinidade aumentada a cada dia entre ambos, Vinícius passou a considerar a ideia de treinar e sair do hospital para começar a correr nas pistas de atletismo. A velocista Guilhermina, inclusive, foi responsável também por ser ponte com outra lenda das provas de corrida, o alemão Heinrich Popow que competia na mesma categoria do brasileiro e conseguiu as próteses da Ottobock para o Vinícius, hoje patrocinadora do atleta.

Vinícius também se inspira no legado automobilístico de Ayrton Senna: a prótese da perna esquerda leva as cores do capacete do ídolo. “Mesmo em um ano atípico, todo mundo precisou se adaptar. Não vou dizer que estou pleno, mas estou feliz com uma medalha. Eu me inspirei no Ayrton Senna”, disse o paratleta em entrevista concedida ao Globo Esporte.

Cobra Kai brasileiro

Presente nas redes sociais igual ao carisma da vida real, o medalhista paralímpico passou a ser conhecido como “Cobra Kai” brasileiro após frequentemente fazer referência às poses e aos aprendizados frente às adversidades, do personagem americano. Como ele mesmo diz: “na vida temos que aprender a lidar com momentos ruins e virar o jogo”


Isso porque, mesmo não se classificando para o Rio 2016, o jovem do interior do Paraná evoluiu até alcançar o bronze nos 100m no Mundial de Dubai 2019. “Lógico que toda visualização que a gente faz é com a douradinha. São as minhas primeiras Paralimpíadas. Paris está logo ali, ano que vem tem Mundial também. O ouro virou prata. Mas, se for de grão em grão, a próxima vai ser ouro”, encerra o GE.

Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube.

 

Conheça outros colunistas e suas opiniões!

Colunista NINJA

Memória, verdade e justiça

FODA

Qual a relação entre a expressão de gênero e a violência no Carnaval?

Márcio Santilli

Guerras e polarização política bloqueiam avanços na conferência do clima

Colunista NINJA

Vitória de Milei: é preciso compor uma nova canção

Márcio Santilli

Ponto de não retorno

Andréia de Jesus

PEC das drogas aprofunda racismo e violência contra juventude negra

Márcio Santilli

Através do Equador

XEPA

Cozinhar ou não cozinhar: eis a questão?!

Mônica Francisco

O Caso Marielle Franco caminha para revelar à sociedade a face do Estado Miliciano

Colunista NINJA

A ‘água boa’ da qual Mato Grosso e Brasil dependem

Márcio Santilli

Mineradora estrangeira força a barra com o povo indígena Mura

Jade Beatriz

Combater o Cyberbullyng: esforços coletivos

Casa NINJA Amazônia

O Fogo e a Raiz: Mulheres indígenas na linha de frente do resgate das culturas ancestrais

Rede Justiça Criminal

O impacto da nova Lei das saidinhas na vida das mulheres, famílias e comunidades

Movimento Sem Terra

Jornada de Lutas em Defesa da Reforma Agrária do MST levanta coro: “Ocupar, para o Brasil Alimentar!”