Recorde mundial foi batido depois de 25 anos por atleta venezuelana

Foto: Reuters

Por Monique Vasconcelos para a cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube

Quem diria que aquela menina que passou dificuldades com a família em uma comunidade em Pozuelos, na Venezuela, iria deixar seu nome marcado na história de seu país e do mundo? Desafiando as estatísticas, Yulimar Rojas se tornou uma atleta de sucesso, sendo seus últimos feitos neste domingo (01) conquistando o primeiro ouro de uma mulher venezuelana, a quebra do recorde olímpico (que já era dela) e do mundial do salto triplo, que durava 25 anos. A atleta conseguiu alçar 15.67m, 17cm melhor do que a marca anterior da ucraniana Inessa Kravets em Goteburgo, na Áustria, em 1995, por coincidência ano de nascimento de Yulimar. O desempenho extraordinário de Rojas não foi comemorado apenas pelos venezuelanos e os espanhóis torcedores do Barcelona, clube que ela defende. Vibraram também todos que admiram a modalidade, inclusive, por incrível que pareça, suas concorrentes.

Com seus 1.92cm, Rojas começou no esporte jogando voleibol e migrou para o atletismo na adolescência, onde foi praticar salto em altura. Estreou ficando em quarto lugar na sua primeira competição internacional adulta, o Pan de Toronto 2015, a seguir competiu a na Rio 2016, conquistando a medalha de prata. Depois disso, foi campeã mundial em Londres 2017, conquistando a primeira medalha de ouro da Venezuela na história do Campeonato Mundial de Atletismo. A atleta também é a atual bicampeã mundial do salto triplo em pista coberta, com as medalhas de ouro conquistadas em Portland 2016 e Birmingham 2018.


Yulimar é treinada pelo cubano Iván Pedroso, campeão olímpico do salto em distância em Sydney-2000, e atualmente a atleta é o maior nome do esporte olímpico da Venezuela e de sua categoria. Rojas foi eleita pela World Athletics (a federação internacional de atletismo) a melhor atleta do mundo, em todas as provas, sendo apenas a segunda competidora sul-americana, entre homens e mulheres, a receber a honraria – a primeira foi a colombiana Caterine Ibargüen, justamente quem a derrotou no Rio.

A liberdade em suas diferentes formas

A venezuelana é uma defensora ferrenha das liberdades de expressão, opinião e inclinação. Mesmo morando na Espanha atualmente, Rojas não perde os laços com a terra natal e, em entrevista ao Globo Esporte, lamentou que a Venezuela, do governo de Nicolás Maduro, mantenha uma política de isolamento que tem prejudicado a população e as liberdades individuais.

– É momento de alçar a voz e ser o que é, viver livre. Nascemos e estamos em um mundo de amor. Nascemos para desfrutar a vida. Em meu país estamos lutando com isso, contra a opressão, mas pouco a pouco acho que as pessoas poderão alçar suas vozes – observou.

Outro ponto abordado por Yulimar foi a liberdade de amar. A atleta é homossexual e tem orgulho de pertencer à comunidade LGBTQIA+.

– Nós estamos em uma sociedade que nos oprime pelo que pensamos, pelo que sentimos. Sempre quis deixar uma mensagem de que todos somos iguais e de que não podemos classificar uma pessoa. Esperamos que, por meio de entidades e pessoas que lutam a cada dia lutam contra isso, entre as quais me incluo, possamos proporcionar uma mudança na forma de pensar. E que não haja essa maldade de querer que todos sejam da mesma forma – disse em entrevista ao GE.

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